Stefane Silva, de 26 anos, deu entrada em um hospital público de São José dos Campos, no interior de São Paulo, com suspeita de pneumonia e descobriu que estava grávida. Ela conta que tomava anticoncepcional e passou por uma cirurgia e os médicos também não perceberam a gravidez.
O bebê, que se chama Théo, nasceu na manhã desta quinta-feira (22), um dia após a mãe dar entrada no hospital. O menino chegou ao mundo saudável, pesando 3,7 kg e medindo 49 cm.
Stefane, que já é mãe de mais outras duas crianças, uma menina de 12 anos e um garoto de 6 anos, disse que não planejava ter outro filho, porque fazia uso de contraceptivos. Ela passou os últimos meses sem sequer desconfiar da gravidez.
“Eu tomava anticoncepcional contínuo, sempre certinho, que emendava uma cartela na outra, por isso não tinha menstruação. Não sentia nada. Não imaginei que estava grávida de nove meses! Me divorciei faz dois anos, nunca pensei em ter filho agora”, contou.
Stefane relata que no começo do ano chegou até a passar por uma cirurgia, após ser picada por uma aranha venenosa, realizou vários exames, incluindo o de sangue e nem mesmo os médicos haviam notado a gravidez.
“Em janeiro eu fiquei 40 dias de cama após ser picada por uma aranha, fiz cirurgia, exames, fiquei internada e não apareceu nada que indicasse gravidez. Estava tudo tranquilo”, relembrou.
Após o incidente com a aranha, a cabeleireira passou a tomar bastante remédios, incluindo antibióticos, que acabaram dando um inchaço no corpo e nos últimos meses ela percebeu que engordou alguns quilos, mas nada alarmante.
“De lá pra cá dei uma engordadinha, mas nada demais. Eu continuei vivendo normal, saindo, curtindo, bebendo, carregando peso. Inclusive, há uns 15 dias, me mudei e na mudança carreguei fogão, geladeira, bastante peso, porque nem imaginava estar grávida”, disse Stefane.
Com a barriga pequena, mas sentindo dores no peito, dificuldade para respirar e um resfriado mais forte, Stefane buscou atendimento médico. Ao passar pelo raio-x e um ultrassom, os médicos alertaram sobre a gravidez.
A surpresa deixou médicos, familiares, amigos e colegas de trabalho surpresos, porque passaram os últimos meses convivendo com Stefane e nem eles notaram a gravidez.
“Eu não senti dor, não senti mexer, chutar, nada. Ia trabalhar normal. Ninguém acreditou quando contei, acharam que eu estava brincando, acharam que eu já sabia, mas eu não sabia. Minha mãe ficou sem reação, travou quando eu contei”, lembrou rindo.
O mais novo membro da família já é querido pelos irmãos e parentes. E o coração de mãe, que vivia pela Maria Eduarda e o Davi, aumentou para poder acolher o Théo.
“Quando descobri foi um choque, mas depois fiquei nervosa, ansiosa, preocupada se estava tudo bem com o bebê, porque não foi feito nenhum exame. Graças a Deus ele nasceu perfeito, grande, gordinho, saudável”, agradeceu.
“São as loucuras da vida. Meus filhos já estão ansiosos para conhecer o irmão, a Maria Eduarda inclusive que escolheu o nome dele. Meus amigos e parentes já se reuniram, compraram umas coisas, um falou que vai me dar um berço, amigos dando fralda, tudo está se ajeitando. Não deu pra fazer chá de bebê, mas estou pensando em fazer um chá de nascido para o que faltar”, contou empolgada.
Com a família ampliada, Stefane diz que o amor de mãe já triplicou para dar conta dos três pequenos. No entanto, acha que a família está de bom tamanho e vai tomar outras medidas para evitar gravidez.
É comum?
O g1 ouviu um médico ginecologista e obstetra sobre o caso. De acordo com Fabiano Elisei Serra, a situação de Stefane pode ser considerada muito incomum, até pelo fato dela já ter dois filhos antes do Théo.
“É surpreendente. Eu já vi alguns casos, mas não é comum. Acontece mais com mulheres obesas, pois o tecido adiposo pode impedir a mãe de sentir os movimentos do bebê, e com mães de primeira viagem, que nunca tiveram filho e não conhecem os sinais. Não é o caso da Stefane, que já teve a experiência. Não é nada frequente”, afirma.
Segundo o especialista, não há uma explicação comprovada para casos como esse, mas ele acredita se tratar de uma questão psicológica.
“Ela tomava anticoncepcionais e, talvez por isso, inconscientemente acreditava que nada estava acontecendo. Ela pode ter apresentado sinais, mas não percebeu por achar que estava protegida. Achou que a menstruação, por exemplo, não descia por isso, mas era gravidez.”
“Vale lembrar que nenhum método contraceptivo é 100% efetivo. Por possíveis falhas do método ou falhas humanas, quando as mulheres esquecem de tomar, a gravidez não deve nunca ser descartada”, encerra.
Fonte: G1.