“Dando uma volta” nos arquivos das minhas antigas colunas “Minha Caneta e Eu”, encontrei uma mais ou menos como a que segue. Resolvi adaptá-la e “mandar ver”, já que… como vocês verão… Apesar de ter sido escrita em 1996 (MIL NOVECENTOS E NOVENTA E SEIS!!!!!!!!!!), bom… tirem suas conclusões…
Nos anos todos que tive de Estado, todos os anos, invariavelmente, ouvia meus alunos que tinham ficado para recuperação dizerem: “No ano que vem, professora, vou passar no 3º bimestre!” Aí, “no ano que vem”, escutava de novo a mesma coisa – e, o que é pior – na maioria das vezes, daqueles mesmos alunos que no ano anterior estavam tão cheios de bons propósitos…
Confesso que não consigo entender o que se passa, hoje, em certas “cabecinhas”… Puxa, atualmente, o aluno de escola estadual tem que alcançar APENAS a média 6,0 ! É, eu disse SEIS (ou sessenta, como queiram…). Isso significa que ele deve apresentar um conhecimento de apenas pouco mais de 50% de toda a matéria! Acho isso uma aberração, mas, quando puseram a tal média tão assim “pra baixo”, ninguém foi consultado, não… O que eu não entendo é como é que um aluno, tendo tantas oportunidades de provas, trabalhos, ainda consegue ficar para recuperação! Mas isso não é tudo. Noto uma diferença enorme na reação do aluno que não passa direto: uma grande parte deles – como eles mesmos dizem – “não está nem aí”… Vejam bem – eu disse “uma grande parte deles”- o que significa que há, sim, aqueles que se preocupam… Essa tal “grande parte” parece que acha que tudo se resolverá no Conselho de Classe.
Neste ponto, fui verificar com professores que estão na ativa se isso ainda era assim… Fiquei pasma!! Já naquela época eu disse: “Aliás… diga-se de passagem, essa história de Conselho precisa urgentemente ser revista pelo Estado – pelo menos nos moldes em que é hoje em dia”.
Pois é! Há VINTE anos eu já dizia isso!
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Acho legal certas pessoas que recorrem – estão no seu direito, sem dúvida, mas a gente vê cada uma!…Pra começar, aparecem aquelas mães que nunca foram à escola, nunca sequer telefonaram para perguntar sobre a vida escolar do filho – de repente, arvoram-se em “salvadoras da Pátria”, defensoras das “pobres vítimas indefesas”… Ou, então, aquelas que foram avisadas o ano inteiro de que o filho só estava brincando, que não fazia tarefas, não fazia nada em sala, que não queria “nada com nada”, de repente estão lá – surpresas, brigando, como se nunca tivessem tido conhecimento de nada daquilo… Aí se revoltam quando o tal Conselho faz a opção de reprovar o seu filho… Tenho visto alunos com média final abaixo de 2,0 recorrerem, ou alunos que ficaram numas quatro disciplinas… Onde está o senso de ridículo? De que adianta ser aprovado “na marra”? Será que não dá pra ver que, se a “bomba” não estourou daquela vez, vai acabar estourando mais pra frente? E que aquele conhecimento que deveria ter sido adquirido vai fazer falta no ENEM, nos vestibulares, na vida??
“Moçada”, preste atenção: já não está na hora de se levarem as coisas mais a sério, não? Encarar escola como escola, não como um “hobby”, um lugar assim onde você vai porque “mamãe e papai mandaram”, ou porque você não tem onde ir à noite, ou não tem o que fazer? Vire a mesa, tome uma providência! – Aí, quem sabe, “no ano que vem, você não fecha tudo no 3º bimestre”… E não fica assim nesse sufoco, querendo salvar tudo só “na hora da morte” …
Daqui em diante, estou escrevendo hoje, mesmo… quero dizer, não é mais tirado da coluna citada, então, vou voltar à fonte normal, sem itálico.
O que eu quis, com esta coluna, foi mostrar a triste constatação de que a Escola, como já está mais do que comprovado, não é de agora que vem caminhando a passos de tartaruga…
Mais triste ainda é constatar que, de lá para cá (até de bem antes porque, quando escrevi aquela coluna, já fazia tempo que haviam instituído os tais Conselhos de Classe), nada mudou – nem nessa parte, nem em muitas outras!
O que eu mais criticava, abominava, era o sistema… a maneira como eram feitos os conselhos. Pesquisando hoje, vi que não posso colocar o verbo no passado… pois é a maneira como AINDA são feitos, ou seja: reúnem os professores… alguém da escola vai dirigindo a “sessão” (às vezes os orientadores, supervisores… às vezes o próprio diretor… enfim!). Aí começa a chamada de aluno por aluno. Quem tem algum abaixo da média, se manifesta. Aí se fica sabendo de particularidades da vida do aluno – algumas realmente relevantes para o julgamento final, algumas só “conversas jogadas fora” mesmo. A pessoa que coordena (ou outra) anota, anota, anota numa ata… tomam a decisão e passam para outro aluno. Parece legal, né?
Seria… não fossem os casos que se notam, muitas vezes, de total desrespeito com o aluno (começando, não raramente, com o desrespeito ao próprio colega, quando professores chegam com enorme atraso, atrasando o conselho inteiro…)… a total ausência de bom senso de alguns… docentes “batendo o pé” para reprovar sozinho um aluno por uns míseros décimos (se o aluno era tão ruim, por que já não tirou uma nota bem distante da necessária??).
Mas o que mais espanta é o que se faz com aquelas anotações todas… Elas só se justificariam se, após, fosse feito um trabalho com o aluno… Chamado, conscientizado sobre o que foi falado dele, de suas falhas, de suas falhas de conduta… Fazendo-o comprometer-se em melhorar no próximo ano… Talvez até chamado os pais também… Mas não! Aquilo morre ali! Para quê, então? Com qual finalidade?
Se alguma escola foge a isso, por favor, me fale… seria uma honrosa exceção!
É por esse motivo o título… A Educação não pode mais continuar nesse ‘passinho”!
Como viram, duas coisas continuam iguaizinhas: o descaso, a falta de objetivos dos alunos (isso até piorou, segundo se ouve direto por aí), e a burocracia “autômata” dos Conselhos de Classe.