Maio Amarelo entra em sua sexta edição no Paraná
Não fazer para o outro aquilo que você não gostaria que fizesse a você. É com base nesse conceito de empatia que a “Campanha Maio Amarelo 2021” aborda o respeito e a responsabilidade de cada cidadão para um trânsito mais seguro. Depois de dez anos de mobilização mundial e em sua oitava edição no Brasil, as ações de educação no trânsito já têm impactos positivos nas estatísticas. Em 2019, último dado disponibilizado pelo Ministério da Saúde, foi registrado o menor índice de mortes no trânsito no país desde 2001. Ainda assim, 31.945 pessoas perderam a vida em decorrência de acidentes. No Paraná, os números também seguem a mesma tendência de queda, mas podem ser reduzidos ainda mais.
De acordo com o Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito do Ministério da Infraestrutura, o Paraná registrou uma queda de aproximadamente 34% no número de acidentes, com 59.897 registros em 2020 contra 91.091 ocorrências em 2019. O número de vítimas não fatais caiu 37%, de 137.321 em 2019 para 86.280 no ano passado. Já o registro de mortes caiu 9,1%, de 688 em 2019 para 625 em 2020.
Para o diretor vice-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, Mauro Gil Meger, os índices refletem uma mudança de comportamento de todos os envolvidos no trânsito. “Nós estamos no oitavo ano do Maio Amarelo e a gente considera que essas ações educativas ajudam a mudar a compreensão das pessoas para que evitem correr risco. É fundamental que a gente continue com as campanhas para que tenhamos uma redução ainda maior. O Maio Amarelo foi o principal vetor para que as mudanças pudessem acontecer de forma positiva, por que antes não se discutia o trânsito e com o Maio Amarelo temos todos engajados nesse tema. Também precisamos considerar a pandemia, que gerou uma redução geral na circulação. Com menos pessoas e carros nas ruas, os acidentes com moto aumentam, pois os entregadores e motociclistas estão muito mais no trânsito”.
No Paraná, a “Campanha Maio Amarelo” foi oficialmente instituída pela Lei estadual nº 18.624, de 20 de novembro de 2015, de autoria do deputado Hussein Bakri (PSD), que comemora o engajamento dos mais diferentes setores da sociedade no movimento. “Tudo que nós pudermos fazer em termos de conscientização, nós colhemos o resultado no futuro. Quando nós propusemos discutir e debater com os demais deputados a conscientização pelo Maio Amarelo, eu, sinceramente, não esperava que nós tivéssemos uma adesão tão grande no Paraná pelas prefeituras e nas escolas também. Nosso objetivo é ensinar as crianças para que elas cresçam tendo a noção exata da importância dos cuidados básicos no trânsito”. Bakri alerta que em muitos casos é a falta de cuidado com itens básicos que geram tragédias. “A gente fica tão triste em ver um acidente que por um descuido básico morreu uma criança que não estava na cadeirinha, por exemplo, ou que a pessoa não estava usando o cinto de segurança. Isso é o básico no trânsito”.
Nova década. Na busca por uma redução ainda maior de acidentes e vítimas, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) renovaram o compromisso de reduzir pela metade as mortes e os ferimentos no trânsito até 2030. Atualmente, os acidentes de trânsito são a principal causa da morte de pessoas com idade entre cinco e 29 anos e se nada for feito devem ocorrer até 500 milhões de mortes e lesões no trânsito em todo o mundo.
Uma das apostas para atingir esse objetivo é o uso do conceito Visão Zero, criado na Suécia em 1997, no desenvolvimento de um sistema de mobilidade seguro e eficiente. A proposta prioriza a vida humana e considera inaceitável a morte prematura em decorrência de acidente de trânsito. É da união da educação com a engenharia que pode nascer uma nova forma de pensar e viver a mobilidade urbana. “Isso é uma tendência mundial para a redução de acidentes fatais. Os governos podem trabalhar questões de engenharia e somando as campanhas de conscientização que fazem com que a gente consiga reduzir as mortes”, afirma Mauro, que dá um exemplo prático de como o conceito é aplicado. “Em Nova York tinha uma esquina campeã de acidentes. Foi feita uma análise e os técnicos concluíram que aumentando o raio da esquina, o motorista teria que reduzir a velocidade do veículo, diminuindo as chances de acidente com morte. E eles conseguiram reduzir. O mesmo podemos observar nas ruas de Curitiba que passaram a adotar um limite de velocidade menor, de 50 km/h”.
A campanha – O Maio Amarelo surgiu de uma iniciativa da ONU e da OMS que definiram o período de 2011 a 2020 como a Década de Ação para Segurança no Trânsito. Desde então, maio tornou-se referência mundial para a realização de ações de conscientização de trânsito e o amarelo passou a ser utilizado pela simbologia da atenção, pois sinaliza advertência no trânsito. O objetivo é colocar em pauta para a sociedade o tema trânsito com o intuito de conscientização para redução de acidentes de trânsito.
Um estudo da OMS de 2009 apontou que os acidentes de trânsito eram a nona principal causa de morte no mundo. A estimativa era de que 1,3 milhão de pessoas perderam a vida em acidentes em 178 países. Outras 50 milhões sobreviveram com sequelas. Em 2020, o número de pessoas que perdem a vida a cada ano no mundo saltou para 1,35 milhão.
A Segunda Década de Ação para Segurança no Trânsito entre 2021 e 2030 tem como meta a melhoria da segurança viária, a redução dos casos de excesso de velocidade, o uso de equipamentos de segurança obrigatórios, a conscientização sobre o uso de bebidas alcoólicas e de celular ao volante.