Publicidade
Publicidade

Notícias / Geral 175 pessoas transexuais foram mortas no Brasil em 2020

sexta-feira, 29 janeiro de 2021.

Todas as vítimas eram mulheres trans/travestis. Por falta de dados oficiais, casos foram contabilizados a partir de reportagens e relatos de organizações LGBTQIA+.

O Brasil teve 175 assassinatos de pessoas transexuais em 2020, segundo relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), o que equivaleria a uma morte a cada 2 dias.

Todas as vítimas eram mulheres trans/travestis e este foi o recorde para o gênero desde que a organização começou a divulgar o dossiê, em 2018, sempre em 29 de janeiro, que é o Dia Nacional da Visibilidade Trans.

Em sua maioria, as vítimas eram negras, pobres e trabalhavam como prostitutas nas ruas.

O Brasil mantém a posição de país que mais mata transexuais no mundo, atrás de México e Estados Unidos, segundo a ONG Transgender Europe (TGEU), que monitora 71 países. O relatório da Antra segue a metodologia dessa organização europeia.

Os casos são contabilizados a partir de reportagens e relatos de organizações LGBTQIA+. A associação denuncia que não existem dados oficiais e, por isso, entende que o número de assassinatos pode ser ainda maior.

A Antra também afirma que não há vontade do poder público de realizar o levantamento, o que leva à subnotificação desses crimes. “Não querer levantar esses dados é uma face da LGBTIfobia institucional”, diz o relatório.

A subnotificação também acontece porque, segundo a organização, faltam campos para anotação de orientação sexual e/ou identidade de gênero nos formulários de atendimento nas áreas de segurança e de saúde, ou seu correto preenchimento.

Além disso, pessoas trans não se sentem à vontade para denunciar a violência que testemunham e, quando o fazem, não recebem tratamento adequado, diz o dossiê.

Outros pontos do dossiê. Não foram reportados assassinatos de homens trans em 2020. Além das vítimas que tinham entre 15 e 29 anos (56%), outras 28,4% tinham entre 30 e 39 anos; 7,3%, entre 40 e 49 anos, e 8,3%, entre 50 e 59 anos. Não foram encontrados casos de pessoas com mais de 60 anos. Não foi possível saber a idade de 66 vítimas.
Pelo menos 8 vítimas se encontravam em situação de rua.

Em 47% dos crimes, golpes e/ou tiros atingiram principalmente partes específicas do corpo como rosto/cabeça, seios e genital.
Em 24% os meios foram espancamento, apedrejamento, asfixia e/ou estrangulamento – as mortes por esses tipos de violência cresceram.

Em 8% foram usados outros meios, como pauladas, degolamento e fogo. Em 16% dos assassinatos foi usado mais de um método de violência. Em 24 casos, o meio utilizado para cometer o crime não foi informado.

Em quase metade dos crimes não havia informações sobre o suspeito. Dos 38 suspeitos foram identificados, a idade variava entre 16 e 60 anos; 46,5% eram homens, 4,5% mulheres (cis e trans).
São Paulo e Ceará lideram.

Em 2020, houve aumento de casos em 11 estados, na comparação com 2019, de acordo com a Antra. A maior parte dos crimes foi reportada nas regiões Nordeste e Sudeste. São Paulo segue na liderança dos assassinatos de pessoas trans, com 29 casos em 2020, um aumento de 38% em relação a 2019, o segundo consecutivo no dossiê.

O Ceará também se manteve na segunda posição, com 22 mortes, o dobro do ano anterior. Foram reportados assassinatos em 3 localidades onde não houve relatos em 2019: no Acre, em Santa Catarina e no Distrito Federal. O único estado sem registros no ano foi o Amapá, que também não teve relatos no ano anterior.

“Ela não tinha maldade com nada. Foi para São Paulo para realizar os sonhos dela, para dar uma vida melhor pra mãe dela”, disse Lucas Magalhães, cunhado da cearense Karina Silva, 22 anos, morta a facadas em parque de São Paulo, em fevereiro

Violência na pandemia. A associação entende que a pandemia contribuiu para o aumento da violência de duas formas. Primeiro porque as transexuais que vivem da prostituição (90%, segundo a Antra) tiveram que continuar trabalhando nas ruas.

“Nossas pesquisas estimam que cerca de 70% da população de travestis e mulheres transexuais não conseguiu acesso às políticas emergenciais do Estado, devido à precarização histórica de suas vidas, chegando a ter perda significativa em suas rendas”, diz o relatório.

 

E quem fez o isolamento social se viu exposta à violência doméstica, “muito em função de essas pessoas terem que ficar em quarentena junto de seus algozes e de alguns familiares que optam por serem intolerantes”, complementa a Antra.

A publicação é coordenada por Bruna Benevides, secretária de articulação política da Antra, e Sayonara Nogueira, vice-presidente do Instituto Brasileiro Trans de Educação (IBTE). Ambas mulheres trans.

Para elas, a falta de dados oficiais reforça que os estados “não estão interessados em enfrentar o problema da LGBTIfobia, seja ela institucional ou não”. Havia a expectativa de que isso mudasse com a criminalização da homofobia e da transfobia pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2019.

Fonte: G1

Publicidade
domsegterquaquisexsáb
     12
17181920212223
24252627282930
       
2930     
       
28293031   
       
282930    
       
     12
31      
    123
2526272829  
       
28293031   
       
     12
31      
   1234
2627282930  
       
293031    
       
     12
       
      1
3031     
      1
30      
   1234
262728    
       
  12345
2728     
       
28      
       
      1
       
     12
2425262728  
       
      1
3031     
     12
24252627282930
       
  12345
2728293031  
       
2930     
       
    123
25262728293031
       
    123
18192021222324
25262728   
       
 123456
78910111213
21222324252627
28293031   
       
     12
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31      
   1234
567891011
12131415161718
19202122232425
2627282930  
       
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
293031    
       
     12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
       
  12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031  
       
      1
9101112131415
23242526272829
3031     
    123
252627282930 
       
 123456
14151617181920
21222324252627
28293031   
       
      1
9101112131415
16171819202122
23242526272829
30      
   1234
567891011
       
   1234
12131415161718
19202122232425
262728    
       
293031    
       
    123
11121314151617
       
  12345
13141516171819
27282930   
       
      1
23242526272829
3031     
    123
18192021222324
252627282930 
       
28293031   
       
   1234
567891011
       
     12
3456789
17181920212223