“Me sentia sem reação”. Estas foram as palavras da mãe do natimorto que teve o corpo trocado por um saco de serragem ao ser entregue para a família em um hospital de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná.
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“Eu me sentia como se tivesse parado tudo. Para mim não era verdade, para mim eu ainda queria acreditar que ela ainda estaria ali”, desabafou Larissa, de 19 anos.
O caso aconteceu no último sábado (30), quando a avó e a tia paterna da criança assumiram os procedimentos para realizar o sepultamento em Imbaú, cidade da família.
As imagens foram registradas depois do que a família acreditava ser um corpo ser retirado do necrotério do Hospital Geral da Unimed.
À RPC, a Unimed afirmou que investiga o caso e que lamenta o ocorrido. Disse, também, que câmeras internas mostram cenas do último sábado, mas não soube informar por que o saco com serragem estava no local.
‘Nós temos a nossa equipe assistencial, a enfermeira, levando o corpo até o necrotério. Posteriormente nós temos nosso colaborador realizando a abertura desse local e indo até o local para retirada o corpo. No momento então a funerária e os familiares entram no necrotério com a urna funerária e saem desse necrotério com a urna fechada. É importante nós destacarmos que a todo momento estava lá o corpo, e esse pacote, que nós não sabemos a origem, não é de uso hospitalar. Ao que parece é de uso funerário e que as autoridades estão investigando como esse pacote foi parar lá. A funerária juntamente com os familiares vão, entram, nosso colaborador fica na porta, eles retornam já com a urna fechada e saem do necrotério. Oportunidade em que, como era o único corpo no local, ele fecha o necrotério e retorna às atividades”, afirmou Andressa Slompo, advogada do HGU.
A família retornou ao hospital, momento em que foi identificado que o corpo de Helena havia permanecido na instituição durante todo o tempo. Ele foi entregue à família na presença da polícia.
“Só tivemos conhecimento realmente dos fatos com o retorno da família e das autoridades policiais. Oportunidade em que as câmeras de segurança demonstram que todos foram, retornaram até o necrotério e constataram que o corpo permanecia lá, identificado a todo tempo. Assim como é interessa da família também é interesse do hospital esclarecer todos esses fatos. Nós temos protocolos, nós estamos com uma equipe que realmente lamenta muito todo o ocorrido. Nós estamos prestando todo o apoio, entramos em contato com a família, e também é do nosso interesse que tudo seja esclarecido. Da onde veio esse pacote, da onde é, e que realmente essa família possa ficar tranquila e viva seu luto de uma forma mais tranquila”, disse a representante do hospital.
Investigação
Na terça-feira (2), a polícia começou a ouvir familiares, profissionais da funerária e também testemunhas sobre o caso. Também foram ouvidos representantes do hospital.
De acordo com o delegado, a investigação apura se houve intenção de substituição do corpo por serragem.
“Nós temos que analisar se todos os protocolos foram obedecidos para a retirada do corpo. Certamente em algum instante houve uma quebra. Isso tudo vai ser objeto de investigação e vai ser analisada a questão do dolo, se realmente houve o intuito da substituição ou não daquele corpo. Isso é fundamental pra finalização da investigação”, disse o delegado.
Por nota, a funerária afirmou que seguiu os protocolos no momento da retirada do corpo do hospital e que tudo foi acompanhado pela família.
Relembre o caso
No necrotério, a família fez a retirada do saco e seguiu viagem para realizar o sepultamento em Imbaú. Quando chegaram, avó e a tia, junto à funerária, fizeram a abertura do pacote para que a bebê pudesse ser preparada para o sepultamento.
Foi quando a família descobriu que o corpo do bebê não estava lá.
“Quando meu cunhado saiu da funerária foi esse tempo que minha sogra falou vamos aproveitar e ver. A gente queria ver o rostinho. Queria ter aquele adeus com ela. Aí a gente pediu para ele estar abrindo lá, foi a parte que eu gravei. Só tinha serragem, não tinha o corpo da minha sobrinha, tinha papel de bala, era lixo, não é humano isso”, desabafou a tia Julie Glufka.
O hospital foi acionado por telefone e, depois de algum tempo, a família foi informada que Helena continuava na instituição. Tia e avó retornaram a Ponta Grossa para buscar o corpo.
Helena foi sepultada ainda na noite de sábado, em Imbaú.
Fonte: G1 Paraná.