Ela já atravessou dois séculos, gerou 22 filhos — dos quais 12 sobreviveram —, conviveu com Lampião e Maria Bonita, acompanhou a transformação da vida do campo para a cidade e, aos 111 anos, mostra que disposição não tem limite e faz pilates toda semana. Essa é a história de Dona Maria Cavalcante que chegou a Goioerê em 1957, e atualmente mora no bairro Jardim Lindóia.

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Apesar do registro em cartório apontar 101 anos, a família garante: Dona Maria Cavalcante soma 111 anos. Isso porque, segundo a filha Vicência, a  mãe foi registrada somente aos 10 anos de idade, como era costume na época no Nordeste. Seu aniversário foi comemorado no último dia 8 de agosto. Hoje, ela reúne uma família numerosa: são 59 netos, 35 bisnetos. A primeira neta já tem 60 anos, enquanto a tataraneta mais nova tem apenas 2.

Cheia de energia, dona Dona Maria Cavalcante encontrou no Pilates do Instituto Urbano uma nova paixão para manter a saúde em dia. E não abre mão das aulas com o fisioterapeuta Gustavo Urbano. “Ela toma banho, se arruma e já fica ansiosa perguntando a hora de ir para o Pilates”, conta a filha Maria Aparecida.

O exercício trouxe ainda mais qualidade de vida para dona Dona Maria Cavalcante, que tem prótese no joelho. Antes dependente do andador, hoje consegue caminhar apenas com muletas. “Depois que começou a frequentar o Pilates, ela passou a dormir melhor, sente menos dores e espalha alegria por onde passa”, garante a filha.

De origem nordestina, Dona Maria Cavalcante chegou a Goioerê há 68 anos, quando a família foi trabalhar na Fazenda Bandeirantes, em Jaracatiá. Viveu anos de luta na roça e ainda guarda na memória relatos de quando a Igreja Matriz de Goioerê era feita de palmito.

“Depois de tanta batalha, ver minha avó com esse pique é motivo de inspiração para todos nós”, destaca a bisneta Sarah.

Para o fisioterapeuta Gustavo Urbano, a aluna é motivo de orgulho: “É claro que, com a idade, ela requer uma atenção muito especial, e as aulas são totalmente adaptadas para ela. Mas Dona Maria Cavalcante não perde uma piada com os colegas de turma. Ela inspira não só os alunos, mas também a mim como profissional”.

Sobre o encontro com Lampião e Maria Bonita, a família conta que as visitas do cangaceiro e seu bando eram frequentes na casa dos pais de Dona Maria Cavalcante, no Nordeste. “Lampião chegava com seu bando e ordenava que fosse preparada comida para todos”. Foi assim, em meio à rotina dura da época, que Dona Maria Cavalcante conheceu de perto aquele que se tornaria o casal mais famoso do Brasil: Lampião e Maria Bonita.