O Banco Central Europeu (BCE) elevou as taxas de juros em 0,50 ponto percentual nesta quinta. É a primeira elevação promovida pelo banco desde 2011 e a maior desde os anos 2000. O banco também divulgou um novo programa de compra de títulos para manter os custos de empréstimos sob controle para os países mais endividados da zona do euro.
Com a decisão, a taxa de depósito passou de 0%, ante -0,5% e a taxa de refinanciamento saiu de 0% para 0,5%. A taxa de empréstimo subiu de 0,25% para 0,75%.
Com a alta, o juro europeu sai do território negativo. Após o anúncio, o euro e o mercado de títulos públicos europeus operavam com altas.
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“O Conselho do BCE considerou apropriado dar um primeiro passo maior na sua trajetória de normalização das taxas de política do que o sinalizado na sua reunião anterior. Esta decisão baseia-se na avaliação atualizada dos riscos de inflação pelo Conselho do BCE e no reforço do apoio prestado pelo TPI à transmissão efetiva da política monetária”, destacou o banco.
– As pressões de preços estão se espalhando por mais e mais setores. A maioria das medidas de inflação subjacente aumentou ainda mais. Esperamos que a inflação permaneça indesejavelmente alta por algum tempo – disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, em entrevista coletiva após o anúncio.
Segundo o comunicado do banco, nas próximas reuniões será adequada uma maior “normalização das taxas de juro”.
“A antecipação hoje da saída das taxas de juro negativas permite ao Conselho do BCE fazer uma transição para uma abordagem reunião a reunião para as decisões sobre as taxas de juro”, destaca.
É ressaltado que a trajetória da política monetária continuará a depender da divulgação dos dados e que ela tem como meta cumprir o objetivo do banco de inflação de 2% a médio prazo.
O anúncio já era esperado pelo mercado, apesar das maiores apostas estarem na casa do 0,25 ponto percentual. E ele não é isolado. Diversos banqueiros centrais de todo o mundo estão elevando as taxas, alguns deles em um ritmo que não era visto há décadas.
A alta promovida pelo BCE ocorre em meio a um contexto de inflação alta na Europa, intensificada pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
A taxa anual de inflação ao consumidor da zona do euro atingiu nova máxima histórica de 8,6% em junho, ao acelerar de 8,1% em maio, segundo dados finais divulgados nessa semana.
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Combater a fragmentação
Ainda havia, por parte dos agentes do mercado, a expectativa sobre sinalizações do banco a respeito de como seria seu instrumento contra a “fragmentação”.
O termo se refere aos casos em que há falta de paridade na transmissão da política monetária entre os países da zona do euro, isto é o risco de que uma grande lacuna se abra entre os custos de contrair empréstimos em países como a Alemanha e outros mais endividados como Itália, Espanha e Grécia.
Ela pode ser medida pela diferença entre os rendimentos dos títulos públicos.
Numa tentativa de amortecer esse impacto, o BCE divulgou o Instrumento de Proteção à Transmissão (TPI, na sigla em inglês). Ele permitirá que a autoridade monetária compre títulos quando vir sinais de fragmentação financeira
O banco disse que o instrumento “pode ser ativado para combater dinâmicas de mercado injustificadas e desordenadas”.
“A escala das compras de TPI depende da gravidade dos riscos enfrentados pela transmissão da política”, afirmou o banco.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, já havia prometido combater a fragmentação desse tipo em declarações recentes.
Fonte: OGlobo