Publicidade
Publicidade

Notícias / Geral Acusado de matar Marielle buscou dados de pesquisadores e ativistas de direitos humanos

quarta-feira, 20 março de 2019.

O policial militar reformado Ronnie Lessa, realizou pesquisas online ativistas e pesquisadores da área de direitos humanos

Ativistas e pesquisadores da área de direitos humanos dedicados à segurança pública foram alvos prioritários de pesquisas online feitas pelo PM reformado Ronnie Lessa ao longo do ano que antecedeu os assassinatos a tiros de Marielle Franco (PSOL) e Anderson Gomes em 14 de março de 2018. Acusado de ter feito os disparos, Lessa foi preso na semana passada com o ex-PM Élcio Queiróz, apontado como motorista do automóvel usado no crime.

O policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos (à esquerda), e o ex-policial militar Elcio Vieira de Queiroz, de 46 (à direita), presos acusados de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes

Na lista de objetos da pesquisa digital feita por Lessa, ao lado do deputado federal Marcelo Freixo e do deputado estadual Flávio Serafini (ambos do PSOL), aparecem os nomes de duas pesquisadoras da ONG Redes da Maré, uma especialista da Anistia Internacional e uma ativista da ONU Mulheres. Muito conhecidas por sua atuação na área de segurança, a socióloga Julita Lemgruber e a antropóloga Alba Zaluar também foram listadas, segundo o relatório final do inquérito da primeira fase do crime, assinado pelo delegado Giniton Lages, da Divisão de Homicídios.

“Este é um crime grave, e as investigações têm mostrado que se trata de um crime político, voltado para atingir um campo ideológico”, disse Serafini. “Pedimos esclarecimentos ao MP sobre o risco corrido por todas essas pessoas envolvidas, reforçando a necessidade de se encontrar o mandante do crime. A impressão que se tem não é de que se trata de um louco investigando a esquerda, mas sim um estudo sobre um determinado campo político que seria alvo de um atentado.”

Policiais responsáveis pela investigação do crime analisaram as buscas feitas por Lessa a partir de primeiro de janeiro de 2017 até o dia do assassinato. Em abril de 2017, Lessa começou a fazer levantamentos sobre o Freixo e alguns dos seus familiares. Em email mandado para si mesmo, ele debochou da defesa dos direitos humanos: “Adotem um bandido, viva o PSOL”, escreveu.

Curiosamente, Lessa também fez buscas sobre o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), chefe do DOI-CODI de São Paulo durante a ditadura (1964-1985). Ele foi o primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça como torturador.

“A análise incidente sobre o perfil das pesquisas indica singular obsessão pelo parlamentar Marcelo Freixo”, aponta o relatório, lembrando que foram mais de 30 pesquisas sobre o deputado. Em abril/17, no entanto, Lessa pesquisou também informações sobre deputado estadual Flávio Serafini. Em julho de 2017, o PM reformado ampliou suas pesquisas e buscou dados sobre pesquisadoras da ONG Redes da Maré e da Anistia Internacional.

“A gente acabou sabendo dessa questão em função da prisão dele na semana passada e por intermédio da imprensa”, afirmou a ativista Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré. “A minha questão é: desde quando a polícia e o MP sabem disso e por que só deixaram para divulgar depois da prisão?”

No mesmo mês, Lessa realizou pesquisas sobre Pedro Mara, diretor do Ciep 210, de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. O professor se envolveu em uma polêmica com o então deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), que pediu seu afastamento da escola por ter uma folha de maconha tatuada no antebraço. Ao saber que seu nome aparecia nas buscas de Lessa, Mara anunciou pretender deixar o País.

No início de março de 2018, o PM reformado faz pesquisas sobre a Alba Zaluar e Julita Lemgruber. Ele também faz buscas sobre uma escritora e ativista da ONU Mulheres.

“A revelação de que os suspeitos de matar Marielle e Anderson estavam investigando nomes de pessoas que se dedicam à questão da garantia de direitos é muito grave e torna ainda mais urgente que a Polícia chegue aos mandantes dessas mortes”, afirmou Julita Lemgruber. Alba também considerou o fato grave. “Isso é muito ruim, uma interferência no processo democrático”, disse ela.

As pesquisas sobre Marielle Franco começaram apenas no fim de fevereiro do ano passado, quando Lessa buscou informações sobre políticos do Rio que foram contrários à intervenção federal na segurança do Estado. Como vereadora, Marielle tinha sido indicada relatora da comissão criada para acompanhar a ação militar.

Lessa buscou  informações nas redes sociais de Marielle e, no início de março, começou fazer monitoramento mais específico dos deslocamentos da vereadora e de suas rotinas.

“Enquanto não tivermos a informação sobre quem mandou matar Marielle e sobre os motivos, viveremos essa situação dramática”, avaliou o ouvidor da Defensoria Pública, Pedro Strozenberg. “Porque o drama de quando não temos informação e esclarecimento é que todas as pessoas passam a ser alvos em potencial.”

Publicidade
domsegterquaquisexsáb
21222324252627
282930    
       
     12
31      
    123
2526272829  
       
28293031   
       
     12
31      
   1234
2627282930  
       
293031    
       
     12
       
      1
3031     
      1
30      
   1234
262728    
       
  12345
2728     
       
28      
       
      1
       
     12
2425262728  
       
      1
3031     
     12
24252627282930
       
  12345
2728293031  
       
2930     
       
    123
25262728293031
       
    123
18192021222324
25262728   
       
 123456
78910111213
21222324252627
28293031   
       
     12
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31      
   1234
567891011
12131415161718
19202122232425
2627282930  
       
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
293031    
       
     12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
       
  12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031  
       
      1
9101112131415
23242526272829
3031     
    123
252627282930 
       
 123456
14151617181920
21222324252627
28293031   
       
      1
9101112131415
16171819202122
23242526272829
30      
   1234
567891011
       
   1234
12131415161718
19202122232425
262728    
       
293031    
       
    123
11121314151617
       
  12345
13141516171819
27282930   
       
      1
23242526272829
3031     
    123
18192021222324
252627282930 
       
28293031   
       
   1234
567891011
       
     12
3456789
17181920212223