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A história de Leocledes Gossler, conhecido como Tico, e Giovana Karina Gregolon é cheia de reviravoltas. O casal por algum tempo tentou viver na cidade. Giovana era professora de Matemática e Tico trabalhava como frentista num posto de gasolina no município. Mas sem grandes perspectivas eles resolveram se mudar para a área rural de Chopinzinho, no Sudoeste do Estado, e apostar no cultivo de frutas. Depois de algumas safras frustradas os dois estavam prontos para desistir dos seus planos. Foi então que descobriram uma vocação que redirecionou suas vidas: a agroindústria.
Hoje Giovana e Tico têm uma marca própria, a LG Alimentos, que estampa embalagens de bolachas, cucas e queijos coloniais. A produção é vendida em feiras, panificadoras e para o programa Merenda Escolar do município e do Estado. Com esforço e assistência técnica o casal atingiu um equilíbrio financeiro e faz planos para ampliar os negócios no futuro.
Giovana conta que em 2013 o marido resolveu investir na produção de morangos. Porém, um temporal causou sérios prejuízos e eles passaram a plantar melão e melancia. “Nós insistimos em plantar melão por dois anos porque meu pai fazia isso e eu me criei plantando melão”, lembra Giovana. Mas a frustração de duas safras seguidas trouxe uma grande crise financeira.
Márcia de Andrade, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná) de Chopinzinho, lembra que o casal chegou ao escritório para saber o que podia fazer depois de tantas iniciativas sem sucesso. A extensionista passou a investigar qual seria a vocação de Tico e Giovana e durante uma conversa a produtora contou que fazia algumas bolachas e pães para vender. Márcia experimentou os produtos, percebeu a qualidade e a partir daí os incentivou a investir na agroindústria, já que a propriedade tinha uma área pequena, de 1,7 alqueire.
O casal tinha algumas vacas Jersey que produziam leite para entrega no laticínio do município e também para a fabricação de um pouco de queijo. Em 2013 eles se associaram à Associação de Mulheres Rurais de Chopinzinho (AMR) e começaram a vender seus produtos na feira vinculada à entidade. Em seguida, passaram a entregar a produção para o programa Merenda Escolar.
Para garantir a qualidade dos produtos, Márcia orientou a capacitação do casal, que fez um curso sobre queijos, graças a uma parceria entre a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a Cooperativa de Crédito Rural Solidário (Cresol), Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento e IDR-Paraná.
Isso mudou o rumo da propriedade e logo Giovana e Tico passaram a integrar a Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná (Aprosud).
Atualmente eles mantêm 12 vacas em lactação que produzem, em média, 200 litros de leite por dia. Uma parte é transformada em queijo colonial, 350 quilos por mês, e a outra é destinada ao laticínio do município. Na propriedade são fabricados 200 quilos de bolachas, pães e cucas mensalmente.
INSTALAÇÕES – Toda essa produção precisava de um espaço adequado, e eles recorreram a um financiamento na Cresol para construir instalações separadas para o queijo e panificados. A estrutura soma 48 metros quadrados e conta com fornos, assadeiras, pia e mesas em inox, câmara fria e sala de cura.
“Antes eu fazia tudo dentro de casa, mas precisava de uma estrutura melhor para preparar o queijo separado das bolachas. Agora, a luta é legalizar a agroindústria e conseguir o SIM (Serviço de Inspeção Municipal). Queremos transformar todo o leite da propriedade em queijo porque ainda entregamos uma parte para o laticínio”, observa Giovana.
Para construir as agroindústrias, o casal recorreu a um financiamento de R$ 37 mil na Cresol. Giovana acrescentou que eles construíram, ainda, uma sala de ordenha, uma exigência para a regularização da agroindústria do queijo, desta vez com o recursos próprios.
O casal comemora o sucesso da LG Alimentos, que gera uma renda bruta de aproximadamente R$ 10 mil por mês. “Nós tivemos um grande apoio do IDR-Paraná. A Márcia deu uma grande força para a gente continuar”, afirma Giovana.
E o apoio do Instituto não para por aí. “Sempre recorro a ela para fazer a tabela nutricional dos alimentos e para tirar qualquer dúvida. Ela nos incentivou a não desistir, a não desanimar e a continuar na luta. Eu costumo dizer que a culpa de tudo que está acontecendo na nossa vida, de tudo ter dado certo, é da Márcia do IDR-Paraná”, acrescenta Giovana.