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Nem ‘’veado’’, nem ‘’sapatão’’, apenas PESSOAS

domingo, 6 novembro de 2016.

homo

          É muito comum o uso dos termos ‘’veado’’ e ‘’sapatão’’ para se rotular os homossexuais, ora utilizando-os em ‘’brincadeiras’’, supostamente apenas ‘’engraçadas’’ (mas de gosto bastante duvidoso), ora com o intuito de agredir e desumanizar deliberadamente essas pessoas.  Mas também as brincadeiras e piadas não são isentas e carregam consigo os discursos dos preconceitos socialmente difusos, quase sempre  agressivos e não raro desumanos.

          Como fala o ditado popular, toda brincadeira tem um fundo de verdade e, nesse caso, a tal ‘’verdade’’ é uma só: o preconceito espalha-se, feito um câncer agressivo com muitas metástases, no corpo social, manifestando-se em diversas situações e de diferentes formas, seja quando se brinca ou se fala sério.

          Outrossim, o preconceito tem uma função social evidente – construir o  imaginário diferente como  ‘’anormais’’, culpados pelos males e inseguranças daqueles que são ‘’normais’’, através do escárnio, às vezes escamoteado naqueles gracejos ‘’inocentes’’ (ou nem tanto). Exagero?   Vejamos… afinal de contas, o que tem demais em uma ‘’piadinha de veado’’?

          O termo ‘’veado’’, como designador pejorativo atribuído a homossexuais do sexo masculino,  deriva-se  de uma comparação entre eles e o animal da espécie  antílope que recebe essa nomenclatura, animal de características tidas como afeminadas. E é justamente aí que está o problema, trata-se de um animal, ou seja, um ser não humano, sendo, portanto, um ser desigual em relação à humanidade. Ou, em outras palavras, tal qualificação desumaniza o sujeito e, uma vez ‘’retirada’’ a sua humanidade, é ‘’normal’’ tratá-lo como desigual, já que veados não pertencem à espécie humana, sendo, portanto, seres dessemelhantes  dela. Nada a ver? Será que não, mesmo?

          Quando ocorre um crime bárbaro, é comum que o criminoso seja considerado como um ‘’animal’’, por ter cometido um ‘’ato animalesco’’, ou seja, o indivíduo foi capaz de um ato do qual não seriam capazes os seres humanos ‘’normais’’, e que o diferencia da humanidade e o afasta dela pelo ato desumano. O criminoso, seguindo esse raciocínio, não é mais digno de ser visto ou tratado como um igual pela humanidade.

          Dessa forma, animalizar o outro é, portanto, desqualificar sua essência humana e afastá-lo de si e dos seus. Acham pouco??

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