Os depoimentos relacionados ao processo administrativo disciplinar contra um professor do curso de Física Médica da Universidade Estadual de Maringá (UEM), campus de Goioerê, ocorrem nesta quinta e sexta-feira. O docente é acusado de assédio moral, sexual e importunação sexual, denúncias que vieram à tona em agosto passado por meio da plataforma “UEM Sem Assédio”.
A Tribuna recebeu informações de que os casos de assédio envolvendo um professor do campus regional da UEM em Goioerê (CRG) estariam ocorrendo há cerca de um ano. A situação tem gerado indignação, principalmente porque o docente continua lecionando no Campus, mesmo respondendo a um processo administrativo. Segundo informações, os alunos sempre tiveram medo do professor.
As acusações, divulgadas pelo jornalista Angelo Rigon, no site Maringá News, incluem relatos de alunas e professoras que apontam condutas inapropriadas do investigado, como passar as mãos nas pernas de uma aluna, morder o ombro de outra e tentar coagir estudantes que o denunciaram. Boatos sobre a instalação de câmeras em locais inadequados, como banheiros, e a descoberta de objetos suspeitos, como roupas íntimas juvenis, agravaram a situação. Esses itens foram apresentados ao chefe do departamento e ao coordenador do curso como evidências.
Apesar das denúncias, o professor não foi afastado de suas funções. Pelo contrário, ele foi nomeado para cargos em outros departamentos pela reitoria, inclusive no Hospital Veterinário e na Clínica Odontológica da UEM, o que gerou indignação entre alunos, colegas e a comunidade local. “Como um professor com acusações tão sérias continua vinculado e com trânsito livre dentro de um hospital?”, questionou um profissional que acompanha o caso.
Investigação em andamento
Após a abertura da sindicância, a comissão responsável recomendou a instauração de um processo administrativo disciplinar (PAD), que teve início em novembro de 2024. Nos depoimentos desta semana, testemunhas e o acusado serão ouvidos, presencialmente e de forma remota. Entre as testemunhas estão alunas, professores e profissionais que trabalharam diretamente com o investigado.
A administração da UEM afirmou, em nota oficial, que está comprometida com a condução imparcial do caso, seguindo os trâmites legais. A universidade enfatizou que as nomeações do professor para cargos anteriores foram realizadas antes das denúncias, com base em critérios técnicos e alinhadas à especialização do docente. No entanto, a manutenção do vínculo e a ausência de afastamento geraram críticas e questionamentos sobre a postura da instituição diante da gravidade das acusações.