A promotora de Justiça de Maringá, Juliana Stofela da Costa, que participou da Operação “Força e Honra”, que culminou com a prisão do vereador de Campo Mourão, Sidney Ronaldo Ribeiro (PSD), mais conhecido como “Tucano”, afirmou em coletiva de imprensa, que as empresas do vereador eram utilizadas para a venda de mercadorias desviadas por policiais rodoviários presos na ação.
“O vereador preso tem empresas que eram utilizadas para a venda dos equipamentos eletrônicos desviados destas apreensões que eram feitas pelos policiais rodoviários. Os produtos eram vendidos e o dinheiro dividido entre os membros da organização criminosa”, afirmou
Na operação, o comandante do posto da PRE também foi preso. De acordo com as investigações, ele recebia valores mensais de propina para manter as mesmas equipes que atuavam mais efetivamente no desvio das mercadorias. Ainda segundo a Promotora de Justiça, os compristas faziam o pagamento de propina a estas equipes mesmo sem necessidade de abordagem. “De antemão já paravam no posto antes mesmo de comprarem as mercadorias para o pagamento de propina porque os policiais já sabiam”, falou.
O comandante geral da Polícia Militar do Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira, também falou à imprensa sobre a operação. Ele disse que nos 11 meses de investigação, foram interceptadas ligações telefônicas autorizadas pela Justiça que comprovam a existência de um esquema criminoso. “Apuramos que realmente havia um esquema de pagamento de propina para facilitação de escoamento de contrabando pelas rodovias do Estado nesta região. Os policiais recebiam para
permitir ou fazer vista grossa a este tipo de crime. Com a desarticulação desta organização criminosa pretendemos mudar a realidade atual da região”, falou.
Vereador pelo segundo mandato, “Tucano” é também empresário no ramo de celulares. Ainda hoje, a defesa terá uma audiência de custódia. O objetivo é que Sidney saia em liberdade. Os policiais fizeram buscas no gabinete do vereador, na Câmara Municipal de Campo Mourão. O departamento jurídico do legislativo informou que enviará nota a respeito do caso.
Força e Honra:
A Operação “Força e Honra”, foi desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná em conjunto com a Polícia Militar. Além de Tucano, as prisões tiveram como alvo 15 policiais rodoviários. A ação cumpriu também 54 mandados de busca e apreensão e 27 medidas cautelares de suspensão do exercício da função.
Os mandados de busca e apreensão envolveram residências de 36 militares, quatro estabelecimentos de policiamento rodoviário estadual (uma Companhia em Maringá e os Postos Rodoviários de Iporã, Cruzeiro do Oeste e Cianorte), seis residências de empresários e oito empresas.
A ação foi realizada nos municípios de Maringá, Cruzeiro do Oeste, Umuarama, Goioerê, Campo Mourão, Paranavaí, Maria Helena, Doutor Camargo, Mandaguari, Tamboara, Nova Esperança, Uniflor, Jussara, Mandaguaçu, Marialva, Guaíra, Cianorte e Iporã. As investigações, feitas pela Corregedoria da Polícia Militar em conjunto com o núcleo de Umuarama do Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria) e o núcleo do Gaeco em Cascavel, foram iniciadas em agosto de 2020 e apuram os crimes de concussão, corrupção passiva, peculato, prevaricação, falsidade ideológica,
lavagem de ativos e eventual receptação realizados por organização criminosa. Levantamento preliminar demonstrou incompatibilidade do patrimônio dos policiais – que chega a R$ 6 milhões – com seus rendimentos lícitos.
Matéria: Tribuna do Interior por Walter Pereira