O Governo do Paraná declarou estado de alerta em saúde pública para o enfrentamento das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs), diante do aumento expressivo de casos e óbitos relacionados a doenças como Influenza e Covid-19. A medida tem validade de 90 dias.
De acordo com dados da Sesa, mais de 10,6 mil casos de SRAG foram confirmados neste ano no Estado, com 523 mortes. Apenas em relação à Influenza, já são 991 casos hospitalizados e 85 óbitos – sendo que apenas nove vítimas haviam se vacinado contra a gripe.
O boletim epidemiológico aponta ainda um aumento de 43,17% nos casos hospitalizados por SRAG entre as semanas 18 e 22, ou seja, entre 27 de abril e 31 de maio. O salto foi de 3.164 para 4.530 registros, refletindo a pressão sobre o sistema de saúde. Atualmente, 222 dos 399 municípios paranaenses já notificaram internações por vírus respiratórios e 25 já tiveram mortes.
O secretário estadual da Saúde, Beto Preto, alertou sobre o cenário crítico: “Estamos com muita pressão nas vagas hospitalares, tanto em enfermarias quanto em UTIs. A resolução de alerta institui um plano de ação para conter o avanço das SRAGs neste momento.”
Internações crescem entre crianças e idosos
A população mais vulnerável – crianças de até cinco anos e idosos acima de 60 – tem sido a mais afetada. Em comparação com 2024, houve um aumento de 14,12% nas internações pediátricas (de 4.951 para 5.765 casos) e de 19,66% entre idosos (de 5.573 para 6.937).
Atualmente, quase 80% dos pedidos de internação registrados na Central de Leitos do Estado são para esses dois grupos. A taxa de ocupação hospitalar já chega a 88% nos leitos de UTI e 62% nas enfermarias, sendo 10% e 6%, respectivamente, ocupados por pacientes com SRAG.
Para enfrentar a alta demanda, a Sesa autorizou recentemente a abertura de 58 novos leitos em unidades hospitalares de Curitiba, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa, além de sinalizar a possibilidade de abrir mais 200 leitos nos próximos dias.
Testes rápidos e vacinação como estratégias
Outra medida importante é a aquisição de 100 mil testes rápidos para diagnóstico de Influenza A, B e Covid-19, com investimento de R$ 800 mil do Tesouro Estadual. Os testes serão distribuídos para UPAs, prontos-socorros e Unidades Básicas de Saúde.
“O diagnóstico precoce é essencial para iniciar o tratamento adequado com o antiviral oseltamivir (Tamiflu), aumentando as chances de recuperação dos pacientes”, explicou Beto Preto.
A vacinação contra a gripe, considerada a principal ferramenta de prevenção, ainda está aquém da meta de 90% nos grupos prioritários. Segundo o Vacinômetro Nacional, apenas 42,11% da cobertura vacinal foi atingida no Paraná, com índices ainda mais baixos entre crianças (33,74%) e gestantes (30,83%).
Covid-19 ainda preocupa
A Covid-19 também segue em circulação. Entre 29 de dezembro de 2024 e 31 de maio de 2025, foram notificados 14.600 casos e 94 mortes pela doença no Paraná. A taxa de incidência é de 125,9 casos por 100 mil habitantes, e a de mortalidade, de 0,81 óbitos por 100 mil habitantes.
O boletim mais recente indica que 47,9% das amostras testadas no sistema Sentinela deram positivo para algum vírus respiratório – reforçando o alerta de que o cenário ainda exige atenção e ação coordenada entre Estado e municípios.