Donald Trump, novo presidente eleito dos Estados Unidos é conhecido pelo temperamento explosivo e pelas declarações agressivas, bem como por visivelmente desconhecer a diferença entre liberdade de expressão e discurso de ódio, algo que ficou bastante evidente durante sua campanha. Apesar de duramente criticado pelas suas ojerizastes posições, magnata, mesmo não tendo recebido a maior votação popular. (não vou me ater a essa explicação aqui, quem se interessar por ela, pode acessar esse link http://www.bbc.com/portuguese/internacional-37948302)
Não obstante, a votação do magnata, embora não represente a maioria do total, foi bastante expressiva (59,18 milhões para a democrata contra 59,04 milhões do republicano), o que significa que uma parcela significativa da população estadunidense referenda o nacionalismo exacerbado, a xenofobia, o machismo, a homofobia e o racismo representado no demagógico discurso de Trump. Ou seja, suas ideias têm ressonância social, portanto, ele dialoga com um número significativo dos cidadãos da nação a qual governará.
E infelizmente, qualquer semelhança com a realidade brasileira não é mera coincidência, tanto que o deputado brasileiro Jair Bolsonaro foi citado pelo então candidato à presidência em um de seus discursos como alguém que ‘’fala a verdade’’(Veja o link http://afolhabrasil.com.br/politica/donald-trump-menciona-bolsonaro-em-discurso/).
De certa forma, Trump tem razão, pois ambos têm seguidores que os admiram e comungam de suas ideias, ou seja, o discurso de ódio propalado por eles são tidos como ‘’verdades’’ para muita gente. Mas, Hitler, Hirohito e Mussolini também tinham uma legião de ad em seus países e eram tidos como a solução dos problemas de suas nações por serem ‘’lideres fortes’’ que ‘’falavam a verdade’’,
Deputado federal, Jair Bolsonaro (PP-RJ), defende ideias muito semelhantes (para não dizer as mesmas) de Donald Trump. Aliás, como indica a frase de Bertolt Brecht supracitada no titulo desse texto, a tal ‘’cadela do fascismo’’ parece mesmo estar sempre no cio, e, pior, ela é tão ou mais fértil quanto uma coelha.
Bom, pelo menos para pessoas razoavelmente lúcidas, me parece uma obviedade que quando racismo, homofobia, xenofobia e machismo passam a ser tratados como ‘’verdades’’ estamos diante de um perigo eminente de crimes contra a humanidade a medida em que esse tipo de discurso não é novo e foi justamente utilizado por Benito Mussolini (1883-1945), ditador italiano, criador do modelo de governo fascista.
O fascismo foi um modelo político instaurado na Itália pós Primeira Guerra Mundial (1918) Cercado de entusiasmo popular, se caracterizou pelo nacionalismo exacerbado, pela supressão direitos individuais dos cidadãos e pela crença da existência de raças superiores e inferiores, sendo que a “superior biológica e intelectualmente”, deveria dominar o mundo, algo muito semelhante ao que faria Adolf Hitler, no mesmo contexto, na Alemanha após a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial.
Aliás, abro aqui um parêntese sobre Bolsonaro, que, em declarações para o programa CQC da rede bandeirantes exibido no dia 28/03/12, afirma-se como um admirador de Hitler como um ‘’grande estrategista’’ (você pode ver o vídeo aqui https://www.youtube.com/watch?v=aSJsXlkVtq8) Sem comentários, pois já sabemos os efeitos das ‘’estratégias’’ hitleristas para a humanidade.
O deputado Bolsonaro têm inúmeras afirmações misóginas como “mulher que trabalha fora destrói a família”, “empresário tem todo o direito de pagar menos às mulheres porque elas engravidam’’(Veja o link http://revistacrescer.globo.com/Familia/Maes-e-Trabalho/noticia/2015/02/jair-bolsonaro-diz-que-mulher-deve-ganhar-salario-menor-porque-engravida.html). Ou ainda quando em embate com a colega de parlamento, deputada federal Maria do Rosário disse: ‘’Não te estupro porque você não merece.” (Ver vídeo aqui https://www.youtube.com/watch?v=bVG-qdZiZQ4))
Já Trump relatara ‘’em off’’ a um jornalista durante um ‘’papo de homem’’ uma tentativa de estupro a uma mulher por ele como ‘’vadia’’ e com uma naturalidade canalha de quem parecia estar falando de qualquer coisa, menos de um crime, e não obstante , da violação da dignidade humana de uma pessoa. Como pode-se perceber, ambos tratam a mulher como um objeto e falam como um crime hediondo como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Outrossim, Donald Trump ganhou o pleito canalizando a frustração de uma camada da população, o medo de perder o emprego para imigrantes, ou em suas palavras ‘’porcos latinos’’ que chafurdam a nação norte americana na lama, pois, para além de estorvos, eles seriam em geral criminosos e drogados. E aos serem tratados como ‘’porcos’’, ou seja, animanizá-los significa dizer, mesmo que implicitamente, que com eles pode-se fazer tudo e se vomitar contra eles todo tipo de discurso de ódio e violência. Afinal, que respeito merece um porco? O que é um porco senão um animal asqueroso?
Pois é, esse é um caso de racismo, pois pressupõe a superioridade de um grupo humano sobre outro, no caso os americanos ante aos ‘’porcos latinos’’, algo próximo a qualificar negros como ‘’macacos’’, a medida que ao classificá-los como animais, parece-se emitir uma espécie de licença para tratá-los como tal, dando escopo à ideia de superioridade de um grupo ou raça sobre os demais. É esse o discurso nacionalismo de Trump, dividir a humanidade entre ‘’nós’’ e ‘’eles’’.
Bolsonaro faz a mesma coisa.