Como forma de reconhecimento do papel relevante que o professor teve para a Universidade Estadual de Maringá (UEM), a Reitoria publicou, ontem (26), um Ato Executivo concedendo a Manoel Jacó Garcia Gimenes o título de Doutor Honoris Causa. A solicitação da entrega desta honraria já estava tramitando no Conselho Universitário (COU) a pedido do Diretor do Câmpus Regional de Goioerê, Washington Luiz Félix Santos.
No período de 1990 a 1992, implantou e presidiu a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Vale do Piquiri (FADCT), que viabilizou a instalação da UEM com o Câmpus Regional de Goioerê. Vale ressaltar que além do CRG, ele teve atuação primordial e decisiva no surgimento dos câmpus regionais do Noroeste (CRN), em Diamante do Norte, e do Arenito, em Cidade Gaúcha.
Professor Jacó, como era conhecido, faleceu na manhã desta sexta-feira (27), num hospital em Curitiba, em decorrência das complicações de um câncer.
Ao longo da vida, recebeu dezenas de homenagens, incluindo o título de Cidadão Benemérito do Paraná, aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado e entregue, em Maringá, em maio de 2008.
Ele nasceu em Franca, São Paulo, e tinha 70 anos. Em 1969, com a notícia da criação da UEM, transferiu residência em 2 de dezembro para a cidade de Maringá. Em 1971, ingressou na UEM no curso superior em Licenciatura em Química, integrando a primeira turma. A formatura ocorreu em dezembro de 1974 e Jacó foi o orador da turma. Em maio de 1975, iniciou a carreira como docente na universidade, onde exerceu os cargos de chefe de Departamento de Química, diretor do Centro de Ciências Exatas, pró-reitor de Ensino e Pesquisa (1982 e 1983) e de vice-reitor (1986 a 1990). Desde março deste ano, fazia parte do Conselho de Integração Universidade-Comunidade (CUC).
Ao virar vice-reitor, tornou-se, junto com Fernando Ponte de Souza, companheiro de chapa, os primeiros gestores da UEM eleitos democraticamente, pois até então, durante o regime militar, os dirigentes das instituições públicas de ensino superior eram nomeados pelos governos mediante apresentação de uma lista sêxtupla.
Logo no início da gestão, Jacó e Fernando se destacaram por terem assumido, a pedido dos estudantes, o compromisso de não reajustarem o preço das mensalidades. O compromisso foi mantido e esta iniciativa teve importância fundamental no avanço da conquista da gratuidade do ensino nas universidades estaduais públicas paranaenses.
Um fato curioso é que quatro anos antes, em 1982, numa consulta feita à comunidade universitária da UEM, Jacó foi o preferido para assumir a Reitoria, apesar da inexistência do voto direto à época. Porém, o então governador Hosken de Novaes decidiu se guiar pela tradicional lista sêxtupla para fazer a nomeação, ignorando a preferência dos membros da comunidade.
Em Campo Mourão foi Secretário da Indústria, Comércio e Turismo de 1994 a 1997 e assessor de Desenvolvimento junto à Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão (Comcam), onde implantou, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Micro Empresas (Sebrae), o Programa de Desenvolvimento nos Municípios (Proder).
Em 1996, Jacó criou em Campo Mourão o Instituto de Cultura e Desenvolvimento, responsável pela prestação de serviços em Educação Empreendedora, Gestão Municipal e Negócios do Turismo. O órgão tinha como clientes prefeituras municipais, empresas, instituições de ensino e o Serviço de Aprendizagem Rural (Senar).
Ainda em Campo Mourão, presidiu o Conselho Municipal de Turismo e coordenou o Processo de Municipalização do Turismo, com a conquista do Selo Ouro junto ao Governo do estado do Paraná. Nesta época teve início a construção do Roteiro Gastronômico do Turismo Regional via Projeto Bem-te-vi, pelo qual diversos municípios oferecem hoje seus pratos típicos.
Apoio ao turismo regional
Em maio de 2003, Jacó institucionalizou em Maringá o movimento iniciado em 1998 em Campo Mourão na forma de uma organização da sociedade civil de interesse público, a Rede de Turismo Regional (Retur). Ele exerceu o cargo de presidente da entidade e atuou como técnico junto aos projetos de desenvolvimento sustentável pelo Turismo: Geter, Costa Rica, Corredor do Ivaí e Governança do Turismo no Noroeste do Paraná. O professor detém o recorde nacional de 185 cursos ministrados em Turismo Rural, entre setembro de 2003 a julho de 2007.
Palavras do reitor e da vice
Aposentou-se como professor adjunto em junho de 2004. Nos últimos anos, o professor vinha atuando como assessor do Gabinete da Reitoria para dar apoio na viabilização de alguns projetos da administração da universidade, entre eles a Escola de Desenvolvimento Regional (EDR), lançada em novembro de 2022.
Na última reunião ampliada de equipe, em 11 de outubro, com o objetivo de celebrar o primeiro ano desta gestão da UEM, Jacó gravou um vídeo especialmente para o evento. No vídeo, ele expressa o desejo de que a administração tenha êxito e se dispunha a colaborar em qualquer momento.
Para o reitor da UEM, Leandro Vanalli, o professor Jacó foi um líder nato, além de visionário. O reitor, que na semana passada visitou, na capital do Estado, o gabinete do professor na diretoria da Setu, lembrou que, “como sempre, Jacó era um sábio, conselheiro e cheio de ideias e planos para a UEM”.
Na opinião de Vanalli, o ex-vice-reitor será lembrado como um homem de espírito público e empreendedor, conhecedor profundo da importância da relação entre a universidade e a sociedade e das dimensões social, econômica e cultural proporcionada pela inserção da universidade nas comunidades regionais.
A vice-reitora Gisele Mendes diz que Jacó foi um grande vice-reitor, um grande líder, e esta liderança se manteve até o final da vida dele, como assessor especial de nossa gestão na Reitoria. “Só temos orgulho de tê-lo tido conosco não somente agora neste momento crucial, em que foi um grande conselheiro, do Leandro e meu, mas também enquanto gestor (1986 – 1990), quando então foram fundados o Hospital Universitário Regional de Maringá, os cursos de Medicina e Odontologia e o Câmpus Regional de Goioerê”.
Para ela, estes são apenas alguns “dos grandes feitos que podemos citar deste grande homem. Sem Jacó Gimenes, a universidade não seria a mesma”. Além do mais, diz a vice-reitora, ele foi um entusiasta da universidade pública, gratuita e de qualidade, que, até o final da vida, operou, trabalhou e esteve atuando em prol da UEM.