A CABANA
“Esta história deve ser lida como se fosse uma oração, a melhor forma de oração, cheia de ternura, amor, transparência e surpresas. Se você tiver que escolher apenas um livro de ficção para ler este ano, leia A Cabana.” – Michael W. Smith
Talvez tenha sido o comentário acima que me levou a ler A Cabana um bocado de anos atrás…
Já leram?
Um resuminho, só pra gente se entender:
“Durante uma viagem de fim de semana, a filha mais nova de Mack Allen Phillips é raptada e evidências de que ela foi brutalmente assassinada são encontradas numa cabana abandonada.
Após quatro anos vivendo numa tristeza profunda causada pela culpa e pela saudade da menina, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o para voltar à cabana onde aconteceu a tragédia.
Apesar de desconfiado, ele vai ao local do crime numa tarde de inverno e adentra passo a passo no cenário de seu mais terrível pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda o seu destino para sempre.
Em um mundo tão cruel e injusto, A cabana levanta um questionamento atemporal: se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar o nosso sofrimento?
As respostas que Mack encontra vão surpreender você e podem transformar sua vida de forma tão profunda quanto transformou a dele. Você vai querer partilhar este livro com todas as pessoas que ama.”
A parte em negrito também pode ter-me influenciado a lê-lo. Nunca me arrependi…
Quando li a parte em que ele recebe aquele bilhete “de Deus”, fiquei meio apreensiva… receosa de encontrar uma daquelas intermináveis “pregações” tendenciosas a que sou tão avessa.
Mas não…
Logo começa a aparecer o inusitado: quando ele encontra a Santíssima Trindade… o Pai como uma senhora negra, enorme, que cozinha, o Filho como um simpático carpinteiro judeu cujo nariz enorme o deixa feio e o Espírito como uma moça asiática feita de luz chamada Sarayu.
Como li num dos links abaixo, o propósito do autor, “além de envolver um enredo surpreendentemente bom, parece ser o de corrigir certas noções populares sobre Deus e apontar aos leitores outras ideias sobre Ele.”
Isso foi o que de melhor achei no livro… conceitos que sempre achei estranhos sobre Deus eram ali colocados em cheque.
“Young se esforça para desfazer uma dicotomia muito comum, mesmo entre cristãos, que apresenta Jesus como um super-herói bonzinho e o Pai como um velho zangado e violento” – Com isso nunca me conformei… aprendi, em criança, a ver um Deus-Bondade, protetor… espantei-me quando vi postadas no face, pela primeira vez, coisas assim: “Não brinque com Deus ..de Deus não se zomba. Ele é amor mas também fogo consumidor.” – E aí passavam a elencar exemplos como o do Titanic, que, como todos sabem afundou… porque o seu construtor, ao ser perguntado por uma repórter sobre a segurança do navio, teria respondido: “Minha filha, nem Deus afunda este navio”. Ou como o do John Lennon, que teria afirmado: “Nós [os Beatles] somos mais populares do que Jesus no momento. Ainda não sei quem vai desaparecer primeiro, o rock ou o Cristianismo. (…) – e, foi baleado por um dos seus fãs, cinco meses após esta entrevista” – isso, só para citar dois dos vários casos que li. – Não combina com o Deus que aprendi…
“Ah, mas está na Bíblia” – dirão alguns.
Pode ser.
Mas… é exatamente o que questiono.
Parece que não há unanimidade entre as diversas vertentes religiosas em muito do que se afirma sobre “estar na Bíblia” – conforme já escrevi com detalhes em certa coluna minha. Por isso a minha tendência em aceitar algumas coisas que há no livro… Por exemplo, o conselho que o Espírito Santo a Mack: “Verifique suas percepções e, além disso, verifique a verdade de seus paradigmas, dos seus padrões, daquilo em que você acredita. Só porque você acredita numa coisa não significa que ela seja verdadeira. Disponha-se a reexaminar aquilo em que você acredita”. (Raulzito já disse isso com outras palavras…)
Assim, várias coisas vão sendo colocadas em cheque, também… Sobre a Igreja, entre outras coisas, o Jesus do livro explica que a autoridade “é meramente a desculpa que o forte usa para fazer com que os outros se sujeitem ao que ele quer.” E completa dizendo: “É um sistema humano. Não foi isso que eu vim construir… Por mais bem intencionada que seja, você sabe que a máquina religiosa é capaz de engolir as pessoas!” – E nós também sabemos, não é mesmo? Haja vista tudo o que se sabe sobre a manipulação de igrejas como a Universal, do Edir Macedo…
Enfim… eu poderia ficar falando dessa obra aqui por um longo tempo… mas prefiro dizer que muito do que eu aqui escrevi (entre aspas) foi tirado da análise crítica de um tal Carlos Osvaldo Cardoso Pinto – Reitor – Seminário Bíblico Palavra da Vida, que coloca pontos positivos e negativos do livro… coisas que acha corretas e coisas de que discorda citando a Bíblia. E terminar com o mesmo alerta que ele dá:
“Cautela, Bíblia aberta, e várias leituras são essenciais para entender esse livro e para utilizá-lo mais do que como entretenimento pessoal. (…) É preciso que os que se importam com a verdadeira saúde espiritual da Igreja corram o risco de contestar (na maior parte) e concordar (em alguns momentos) com William Paul Young e sua cabana.”
Como se vê… ele mais discorda do que concorda. Eu mais concordo do que discordo. Pelo Google afora encontramos pontos de vista extremistas de ambos os lados.
Portanto… só leia esta obra se você tiver plena e inabalável convicção em suas crenças religiosas…
Eu AMEI!!!
http://www.sitedopastor.com.br/nao-se-zomba-de-deus/
http://missaosemear.blogspot.com.br/2009/05/cabana-abrigo-para-alma-ou-barraco.html