O Paraná vem ganhando destaque nacional e internacional com uma vertente inovadora: o Turismo Agrotecnológico. Diferente do turismo rural, voltado à gastronomia e vivência no campo, essa modalidade tem caráter educacional e técnico, reunindo estudantes, profissionais e pesquisadores interessados em conhecer de perto as inovações da agropecuária paranaense.
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As visitas incluem universidades, centros de pesquisa, cooperativas, indústrias e propriedades rurais que utilizam tecnologias modernas, como Agricultura 4.0, biotecnologia e práticas sustentáveis. “O foco é mostrar o potencial tecnológico do Paraná dentro do mundo agro”, destacou Irapuan Cortes, diretor-presidente do Viaje Paraná, órgão estadual de promoção do turismo.
Estado referência no agro
O Paraná é líder nacional na produção de feijão, erva-mate, cevada e frango, além de ser o segundo maior produtor de suínos. Esse protagonismo é reforçado pelo investimento em pesquisa e inovação, como o sistema de ordenha robotizada implantado em Castro — o primeiro da América do Sul — e o recente anúncio do governador Carlos Massa Ratinho Junior sobre a criação de um laboratório de biotecnologia do leite, com investimento estadual de R$ 20 milhões.
Outro exemplo é a tecnologia SteriCerto Plant, desenvolvida em parceria com a Hungria, que utiliza controle biológico para combater fungos e pragas nas lavouras. Nas universidades estaduais, projetos como o trator elétrico e drones agrícolas também têm ampliado o alcance das soluções tecnológicas.
“O turismo fortalece os vínculos entre ciência e mercado, valoriza o interior do Estado e mobiliza famílias e empreendedores”, afirmou Anna Vargas, coordenadora de Gestão e Sustentabilidade da Secretaria do Turismo.
Mercado em expansão
Agências especializadas também têm contribuído para o crescimento do setor. A MVM Viagens e Turismo, por exemplo, organiza desde 1999 roteiros técnicos em regiões como Castro, Londrina, Cascavel, Foz do Iguaçu e Campo Mourão, recebendo visitantes brasileiros e estrangeiros. “Não é apenas visitar uma fazenda, mas entender o processo de produção do início ao fim”, explicou Afonso Martins, engenheiro agrônomo da agência.
Outra iniciativa pioneira é a Cooperativa de Turismo do Paraná (Cooptur), sediada em Ponta Grossa, primeira do Brasil nesse formato. Criada em 2004 com apoio da Ocepar, a cooperativa reúne empreendedores e oferece experiências como a Imersão em Cooperativismo, além de roteiros temáticos que destacam a cultura e a agroindústria paranaense.
Para José Roberto Ricken, presidente da Ocepar, a Cooptur mostra o poder do turismo como ferramenta de desenvolvimento. “É possível aprender e cooperar na mesma viagem, gerando valor e conhecimento para todos os envolvidos”, afirmou.
Turismo que impulsiona a economia
Os resultados já refletem na economia. Apenas entre janeiro e julho de 2025, o Paraná exportou R$ 71,9 bilhões, liderando as vendas externas do Sul do país. Produtos como soja, frango e carne suína figuram entre os mais comercializados.
Segundo Terezinha Busanello, diretora de Turismo Rural do IDR-PR, a estratégia é consolidar rotas técnicas e científicas para atender a crescente demanda. “O Paraná possui produtos e práticas diferenciadas que despertam o interesse de turistas e agências. Isso movimenta a economia, valoriza as agroindústrias e coloca o Estado como referência mundial”, destacou.