A casa está organizada, há comida na geladeira e nos armários, crianças brincam no parquinho, emprego e perspectiva de melhorar, 8 meses no país, Juan Carlos Melendes, 38 anos, a esposa e os dois filhos pequenos estão entre os 45 venezuelanos abrigados na Aldeias Infantis SOS Brasil, em Goioerê, organização que atua em mais de 130 países.
“Não há mais futuro na Venezuela”, afirma Melendes, cabisbaixo. Ele deixou Barinas noroeste do país, a cerca de 530 km da capital Caracas, com a esposa Vilse Vergara, 37 anos, e os filhos Verônica, 4, e Jeremias, 2. A crise no país vizinho vem aumentando há alguns anos. A Venezuela tem agora um governo paralelo ao de Nicolás Maduro com a autoproclamação de Juan Guaidó como mandatário interino.
Cerca de 4 milhões de trabalhadores são classificados pela Organização das Nações Unidas (ONU) em situação de pobreza extrema e a inflação da Venezuela no acumulado de meses encerrados em janeiro deste ano é de 2.688.000% conforme dados divulgados Assembleia Nacional.
Na Aldeia SOS, a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) garante renda per capita a venezuelanos de R$ 270 por mês. O dinheiro serve para comprar alimentos ou produtos básicos em estabelecimentos comerciais de Goioerê.
Com história semelhante de outros refugiados que hoje vivem na Aldeia SOS, na área rural de Goioerê. A viagem de Melendes ao Brasil demorou 2 dias, dividida em trajetos com ônibus e caronas quando o dinheiro acabou, até a chegada ao Abrigo em Boa Vista (RR). “No caminho tinha sempre o pensamento de encontrar algo melhor no Brasil”, diz.
Melendes afirma que saiu da Venezuela por causa da crise econômica e política e por enxergar que o país não oferece futuro aos filhos pequenos, que precisam de tratamento de saúde porque são portadores de catarata congênita. A mulher está grávida de 8 meses, “Bruno Neeemias vai ser um brasileirinho.”
A família está desde agosto na Aldeia SOS em Goioerê. Melendes trabalha em uma indústria de fiação de algodão na cidade. “No Brasil há muito mais oportunidades, diferente da Venezuela”, comentou.
Conforme Alessandra, em Goioerê estão 21 famílias que trabalham em supermercados, pizzarias, tinturaria, hospital, abatedouro de frango e uma venezuelana que conseguiu emprego de professora em uma escola de inglês.
Seis das 12 casas da aldeia estão abertas aos venezuelanos desde agosto do ano passado, quando a estrutura foi reaberta para atendimento ao projeto Brasil Sem Fronteiras. O local não abriga mais crianças em situação de risco por decisão judicial. A Aldeias Infantis SOS Brasil mantém dois imóveis na área urbana para esta finalidade.
A capacidade de acolhimento é de 60 pessoas nas seis residências ativas e hoje há 45 venezuelanos – 26 adultos e 19 crianças e adolescentes – estão residindo no local. Cada imóvel tem duas salas, cozinha, dois banheiros e quatro quartos. “As crianças vão para a escola e têm atividade no contraturno”, afirmou.
Atualmente cerca de 30 famílias estão vivendo na Aldeia SOS de Goioerê, envolvendo cerca de 80 pessoas, entre adultos, adolescentes e crianças. Os primeiros refugiados chegaram em Goioerê na manhã do dia 31 de agosto.
Dezenas deles estão trabalhando em empresas da cidade, e, muitos deles já se mudaram para a cidade deixando assim as casas da Aldeia SOS e estão perfeitamente integrados na comunidade goioerense onde foram e estão sendo muito bem recebidos.