Faleceu em meados da tarde desta terça-feira, 17, um dos mais estimados pioneiros de Goioerê, e que deixa um grande legado de vida dedicada ao social em Goioerê. Aos 98 anos, seu Euzébio Ghiotto faleceu na Santa Casa de Goioerê onde estava internado. O velório está previsto para às 20:30 horas no Memorial Prestar.
É um dos pioneiros que chegaram em Goioerê no ano de 1958. Foi farmacêutico, delegado, sua esposa (in-memorian) dona Eloá foi a primeira inspetora de ensino de Goioerê. Mas não foram essas atribuições que deixaram marcado o seu nome na história desta cidade. Mas as iniciativas que culminaram com a criação da APAE, da Casa da Sopa e da construção das primeiras casas da Abeg. Chegou em Goioerê no ano de 1958.
A Apae de Goioerê comunicou que nesta quarta-feira, 18, não terá atendimento pelo motivo de luto de um de um dos fundadores da Apae de Goioerê, seu Euzébio Ghiotto.
UM LEGADO: ABAIXO REPORTAGEM PUBLICADA NA REVISTA 104 MAGAZINE SOBRE A VIDA DE “SEU” EUZÉBIO GHIOTTO, NA ÉPOCA ELE TINHA 94 ANOS
Filho de agricultor, aprendeu a lidar com a lavoura desde menino. Mas queria era ser médico, profissão que desistiu depois de ser convocado para servir o exército, em 1943, onde permaneceu por dois anos. “Para quem tinha ficado dois anos sem estudar, o curso de Farmácia era mais fácil de fazer” – conta seu Euzébio, que cursou a faculdade em Curitiba, onde conheceu dona Eloá e alguns amigos, entre eles o presidente da Apae do Brasil, Justino Alves Pereira.
Depois de formado montou sua farmácia, a “Bom Jesus”, e em 1958 a transferiu para Goioerê. Foram cinco anos, período em que foi delegado em Goioerê, mas a pressão política da época o incomodou e resolveu voltar para Baiti no ano de 1964.
Em 1968 recebeu proposta para assinar como farmacêutico responsável de uma farmácia em Goioerê. Proposta que o fez retornar temporariamente. Mas quis o destino que uma geada, no ano de 1975, queimasse os 65 mil pés de cafés que havia plantado em Baiti. Com a perda e devendo o financiamento do café se viu obrigado e fixar residência em definitivos em Goioerê. Aqui trabalhou na profissão até o ano de 1987, quando se aposentou.
Ao retornar para Goioerê seu envolvimento com a cidade não foi mais político. Optou por trabalhar pelo social.
APAE UM LEGADO IMPORTANTE
Em 1972, durante visita a casa de amigos, na cidade de Cascavel, Euzébio recebeu o convite do então presidente das Apaes do Brasil, Justino Alves, para fundar a Apae em Goioerê.
Retornando para a cidade, procurou o então diretor da Rádio Curió, Alcides Paio, e lhe contou sobre a Apae. Este pediu para que aguardasse o fim das eleições municipais, que encerraria em dezembro daquele ano.
Correu atrás de toda papelada, e em janeiro de 1973 fundava a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais Padre Anchieta – Apae de Goioerê. Seu Euzébio nunca ocupou o cargo de presidente da entidade que fundou, e permaneceu em sua diretoria até o ano de 78. “Trabalhei voluntariamente e todo mundo achava que eu tinha salário” – comenta, lembrando das críticas que recebeu na época por estar a frente deste trabalho.
OLHAR PARA OS NECESSITADOS
A doutrina espírita, da qual segue até hoje, foi quem o estimulou a fundar a Casa da Sopa no ano de 1978. Com o lema de que “espiritualidade fora da caridade não há salvação”, seu Euzébio observando a necessidade das famílias carentes, tomou a iniciativa de criar uma instituição que ajudasse alimentando essas famílias. O objetivo era dar refeições para as famílias que não tinham o que comer.
E foi com a ajuda do amigo Norival de Moura e de Wladimir Scarpari que a Casa da Sopa surgiu. Na época Norival doou um carro que foi rifado e com o dinheiro construiu a cozinha em terreno doado pelo senhor Wladimir Scarpari.
O nome da entidade foi escolhido através de sorteio realizado entre as pessoas que estavam apoiando a ideia. O nome da entidade escolhido foi “União Espírita Paz, Amor e Caridade”.
Seu Euzébio lembra que foram muitas as lutas para manter a Casa da Sopa atendendo as famílias que passaram a ter como referência a entidade para ajudá-las. Seu trabalho junto a Casa da Sopa foi até o ano de 1989, quando se afastou depois de ver o projeto mudando suas características e após infundadas criticas de que estaria roubando a Casa da Sopa.
“Até a Prefeitura começar a ajudar financeiramente a entidade, eu tirava dinheiro do bolso para ajudar na manutenção, e fui obrigado a ouvir que estava roubando. Isso encheu meu coração de tristeza e preferi deixar a Casa da Sopa” – recorda lamentando que até o nome da entidade mudaram, passando a se chamar Allan Kardec.
ABEG. Outro trabalho de seu Euzébio, na área social, foi marcado pelo apoio na construção de 20 casas na Abeg, nos anos de 80, onde as famílias carentes beneficiadas com as casas eram responsáveis pela construção da mesma, e passavam o dia trabalhando. Através da Casa da Sopa, eles recebiam alimentação no local, na hora do almoço.
“Só não faço mais porque minha mente esquece muita coisa” – comenta ele que além das lembranças, mantém o hobby de cultivar suas orquídeas, em seu orquidário que mantém há 20 anos com mais de mil plantas.