Com uma lucidez de dar inveja e um bom humor de dar inveja, o mais da família Peloi, o seu Mário Peloi, aos 93 anos e meio (e ele faz questão que mencione isso, afinal como ele diz, “já vivi meio ano dos 93 e falta meio para
94), é uma pessoa ativa que vai sozinho no banco, comprar remédio, vai para o sítio e o que mais precisar pilotando seu carro.
E para continuar dirigindo, em abril deste ano renovou sua carteira de habilitação por mais dois anos. E já avisa que vai fazer o óculos para daqui dois anos renovar novamente.
Pai de 9 filhos, e casado com dona Aurora – a quem chama de GPS – entre os filhos, o saudoso prefeito de Rancho Alegre Valdinei Peloi, que ao relembrar o filho deixou rolar uma lágrima. E lembrou que tempos antes de morrer disse ao Valdinei que precisava renovar a carteira e que o filho respondeu que não era mais para ele tirar porque não tinha mais idade.
JARDINEIRA. Seu Mário Peloi recorda que dirigiu pela primeira vez aos 12 anos a jardineira do seu pai, que tinha uma linha de transporte de ônibus.
Depois disso, com 16 anos teve que socorrer uma menina que ficou doente. “Empurrei o Passat da garagem para fora e andei 20 km até chegar ao hospital” – conta com orgulho do feito.
Aos 20 anos casou, saiu de casa e ficou sem carro. Pois não tinha. Só voltou a dirigir com 38 anos e aos 49 anos teve sua primeira carteira de habilitação, quando se tornou obrigatório.
GPS ATRAPALHA. Seu Mário Peloi se orgulha de nunca ter batido o carro em todos estes anos de motorista. A não ser duas vezes que bateram nele. A única multa que levou até hoje foi por ultrapassar um semáforo no vermelho, mas que estava estragado e não indicava a sinalização. E se alguém buzina pra ele, já logo avisa “é um amigo”, mas de forma alguma admite que é alguém chamando a atenção.
A reclamação de seu Mário Peloi é quanto ao seu “GPS” que fala demais, se referindo a esposa que fica dizendo o que fazer enquanto ele dirige.”Sozinho não sou barbeiro. Só quando estou com o GPS do lado” – brinca seu Mário que lembra também do despachante Zila, que toda vez que passa de carro pela avenida Francisco Scarpari,ele grita “esse veio ainda passa pelo calçadão”, comenta indagando se ele é a pessoa mais idosa ainda dirigindo. E a idade avançada já lhe beneficiou também. Com 86 anos, retornando de Wenceslau Braz, o guardo lhe parou na estrada pois estava em alta velocidade. Mário Peloi recorda que perguntou para o guarda se iria mesmo multá-lo e o guarda respondeu “eu seria muito ingrato se multasse o multasse com essa idade” – brinca ele.
MOMENTOS IMPORTANTES. E em seus 81 anos de motorista, seu Mário recorda de dois momentos. Uma viagem boa, ocorrida há cerca de 20 anos, em que colocou a família na sua Brasília e foram até Catanduva, São Paulo, sua cidade Natal. “Fizemos uma longa viagem, mas a melhor de minha vida”. E entre as piores, lembrou dos dois filhos que faleceram. O mais recente o filho Valdinei Peloi, do qual teve que ir até Rancho Alegre para velar o filho.
FIEL. Uma das características de seu Mário Peloi é sua fidelidade aos seus carros. Ao longo de sua vida teve quatro Brasílias (uma de cada cor), três Volskwagen e está no quarto Uno. Mas seu chamego é a última Brasília da qual gostaria de comprar novamente. Ele diz que já tentou encontrá-la, mas não sabe mais seu destino. Sua Brasília com placas AIK-1113 e se alguém souber seu paradeiro é só avisar a família Peloi.
UM PIONEIRO. A família Peloi é pioneira em Goioerê. Chegaram primeiro, em 1953, os irmãos: José Pelói, Armando Pelói, Anésio Pelói, Arlindo Pelói, vieram morar na Gleba 13, onde abriram a estrada até o Rio Caracol. Mário Peloi chegou por volta de 59. Agricultor ganhou vida na lavoura.
Uma curiosidade na vida de seu Mário – o pai de um dos maiores políticos da região, Valdinei Peloi que nunca perdeu uma eleição – foi candidato a vereador em 1971, em Janiópolis e avisa que perdeu a eleição por causa de uma aposta de um rádio.
Seu Mário Peloi recorda das primeiras eleições do filho a vereador em Goioerê, onde visitava todas as casas entregando panfleto e pedindo voto para o filho. “Pàrei de pedir voto quando Nei foi para Rancho Alegre” – recorda o pai orgulhoso do grande político que se tornou.
Seu Mário Peloi se orgulha da família formada pelos 9 filhos, 19 netos, 16 bisnetos e 1 tataraneto.