A safra 2020/2021 começou trazendo dificuldades para os produtores de soja do Paraná. Enquanto algumas regiões enfrentam mais de dois meses sem receber uma gota d’água, inviabilizando o plantio, outras já até terminaram os trabalhos de semeadura por terem registrado uma umidade melhor.
Na fazenda de Carlos Patrício, em Goioerê, o tempo não foi tão ruim assim e algumas chuvas o encorajaram a iniciar e concluir o plantio da soja nos 300 hectares que possui.
“Eu tive três períodos de chuvas com 20 mm. Uma por semana. Seria ideal se as chuvas tivessem atingido a todos, né. Mas infelizmente não foi assim que aconteceu. Próximos aqui, se a gente andar 5 km a 10 km já temos locais que não foram abençoados com essa chuva”, diz.
Já na fazenda do presidente da Aprosoja Paraná, Márcio Bonesi, que fica a apenas 25 km de distância, não chove há dois meses e, por enquanto, plantio mesmo só para testar algumas sementes e regular maquinários.
Em algumas regiões do Paraná o atraso no plantio já supera 30 dias. Em todo o estado, a média de área plantada é de apenas 16%, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral). No mesmo período do ano passado, o ritmo era de 33%.
Das últimas 5 safras aqui no Paraná, essa é a mais atrasada. No ano passado no dia 15 de outubro a gente estava plantado com 33% do estado do Paraná. E o hoje com 16%”, afirma.
A culpa é das chuvas irregulares que dificultam a vida do produtor. A equipe do Projeto Soja Brasil se deparou com uma dessas precipitações isoladas, durante o trajeto de 180 km entre Maringá e Goioerê.
Além da falta de chuvas, o estado está sendo castigado também pelas altas temperaturas. Um produtor fez uma medição no solo e o termômetro registrou 52 °C. Por isso , ele precisou usar gelo para refrigerar o equipamento de inoculador no sulco.
O estado do Paraná é o segundo maior produtor de soja do país com mais de 20 milhões de toneladas. Esse atraso, além do risco de comprometer a produtividade, pode causar um prejuízo ainda maior. Pela primeira vez, 55% da safra paranaense já foi comercializada, segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado, e tem prazo para ser entregue.
“Muitos produtores estão relatando que estão preocupados com o prazo de entrega. Vocês viram que existe um atraso significativo e isso vai refletir lá na frente, com certeza no atraso da nossa colheita da próxima safra de soja”, afirma Bonesi.
O produtor Carlos Patrício, que conseguiu plantar a soja em tempo, não deve ter dificuldades para cumprir o prazo de entrega, mas se arrepende de ter negociado com tanta antecedência.
“A minha média de contrato está R$ 85 por saca. E hoje preço na cooperativa está em R$ 162. O que dá aí 50% a 60% de diferença. É muita coisa. É difícil porque no momento a gente pensava que estava fazendo um bom negócio, garantindo os custos, mas realmente é um pouquinho desanimador. Pelo menos você vai conseguir cumprir o contrato. Se Deus quiser”, afirma ele. (Canal Rural)