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Notícias / Geral Pacientes de hospitais de Cascavel recebem produtos feitos por presos

domingo, 13 setembro de 2020.

Presos da Penitenciária Industrial de Cascavel (PIC), no Oeste do Paraná, implantados no setor de artesanato, estão levando conforto e acolhimento aos pacientes de hospitais do município. Desde maio de 2019, os detentos confeccionam naninhas (bonequinhas de pano) para entregar a crianças internadas. Agora, o projeto inclui a produção de almofadas e amigurumis (bichinho de pelúcia feito de crochê) e passou a contemplar também os adultos hospitalizados. Desde o início, mais de duas mil peças já foram doadas a pacientes.

O projeto começou após os presos serem capacitados a confeccionar naninhas. Nestes 16 meses, o projeto foi se expandindo. Os internos passaram também a produzir almofadas em forma de corujas, nuvens, corações e vários outros temas, e os amigurumis. Mensalmente, o Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) recebe uma média de 150 naninhas.

 O coordenador regional do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) em Cascavel, Thiago Correia, lembra que o trabalho é também uma forma de apresentar aos internos uma forma de mudar de vida. “Acreditamos na importância do trabalho para a ressocialização do preso. Temos priorizado a implantação e viabilização de canteiros de trabalho nas unidades prisionais da regional do Depen, em Cascavel”, destacou.

A princípio, os materiais fabricados atendiam apenas as crianças internadas na ala pediátrica e psiquiátrica do Hospital Universitário, funcionando como suporte terapêutico aos pequenos. Agora, além delas, os adultos também passaram a ser contemplados, assim como pacientes do – Hospital do Câncer de Cascavel (Uopeccan), que recebeu, na manhã desta sexta-feira (11) 55 naninhas.

A psicóloga do HUOP, Sheila Taba, relata que, com a pandemia da Covid-19, o repasse das naninhas passou a priorizar situações com muito sofrimento envolvido. “Nos casos de Covid, os pacientes ficam isolados de seus familiares e a gente começou a entender que a naninha seria muito útil, pois ela traz um conforto que apenas por meio das palavras a gente não consegue oferecer”.

De acordo com ela, a ideia surgiu após um paciente adulto com deficiência mental ser internado na ala de Covid-19. “A naninha entrou nesse momento como uma grande companheira. Ele ficou super feliz”, contou Sheila.

 Em outro momento, os objetos foram doados a crianças que foram visitar a avó, que estava sob cuidados paliativos. “A paciente começou a piorar, e os três netos pequenos vieram visitá-la. Como era uma visita muito triste, as naninhas acabaram sendo para eles o presente da vovó. A gente acredita que essa é uma lembrança boa que fica para essas crianças”.

MÃOS QUE CRIAM – Implantado na PIC em 2017, o “Mãos que Criam” é de artesanato e tem o objetivo de ajudar quem precisa. A ideia de confeccionar naninhas surgiu dentro dele. “No começo, em parceria com o Conselho da Comunidade, foram adquiridas uma máquina de costura e os insumos necessários a produção, além de contratarmos uma professora”, explicou a coordenara do projeto de artesanato na PIC, Adriana Pereira.

 Com isso, ao mesmo tempo, ele propicia aos presos uma oportunidade de resgate à dignidade, aprendendo um novo ofício, além da remição de pena. “Acreditamos que o repasse desses materiais é uma maneira de mitigar o sofrimento dos pacientes internados e dos seus familiares e ainda é uma forma de fazer com que o trabalho dos nossos internos proporcionem um retorno positivo à sociedade”, afirmou o diretor da Penitenciária Industrial de Cascavel, Rodrigo Cardoso.

 Quando começou, os materiais confeccionados pelos detentos eram repassados apenas aos seus familiares, para que eles pudessem gerar renda com a venda dos produtos. A ideia de levar parte aos hospitais surgiu após a expansão da produção, conforme explicou a coordenadora do Conselho da Comunidade de Cascavel, Pâmela Pfeffer.

“O preso que está inserido neste campo de trabalho desenvolve novas potencialidades e competências, provendo uma nova profissão  e combatendo, assim, os obstáculos que poderão encontrar quando adquirirem a sua liberdade, uma vez que mostra que eles estão aptos a viver em sociedade”, afirmou Pâmela.

Além de ajudar quem precisa, o coordenador regional do Depen também lembra que esta é mais uma iniciativa que permite que o preso se ocupe, aprenda um novo ofício e ainda contribua de alguma forma com a sociedade.

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