Sem uma ajuda emergencial, em 15 dias a ATA deve paralisar suas atividades após 18 anos de trabalhos ininterruptos em prol da área ambiental e social de Goioerê
Em reunião realizada na tarde de sexta-feira, 31, a diretoria da Associação de Coletores Recicláveis de Goioerê apresentou a situação financeira da entidade para os coletores que trabalham no local, e com um déficit que vem se acumulando há três anos aliada a ações trabalhistas, levou a diretoria a anunciar que a ATA poderá encerrar suas atividades.
A notícia pegou a todos de surpresa, deixando a maioria dos coletores desesperados com o futuro. A coordenação da Associação apresentou uma proposta de redução de 50% da diária a partir da próxima semana, para que em um prazo de 4 meses consigam saldar algumas dívidas e tentar reorganizar a situação financeira.
Segundo informações, os colaboradores vão dar uma resposta até segunda-feira, 3. No entanto, muitos já acenaram que não conseguem manter as despesas da família ganhando R$ 20 reais de diária.
A ATA paga uma diária de R$ 40,00 por colaborador. Atualmente conta com cerca de 20 pessoas trabalhando diariamente na Associação, que se dividem no trabalho da reciclagem, na trituração das galhadas, na organização dos vidros e com a segurança do local.
Com uma despesa mensal em torno de R$ 18 mil, a Associação de Coletores assumiu nos últimos três anos 5 ações trabalhistas que se não fossem resolvidas deixaria a entidade sem certidões em dia para receber os repasses municipais.
CRISE FINANCEIRA COMEÇOU HÁ TRÊS ANOS
Em seus 18 anos de existência, a ATA sempre teve como principal parceira a Prefeitura de Goioerê. Isso porque, a ATA tem uma função social e ambiental muito importante para o município.
Se a ATA não existisse a Prefeitura teria a obrigação de ter um projeto de coleta seletiva no município, que é uma exigência através da lei nº 12.305/10, que tornou obrigatória a implantação da coleta seletiva nos municípios.
E a ATA sempre foi usada para que a Administração comprove que realiza a coleta seletiva. Diante disso, desde sua existência as administrações foram parceiras, realizando repasses.
9 MESES SEM REPASSE NA ATUAL ADMINISTRAÇÃO
No entanto, no inicio da atual gestão do Prefeito Pedro Coelho, em 2017, por questões de divergências políticas, a administração ficou 9 meses sem convênio com a Associação, período em que acumulou uma dívida de aproximadamente R$180 mil, parte dela fruto de rescisões que tiveram que ocorrer pela crise e que para piorar gerou uma carga tributária mensal de R$ 2.500,00.
Depois de muita pressão da sociedade organizada, a Administração restabeleceu o convênio com a ATA, mas a situação financeira já estava comprometida.
EM 2020 FOLHA DE PAGAMENTO FOI RETIRADA DO CONVÊNIO
Não bastasse todas as dificuldades e desafios que a Associação enfrentou nos últimos 3 anos, neste ano de 2020 a Prefeitura comunicou a direção da ATA que os recursos não poderiam mais ser utilizadas para custear despesas com funcionários.
Atualmente os repasses mensais que a Prefeitura faz no valor de R$ 15 mil, só podem ser utilizados em gastos com combustível e manutenção, que são gastos variáveis podendo fazer uma contenção de despesas.
Já o mesmo não ocorre com a folha de pagamento que tem uma despesa fixa para pagar os cerca de 20 colaboradores da ATA.
NOVA SEDE E MAIS SERVIÇOS
Com a mudança de local, no ano passado (2019) quando foi inaugurada a nova sede, na estrada da Pedreira, nas proximidades da Vila Rural Candeias, a Prefeitura repassou para a ATA, como contrapartida dos recursos, o serviço de trituração de galhadas.
Além disso, a ATA também passou a receber os vidros que são coletados às sextas-feiras em toda cidade. Serviços que demandaram mais mão de obra e aumento de despesas.
Depois de muita insistência, a Prefeitura disponibilizou 3 funcionários para ATA, que infelizmente chegou tarde demais, com a Associação quase fechando suas portas.
FALTA DE APOIO POLÍTICO
Lamentável que um projeto da importância social e ambiental da ATA não tenha prioridade na atual Administração.
Nem mesmo quando o rotariano Eliseu Lemes tentou buscar recursos junto aos deputados estaduais e federais sem que a Administração estivesse junto intercedendo junto aos seus deputados pelos projetos.
Das dezenas de projetos, apenas o deputado federal Hermes Frangão Parcianello atendeu os pedidos, destinando R$ 200 mil para conclusão da sede da ATA e outros R$ 150 mil para aquisição de uma Van, cujo recurso foi depositado na conta da Prefeitura, mas que nunca chegou para a ATA.
AJUDA EMERGENCIAL PARA SALVAR A ATA
Infelizmente se a sociedade organizada, empresários e até mesmo a Administração Pública não socorrer imediatamente, a Associação de Coletores vai encerrar as atividades.
Vale destacar que a ATA vinha administrando a crise financeira, que se agravou ainda mais com a pandemia do coronavírus onde o volume de comercialização do material coletado pela ATA diminuiu, enquanto a compra se manteve, já que a Associação tem um compromisso social com os coletores da cidade que vendem diariamente os materiais que coletam em Goioerê.
PROMOÇÕES
Recentemente duas lives de cantores de Goioerê arrecadaram um volume em dinheiro considerável que foram repassados para entidades.
Talvez neste momento se todos se unissem em prol da ATA, que necessita até dezembro de recursos extras para tentar equilibrar suas contas e voltar a caminhar com um novo planejamento e cortes.
A informação é que a partir da próxima semana a ATA interromperá a trituração de galhadas, como forma de conter gastos, já que este não é o serviço prioritário da Associação de Coletores de Materiais Recicláveis de Goioerê.