Nesta quinta-feira as equipes do Samu não tinham para onde levar pacientes com Covid por falta de leitos, de equipamentos e de profissionais
A situação de colapso na saúde de Umuarama, e da Macrorregião Noroeste, começou. Na manhã desta quinta-feira (18) as equipes do Samu não tinham para onde levar pacientes com Covid por falta de leitos, de equipamentos e de profissionais.
OBemdito conversou com o coordenador médico do Samu Noroeste, Dr. Alain Barros Corrêa. Ele confirmou a situação e disse que os gestores do setor de saúde estão se desdobrando para arrumar leitos. “Só que chegou a um ponto onde não tem para onde correr”, afirmou.
Nesta quinta-feira havia 160 pacientes aguardando leitos na Macrorregional, dos quais, 100 eram para leitos de enfermaria e 60 de UTI (unidade de terapia intensiva). “A tenda (ambulatório de síndromes gripais) não tem oxigênio. Antes o paciente que era entubado no Pronto Atendimento já era realocado para um hospital rapidamente pela central de regulação. Hoje não tem vaga”, disse.
Alain acrescentou que os profissionais de saúde estão esgotados, tanto pela sobrecarga de trabalho quanto pela pressão absurda que estão sofrendo. O coordenador médico acrescenta que para atuar na UTI é necessário ter especialização neste setor, onde constantemente pacientes com Covid são intubados ou precisam de outros procedimentos mais avançados, que nem todos os profissionais da área tem habilitação para fazer.
Atuação do Samu. Dr. Alain está temeroso com relação também ao trabalho do Samu. Ele acredita que se não houver uma conscientização da população e consequente queda no número de casos, em alguns dias as ambulâncias do Samu terão que ficar paradas em fila, em frente aos hospitais, com pacientes dentro aguardando vaga.
“Dentro da ambulância tem algumas horas de oxigênio. Teríamos que parar todos os demais atendimentos para ficar em frente aos hospitais aguardando alguma alta de paciente ou falecimento para liberar vaga. Ou ainda, este paciente fica na ambulância até acabar o oxigênio e não tem muito o que fazer depois disso”.
Enquanto conversava com OBemdito, o coordenador foi informado da transferência de uma paciente para Pérola. Ele disse que a mulher estava em uma unidade básica de saúde de Umuarama e precisava ser internada. Por falta de leito em Umuarama, foi feito contato com a Secretaria de Saúde de Pérola para que ela fosse transferida para o hospital municipal de lá. Neste caso, informou Alain, a paciente não está em estado considerado grave, mas precisa de oxigênio.
O gestor também disse que nesta semana o Samu emprestou um ventilador (para respiração) ao Pronto Atendimento Municipal. “Com este equipamento conseguimos intercalar dois ou três pacientes que estão precisando do
Reunião. Segundo Alain, nesta tarde os gestores da saúde de Umuarama e região se reúnem. A intenção é definir se os hospitais de municípios menores irão receber pacientes menos graves (como o caso citado acima).
“Estamos em uma situação limítrofe para passar por uma tragédia. Não por falta de esforço dos gestores”, afirmou. Ele disse que nesta semana passou pelo centro da Capital da Amizade e achou inacreditável ver pessoas no lago, rodas de narguilé, sentadas na caçamba de veículos ingerindo bebidas, “como se nada estivesse acontecendo”.
“Não tem mais leito. O que era possível fazer para abrir leitos, foi feito. O comércio, a economia, têm oportunidade de se reconstruir. Um paciente grave pode ser uma vida que se perde. Um pai de família que se perde, é uma família que fica desestrutura”, finalizou. (O Bendito)