A derrota para a Sérvia na final da Liga Mundial deixou Bernardinho carregado de interrogações. Ainda procura entender porque o Brasil que tinha travado uma grande batalha contra a França parecia um outro time 24 horas depois. Por que foram cometidas tantas falhas? Por que uma postura menos agressiva num jogo decisivo? Por que não conseguiu fazer com que o time voltasse ao rumo como nas outras vezes? A 20 dias da estreia na Olimpíada do Rio, o técnico da seleção diz que a responsabilidade foi sua, por não ter preparado bem o grupo, e que é hora de uma reflexão conjunta para voltar aos eixos na reta final. Além de seus próprios questionamentos, o técnico também comentou sobre a decisão de escalar Tiago Brendle no lugar de Serginho, neste domingo. O que gerou surpresa em quem acompanhava a partida e até dúvidas sobre a integridade física do líbero campeão olímpico. Respirou fundo após a pergunta e começou a responder.
– Eu sabia que ia vir alguma coisa desse tipo, que não tem a ver… Imputar isso à forma que o time jogou é inapropriado. Mas as pessoas vão ter que achar uma razão para um debate dessa natureza para a quantidade de erros que aconteceram. Os números da temporada, frios, existe uma eficiência grande do Tiago, uma eficiência do Escada, a do Tiago está até um pouco maior, mas obviamente uma série de outros aspectos tem que ser avaliados. Os números do Tiago hoje não foram ruins. Primeiro que nós cometemos 24 erros. Então, nós precisávamos tomar uma decisão nesses dias e seria muito fácil seguir a conveniência. Mas infelizmente alguém tem que fazer o que é certo. E não dar oportunidade para jogar… Mas serve também para avaliar, sob o ponto de vista do intangível talvez o Sergio tivesse sido uma influência mais positiva. É impossível alguém dizer. Eu tenho feito o revezamento nos últimos três torneios e tem sido positivo. E hoje não aconteceu. Só que não dá nem para julgar porque o jogo não aconteceu. A grande pergunta que se faz é por que o time errou tanto hoje, na final, num ano decisivo? Por que jogadores tão importantes erraram tanto ou não foram decisivos? Certamente o responsável sou eu porque não preparei corretamente, não dei os subsídios necessários ou não os conscientizei do que seria importante ser feito – disse.
Apesar de a campanha ter sido marcada por mais pontos positivos do que negativos, ele ressalta que o revés liga a luz de alerta e deixa claro que o Brasil não é favorito e que caminho até o pódio olímpico não será fácil.
– Ainda bem que foi agora. Tem que se aprender com isso, se fortalecer, seguir em frente, saber que esse é um time que não vai ganhar com facilidade, com distância, que vai ter que sofrer para conquistar o que quer conquistar. Essa é a lição importante que a gente tem que levar. Quero me desculpar em nome do grupo porque não conseguimos realizar uma partida digna de uma final. É duro, é difícil. Alguma falha na preparação houve e as coisas acabaram não acontecendo da forma que gostaríamos. Tivemos tanta chance, mas não senti capacidade de concentrar o time, de dirigir o time corretamente, estava extremamente fora. A gente tem que tentar entender o porquê da mudança em 24 horas. Do ponto de vista emocional e tecnicamente. Vale a reflexão. Foi uma campanha muito positiva e uma lição muito dura no final. A gente tem que aprender assim. Temos que usas essa experiência que tivemos para tentar alguma coisa melhor na Olimpíada. O jogo de hoje demonstrou que não somos favoritos, como eu havia dito, mas a campanha comprova que temos condições de brigar.
Depois da disputa da Liga Mundial, os jogadores terão dois dias de folga até retomarem o trabalho no CT de Saquarema. Lá só se apresentarão os 12 que integrarão o time olímpico. Três cortes serão feitos esta semana. As dúvidas declaradas de Bernardinho eram com relação às vagas de ponteiro e central. Ele ainda aguarda uma avaliação da lesão na panturrilha de Murilo para tomar uma decisão. Lipe voltou a jogar após se recuperar, Douglas entrou em uma partida em Cracóvia e Maurício Borges atuou em todas. Por conta dela, o experiente ponteiro ficou fora de toda a fase final. Entre os centrais, Maurício Souza cresceu e acabou sendo eleito o melhor oposto da competição. Eder também se destacou, sobretudo no saque. Isac também é considerado um integrante forte na briga. O treinador afirma que o que o anima é ver a possibilidade grande de crescimento da equipe até os Jogos.
– Temos muitos ajustes a fazer. Depois do jogo de hoje é recolocar as coisas no eixo, do ponto de vista de tranquilidade, de trabalho, de resiliência. Tem que haver uma reflexão conjunta, do grupo, para que a gente possa buscar esses caminhos. Não somos favoritos, mas somos candidatos. Vale uma reflexão coletiva e verdadeira. Quem sabe esse sofrimento não seja uma fonte de crescimento, da construção de um caminho na reta final para a Olimpíada?
Fonte: GloboEsporte.com