O impasse sobre o funcionamento do comércio de Umuarama durante a pandemia da Covid-19 ultrapassou a esfera jurídica e se tornou caso de polícia. Isso porque muitas pessoas que não concordavam com o pedido de restrição feito pelas defensorias do Estado e da União chegaram a ameaçar os defensores envolvidos.
Na tarde de terça-feira, 12, o defensor Cauê Freire, do Estado, esteve na sede da 7ª Subdivisão Policial (7ª SDP) para registrar boletins de ocorrência por ameaças, injúria e também desacato. Em um dos casos o suspeito chegou a divulgar a placa do carro do defensor nas redes sociais, um segundo mencionou que “faria o que fizeram em 86”, se referindo ao linchamento ocorrido em praça pública na cidade. Outro, disse que o defensor merecia uma “visitinha”. A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar esses três acusados.
Outras ofensas e xingamentos foram proferidos por advogados, estudantes de Direito e demais profissões por conta da ação das Defensoria para tentar diminuir o risco de contaminação pela Covid-19 em Umuarama, que hoje tem 8 casos confirmados da doença, uma morte e 5 recuperados, segundo boletim divulgado pela prefeitura nesta manhã.
A Polícia Federal (PF) também será acionada por conta das injúrias proferidas contra o defensor federal Rodrigo Zanetti.
A Associação das Defensoras Públicas e Defensores Públicos do Estado do Paraná (Adepar) emitiu uma nota acerca das ameaças e condenou os ataques. “[A Adepar] vem a público manifestar seu repúdio às ameaças e ataques à autonomia funcional de membro da Defensoria Pública em Umuarama que, no cumprimento de seu papel constitucional, ajuizou ação civil pública visando anular Decreto que permitiu o funcionamento do comércio local de atividades não essenciais”, diz o documento. (Leia a íntegra abaixo).
Os estabelecimentos de Umuarama estão abertos, com medidas de segurança como uso de máscaras, distribuição de álcool gel e número limitado de clientes.
O fluxo de pessoas circulando, contudo, preocupa porque Umuarama não dispõe de testes sucientes para a população.
“A população não está segura em Umurama porque não tem testes. Tenho uma outra ação civil pública, em trâmite na 2ª Vara de Fazenda Pública, aguardando manifestação do Ministério Público, na qual peço que o município divulgue o número de testes realizados até o momento em seus boletins diários”, explicou o defensor Cauê Freire. (O Bendito)