O dólar opera em alta nesta quinta-feira, 8, engatando seu oitavo dia consecutivo de ganhos e flertando com o patamar de R$ 5,30 em meio à cautela no exterior e ao clima político doméstico cada vez mais tenso. No exterior, atenções seguem voltadas aos efeitos da variante Delta do coronavírus nas curvas de contágio por Covid-19.
Às 10h44, a moeda norte-americana subia 0,77%, vendida a R$ 5,2795. Veja mais cotações. Na máxima da sessão, chegou a R$ 5,2945.
A bolsa de valores opera em queda forte, em torno dos 125 mil pontos.
No dia anterior, a moeda norte-americana subiu 0,59%, a R$ 5,2393. Com o resultado, o dólar passou a acumular alta de 1% frente ao real. No mês, já subiu 5,36%.
Neste pregão, o Banco Central fará leilão de swap tradicional para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em janeiro e maio de 2022.
Cenário
O Federal Reserve (BC dos EUA) divulgou na véspera a ata de sua última reunião de política monetária, na qual evitou sinalizar mais claramente quando poderá começar a debater corte de estímulos adotados durante o começo da pandemia – e que ajudaram a sustentar os mercados desde então.
Não bastasse, o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego aumentou inesperadamente na semana passada, indicação de que a recuperação do mercado de trabalho após a pandemia de Covid-19 continua instável.
Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 2 mil para um número com ajuste sazonal de 373 mil na semana encerrada em 3 de julho, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta. Economistas consultados pela Reuters previam 350 mil novos pedidos para a última semana.
“Achamos que o real está longe do patamar que vemos como ideal”, disse Tulio Portella, diretor comercial da B&T Corretora de Câmbio, que vê taxa de R$ 4,50 por dólar ao fim do ano.
Segundo Portella, o rali do dólar nas últimas semanas teve componente mais forte da escalada de tensões políticas. “Houve uma certa perda de credibilidade do governo com o mercado, e com isso as reformas ficam mais facilmente contestáveis”, afirmou, lembrando ainda a má reação de agentes financeiros ao texto da segunda etapa da reforma tributária –que previu, entre outros pontos, tributação de 20% sobre lucros e dividendos..
Abdalla, da Rio Bravo, também citou uma fragilização do governo e seus impactos sobre o dólar, mas ainda vê a moeda em patamar mais baixo, de R$ 5,10, ao fim do ano, quando a economia deverá operar com maior capacidade.
Na cena doméstica, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números da inflação oficial do país em junho. Puxada pela alta da energia elétrica, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,53% em junho, após ter registrado taxa de 0,83% em maio.
Permanecem ainda no radar dos investidores os desdobramentos dos trabalhos da CPI da Covid, fonte de mais ruídos políticos recentemente. Na quarta, o ex-servidor do Ministério da Saúde Roberto Dias foi preso pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), acusado de mentir sobre as denúncias de superfaturamento e pedidos de propina.
A tensão política escalou com reação do Ministério da Defesa, em uma nota crítica a Aziz. O presidente da comissão afirmou que fazia “muitos anos” que o Brasil não via “membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”.
As Forças Armadas disseram que Aziz foi “leviano” e “irresponsável” ao dizer que há militares envolvidos em “falcatrua” no governo. O documento é assinado pelo ministro Braga Netto e pelos comandantes das Forças Armadas.
Após a divulgação da nota, Omar Aziz disse no plenário do Senado que a fala foi “pontual” e que as Forças Armadas não devem intimidá-lo. “Minha fala hoje foi pontual, não foi generalizada. E vou reafirmar o que eu disse lá na CPI. Pode fazer 50 notas contra mim, só não me intimida”, afirmou.