O governo dos Estados Unidos retirou nesta segunda-feira (17) centenas de americanos do cruzeiro em quarentena no Japão, onde continua aumentando o número de infectados pelo novo coronavírus, que já matou 1.770 pessoas na China.
Quase 300 americanos embarcaram ao lado de suas famílias em dois aviões: o primeiro pousou na Califórnia às 7h29 GMT (4h29 de Brasília), enquanto o segundo deve aterrissar nas próximas horas no Texas. Os repatriados serão submetidos a uma quarentena de 14 dias, período de incubação do novo coronavírus.
Entre os que retornaram aos Estados Unidos estão 14 casos positivos – de pessoas cujos resultados dos exames chegaram apenas no decorrer da operação de retirada -, anunciou o Departamento de Estado americano. Os infectados foram isolados dos demais passageiros no avião.
Em paralelo, ao menos 40 americanos que foram infectados a bordo do cruzeiro “Diamond Princess” estão hospitalizados no Japão, segundo Washington.
Mais de 350 cidadãos dos Estados Unidos estavam a bordo do navio, mas nem todos aceitaram sair do cruzeiro.
Outros governos, como Austrália e Itália, anunciaram a intenção de repatriar seus cidadãos. Hong Kong também expressou o desejo de retirar quase 330 pessoas do território o mais rápido possível. O Canadá tomou a mesma decisão para 250 canadenses. Fora da China, o principal foco de infecção da epidemia no mundo continua sendo o “Diamond Princess”, que foi colocado em quarentena com 3.711 pessoas a bordo no início de fevereiro no porto de Yokohama.
De acordo com o balanço mais recente divulgado pela imprensa local, que cita fontes do Ministério japonês da Saúde, ao menos 454 pessoas que viajavam no navio foram infectadas. Os pacientes com resultado positivo para a doença são levados para hospitais do Japão.
Durante a quarentena, os passageiros devem permanecer em suas cabines. Até o momento, 1.723 foram submetidos a exames para detectar o vírus.
A epidemia de COVID-19 matou 105 pessoas nas últimas 24 horas na China continental, o que eleva para 1.770 o número de vítimas fatais no país desde o surgimento da epidemia viral em dezembro em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), anunciaram as autoridades chinesas nesta segunda-feira.
Fora da China continental, cinco mortes foram registradas (uma nas Filipinas, uma em Hong Kong, uma no Japão, uma na França e uma em Taiwan), o que eleva o número de vítimas fatais para 1.775 no mundo.
O número de contagiados chega a 70.500 na China, e a quase 800, em 30 países e territórios.
– Celebrações canceladas –
Fora da China, depois de Singapura (75 casos), o Japão é o país mais afetado do mundo pela epidemia. Além dos casos no cruzeiro “Diamond Princess”, as autoridades nipônicas informaram sobre 60 portadores do coronavírus em diferentes regiões do país.
O ministro da Saúde, Katrsunobu Kato, advertiu no domingo (16) que o Japão entrava em uma “nova fase” da infecção viral, depois que o país passou a constatar a cada dia casos adicionais entre pessoas que não viajaram para a China e que não estiveram em contato com visitantes procedentes deste país.
O ministro pediu aos japoneses que evitem reuniões e locais movimentados. O receio provocado pelo coronavírus provocou o cancelamento da cerimônia pública de aniversário do imperador Naruhito, assim como da maratona de Tóquio para atletas amadores.
Em outros países, a preocupação aumenta, depois que uma americana que viajava no cruzeiro “Westerdam” apresentou resultado positivo para o novo coronavírus. O navio atracou na semana passada no Camboja com 2.200 passageiros e membros de tripulação, após a recusa de cinco portos asiáticos.
Mais de 1.200 dos 1.455 passageiros desembarcaram. Alguns permaneceram em Phnom Penh e serão submetidos a exames antes da repatriação, enquanto outros deixaram o Camboja em voos comerciais com destino a seus países. Muitos deles seguiram via Malásia, onde a americana foi diagnosticada.
Em Pequim, especialistas enviados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciaram reuniões com os colegas chineses.
– Parlamento chinês –
O número diário de novas mortes cresce na China, mas a um ritmo menor nas últimas 72 horas (105 na segunda-feira, contra 142 no domingo e 143 no sábado). O balanço diário de infectados aumenta moderadamente.
Em visita ao Paquistão, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse confiar em que os “esforços gigantescos da China permitirão o retrocesso progressivo da doença”.
O Parlamento chinês avalia a possibilidade de adiar a sessão plenária de dez dias, o grande evento anual do regime comunista, prevista para começar em 5 de março.
Nesta segunda-feira, o Banco Central da China reduziu a taxa de juros para os empréstimos de um ano aos estabelecimentos financeiros, com o objetivo de estimular a recuperação da economia, paralisada pelo coronavírus.
O salão do automóvel de Pequim, que aconteceria de 21 a 30 de abril, será adiado devido à epidemia, anunciaram os organizadores.
A epidemia pode ter um efeito negativo no crescimento mundial em 2020, segundo a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, que mencionou uma perda de entre 0,1 e 0,2 ponto percentual.
Fonte: Istoé