Fonte: RicMais.
Fotos: Francielly Azevedo/ RICtv
O mercado que desabou na tragédia que matou três funcionárias na última sexta-feira (22), em Pontal do Paraná, no litoral do estado, estava sem alvará. De acordo com o proprietário, a inauguração foi antecipada por 20 dias para que o prefeito pudesse participar.
Segundo a apuração do Grupo RIC, o local não tinha alvará de liberação, conforme informado pelo Corpo de Bombeiros. Durante o evento, o proprietário afirmou: “Nós iríamos inaugurar essa loja daqui uns 20 dias ou um mês. Mas como o Rudão (prefeito) é pré-candidato a prefeito, ele só pode participar da inauguração até o dia 5 de abril”.
O proprietário alega que antecipou inauguração para prefeito participar do evento.
O prefeito Rudão Gimenes, de Pontal do Paraná, participou da inauguração do Super Rede, no Litoral do Paraná, na quinta-feira (21) à noite, e compartilhou a novidade no Instagram, enfatizando a importância do estabelecimento para a cidade, por gerar renda e emprego na região.
O Grupo RIC procurou o, que em nota, disse que em “nenhum momento solicitou a abertura antecipada do mercado por questões eleitorais”. Veja a nota completa:
“O Prefeito de Pontal do Paraná, Rudão Gimenes em nenhum momento solicitou a abertura antecipada do mercado por questões eleitorais, uma vez que o próprio calendário eleitoral divulgado pelo TSE veda somente a partir de 6 de julho a participação em inauguração de OBRAS PÚBLICAS, e não diz nada sobre OBRAS PRIVADAS”.
A reportagem procurou também o proprietário do mercado, Eduardo Dalmora, mas ainda não obteve retorno.
Em coletiva de imprensa sobre a laje de um mercado que desabou, realizada nesta segunda-feira (25) em Pontal do Paraná, no Litoral, o delegado Jader Roberto informou que o inquérito foi instaurado para apurar as responsabilidades por três homicídios culposos e 12 crimes de lesão corporal. “E essas lesões corporais vão ser mensuradas no decorrer das investigações, porque pode variar de leve, grave a gravíssima”, informou o delegado.
Segundo Roberto, ainda é cedo para apontar responsáveis, mas a polícia faz o levantamento das informações com os envolvidos na situação. A equipe verifica se o mercado tinha alvará de funcionamento e aguarda o laudo da perícia técnica da Polícia Científica.
“Vamos aguardar o desfecho para poder seguir uma linha para responsabilizar alguém, seja quem projetou a obra, quem executou a obra, quem fiscalizou, quem comprou os insumos para realização da obra. Então assim, ainda é muito cedo, o inquérito policial ainda não está maturado, para podermos apontar responsabilidade a quem quer que seja”, disse o delegado.
O delegado ainda informou que a polícia vai ouvir todos os envolvidos na situação, desde o dono do empreendimento até parentes das três vítimas que morreram no desabamento. Entre os citados pela polícia estão o engenheiro que assina o projeto, o engenheiro que executou a obra, além do fiscal da obra.
Nesta segunda-feira (25), o gerente do supermercado afirmou que iria até a delegacia, mas não compareceu.
“Ele alegou que está psicologicamente abalado com o ocorrido, mas foi bastante colaborativo neste final de semana, se comprometeu aqui a comparecer e dar suas declarações, todavia, em razão deste empecilho, ele disse que não viria. Mas também não será poupado de ser intimado formalmente e vir na delegacia prestar declarações”, disse Jader Roberto.
“Foi uma tragédia de uma magnitude estratosférica. O supermercado foi inaugurado em uma quinta-feira e na sexta-feira houve o desabamento. A gente tem que averiguar se havia a necessidade de seis caixas suspensas, se havia a necessidade do supermercado demandar esta quantidade de água, isso tudo vai ser averiguado”, informou o delegado em coletiva.
O desabamento da laje do mercado foi registrado na sexta-feira (22), durante a inauguração da unidade, em um evento para convidados. Caixas d’água caíram sobre a área de panificação. Três funcionárias morreram e já foram identificadas:
Rayssa Batista Santos – 18 anos; Camille Vitoria Souza Dias – 18 anos; Pryscilla Maris Tascheck Farro – 36 anos.
A Prefeitura de Pontal do Paraná decretou luto oficial de sete dias por causa da tragédia. Além das três mortes, 12 pessoas ficaram feridas com o desabamento.
Em nota enviada nesta segunda-feira, a Prefeitura de Pontal do Paraná informou que cumpriu todas as etapas de fiscalização. No entanto, informou que não é o órgão responsável por verificar a parte estrutural.
“As exigências do Município não envolvem questões estruturais e sim, documentais e técnicas, relacionadas à localização, zoneamento, número de vagas de estacionamento, área de destinação de resíduos, ou seja, parâmetros urbanísticos”, diz a nota.
“No âmbito da Vigilância em Saúde, durante a construção, o empreendimento foi notificado para se adequar às normas de segurança no trabalho por duas vezes e também no dia da inauguração fez vistoria no local, contudo neste dia não encontrou irregularidades sanitárias”, informou ainda o município.