O juiz criminal Alberto José Ludovico começou a ouvir as testemunhas do caso Eduarda Shigematsu na tarde desta quinta-feira (3). Ao todo, 11 pessoas comparecem ao Fórum de Rolândia e prestaram depoimentos por cerca de quatro horas de audiência. Dentre elas a mãe da menina de 11 anos morta em abril e cujos principais acusados de terem cometido o crime são o pai, Ricardo Seidi, e a avó, Terezinha de Jesus Guinaia.
Dentre as testemunhas estavam uma amiga de Eduarda, policiais que atenderam a ocorrência, uma conselheira tutelar, vizinhas da residência em que a menina morava com a avó e a mãe de Eduarda. Muito abalada, Jéssica Pires preferiu não conversar com a imprensa e saiu em um carro pela lateral do Fórum. A jovem mora em Itupeva (SP) e falou por cerca de 40 minutos sobre os fatos ocorridos entre os dias 24 e 28 de abril deste ano.
De acordo com o advogado Hugo Esteves, defesa da mãe de Eduarda, os testemunhos corroboraram a tese da acusação e, também, as informações colhidas pela perícia nos celulares de Seidi e Guinaia.
“Na nossa ótica os testemunhos apenas fortalecem a tese da acusação, no sentido de que Ricardo e Terezinha realmente praticaram os crimes a eles imputados. Existem diversas conversas via WhatsApp, perícias em telefones utilizados pela ré Terezinha formando este conjunto probatório”, explicou.
O corpo de Eduarda Shigematsu foi encontrado em 28 de abril enterrado nos fundos da casa onde a vítima morava com a avó, quatro dias depois do seu desaparecimento. De acordo com a perícia do IML (Instituto Médico Legal), a causa da morte foi asfixia e a menina também teria sido amarrada com uma corda. Por conta disso, Ricardo Seidi e Terezinha de Jesus Guinaia são acusados de homicídio triplamente qualificado – sem chances de defesa a vítima.
A única testemunha arrolada pelas defesas na tarde desta quinta-feira foi o irmão da avó de Eduarda. De acordo com o advogado dela, Mauro Valdevino da Silva, Guinaia não sabia do paradeiro da neta e do crime. “Ela não sabia. Inclusive alguns depoimentos que foram prestados hoje (quinta-feira, 3/10) deram conta exatamente que quando do dia dos fatos, naquele momento, ela saiu procurando Eduarda e no sábado (27) ela teve uma discussão com o Ricardo para que ele ajudasse a procurar. Então isso foi confirmado pelas testemunhas de tal forma que ela não poderia saber que o Ricardo era o autor do crime”, afirmou.
Questionado, o advogado disse que Terezinha está muito abalada, foi diagnosticada com depressão e passou a fazer uso de remédios para dormir. Dentre as medidas cautelares imputadas a ela estão o comparecimento em juízo e a proibição de ter contato com o filho Ricardo.
As oitivas serão retomadas na tarde desta sexta-feira (4). Dentre as testemunhas está uma investigadora da Polícia Civil que deve ser ouvida através de videoconferência.
A reportagem não conseguiu conversar com a defesa de Ricardo Seidi. Os advogados já haviam peticionado à Justiça para que ele fosse ouvido também desta forma. O pai de Eduarda, que segue preso preventivamente na Casa de Custódia, em Londrina, confessou ao delegado Ricardo Jorge ter sido responsável pela ocultação do cadáver nos fundos de casa, no entanto negou que tenha assassinado a menina. Já Terezinha de Jesus chegou a ser presa, mas a defesa conseguiu um Habeas Corpus e ela foi solta no dia 27 de junho.
O crime teve ampla repercussão e moradores de Rolândia chegaram a fazer uma passeata em homenagem a jovem e em busca de justiça. À época dos fatos, Ricardo Seidi disse à polícia que acredita que Eduarda havia se suicidado. Em áudios enviados via aplicativos de mensagens instantâneas à mãe de Eduarda, Seidi chegou a relatar quais medidas estava tomando para encontrar a filha.
“Então Jéssica, fui lá no Batalhão agora e já formalizei o boletim de ocorrência. Infelizmente, até agora, não tem notícia. Tem que aguardar. Já falei com a vizinhança aqui. Um vizinho da frente tem até câmera, mas não funciona. A câmera do outro vizinho não pega a frente da minha casa. As câmeras da minha casa aqui acabaram de ser instaladas, então não tem nada de novidade”, disse. (Folha de Londrina)