Publicidade
Publicidade

Notícias / Geral Como identificar quando o ‘beber socialmente’ vira dependência em álcool?

quarta-feira, 2 março de 2022.

Foto: Reprodução/Istoé

Fissura, tolerância às bebidas e síndrome de abstinência são alguns sinais de alerta
O consumo de bebidas alcoólicas está presente em encontros com amigos, festas e reuniões familiares, mas pode virar um problema quando a quantidade de doses ingeridas e a frequência do uso saem do controle. A transição entre o “beber socialmente” e a ingesta abusiva nem sempre é percebida, mas alguns sinais servem de alerta, segundo especialistas. Se o consumo de álcool começa a atrapalhar relações e tarefas, se a tentativa de evitar a substância gera fissura ou síndrome de abstinência e se a pessoa começa a aumentar o volume de bebida ingerida para atingir o mesmo prazer, pode ser um caso de dependência ou uso abusivo de álcool.

De acordo com Zila Sanchez, professora do departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os critérios para o diagnóstico se baseiam nos problemas sociais, biológicos e psicológicos causados pelo consumo de álcool, e se dividem em três diferentes graus: leve, moderado ou grave.
“Se a pessoa apresenta fissura, que é aquela vontade muito grande de consumir álcool; se ela bebe e precisa de mais doses para ter o mesmo prazer que tinha antes, criando-se uma tolerância, esses são alguns dos sintomas. Outro critério, por exemplo, é a síndrome de abstinência, que é quando a pessoa fica sem o álcool e começa a passar mal, ou quando começa a ter problemas no emprego e na família porque está bebendo demais”, exemplifica a especialista.

O problema está descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), e 11 questões com respostas “sim” ou “não” ajudam na identificação. “O número de ‘sims’ que a pessoa tiver, ou seja, os sintomas que realmente acontecem com ela, vão pontuar para descrever se ela tem grau leve, moderado ou grave – se a pessoa não tiver nenhum daqueles sintomas, é porque não tem problema nenhum com o álcool”, explica Sanchez.
Como reconhecer os sintomas em si mesmo?
Embora as pessoas com o transtorno possam ter dificuldades em reconhecer os próprios sintomas e em aceitar ajuda, alguns questionamentos feitos a si mesmo auxiliam no entendimento. De acordo com Arthur Guerra, psiquiatra e presidente executivo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), quem estiver em dúvida pode se perguntar:

Você já tentou parar de beber e não conseguiu?
Sente-se incomodado com críticas sobre o quanto ingere de bebida alcoólica?
Acha que bebe mais do que gostaria?
Tem que beber logo que acorda para diminuir o mal-estar?
“Caso a pessoa identifique que o consumo de álcool está sendo um problema, vale conversar com familiares e amigos próximos, além de buscar ajuda profissional, como uma consulta médica, e realizar acompanhamento psicológico”, explica Guerra.

CLIQUE AQUI E RECEBA AS NOTÍCIAS EM PRIMEIRA MÃO

 

Papel da família
Familiares e amigos são, em geral, os primeiros a notarem os prejuízos relacionados ao uso abusivo de álcool. “Primeiro porque, muitas vezes, a pessoa está mais violenta, mais agressiva; segundo porque ela fica bebendo o dia inteiro e acaba não fazendo as outras coisas da casa – a pessoa precisa ir para o trabalho e não foi, acorda de ressaca e precisa tomar uma cerveja para ficar bem, esquece os compromissos dela”, exemplifica Sanchez.

De acordo com a especialista, os familiares desempenham um importante papel na motivação e no incentivo para que a pessoa busque auxílio de um profissional de saúde, como psicólogo ou psiquiatra. “Essa família vai tentar conversar com a pessoa, mas, na maior parte das vezes, vai demorar até ela topar buscar ajuda. Por isso, esse processo tem que ter uma insistência, mas sempre de uma forma acolhedora”, explica.

Fatores de risco
O psiquiatra Arthur Guerra ressalta que existe um componente genético associado à dependência de álcool, mas que, embora ele eleve o risco de uso problemático da substância, não é determinante. “O ambiente de formação, a disponibilidade e facilidade de acesso, a permissividade dos pais, entre outros, são importante componentes ambientais para o desenvolvimento da doença”, destaca.

Além disso, existem fatores de proteção que compensam os de risco representado pela genética. “A pessoa que começa a se envolver em outras atividades, que é superativo na escola, que não se envolve, por exemplo, com os amigos que bebem mais, começa a tomar algumas decisões na vida que acabam fazendo que ela se exponha menos ao álcool e nem desenvolva essa dependência”, explica Zila Sanchez, professora de Medicina Preventiva.

Segundo a especialista, quanto mais cedo uma criança ou adolescente ingerir álcool pela primeira vez, maiores são as chances de desenvolverem um transtorno relacionado ao uso de álcool na idade adulta, mesmo sem, inicialmente, preencherem os critérios de diagnóstico, que dependem de um tempo de consumo que elas ainda não têm. “Para o adolescente começar a perder a sua relação social, deixar de lado todas as suas atividades para beber, ter abstinência e fissura, acaba demorando um pouco mais. Então, muitas vezes, esses transtornos começam a aparecer no fim da adolescência e começo da idade adulta.”

Diferenças entre homens e mulheres
O álcool se comporta de forma diferente no organismo de homens e mulheres. “Primeiro, porque as mulheres produzem menos ADH (vasopressina), que é o hormônio que degrada o álcool no corpo, então elas ficam por mais tempo com o álcool no organismo. Segundo, porque elas têm uma quantidade de litros de sangue menor do que os homens, então, quando você tem menos líquido para diluir o álcool no corpo, a concentração vai ser maior”, explica Sanchez.

Isso faz com que, comparando homens e mulheres de tamanhos médios, a mulher tenha 30% maior concentração alcoólica tomando a mesma quantidade do que o homem. Com isso, elas têm maior probabilidade de problemas mesmo com níveis de consumo mais baixos.

Como tratar?
Os tratamentos para a dependência de álcool envolvem diferentes métodos, que podem ser adotados de forma combinada, de acordo com o psiquiatra Arthur Guerra. São eles:

Farmacológico (uso de medicamentos que diminuem a fissura pela bebida alcoólica);
Psicoterapia;
Grupos de ajuda mútua, como os Alcoólicos Anônimos;
Hospitalização, para casos mais graves;
Atividades físicas.
No entanto, o especialista reforça que não existe um tratamento padrão. “Cada paciente vai se encaixar melhor em algum dos tratamentos mencionados. O importante é que seja individualizado e humano, pois assim os resultados são melhores e mais consistentes”, explica.

Prevenção
Para os especialistas, a melhor maneira de evitar os transtornos causados pelo consumo de bebidas alcoólicas na sociedade é por meio de políticas públicas de proteção social relacionadas à obtenção de álcool na sociedade. Zila Sanchez explica que a Organização Mundial de Saúde (OMS) lista diferentes práticas para que um país reduza o número de pessoas dependentes de álcool.

“A primeira delas é o aumento de preço. Quando você aumenta o preço da bebida, as pessoas têm mais dificuldade de comprar e, ao invés de beberem 10 latas, vão beber cinco. A outra questão é reduzir a disponibilidade. Hoje, por exemplo, o acesso ao álcool é muito fácil no Brasil. Você pede no aplicativo e, em meia hora, está na sua casa, a qualquer hora do dia, mesmo de madrugada ou sete horas da manhã.”

Já o psiquiatra Arthur Guerra destaca que é importante conscientizar a população sobre o impacto do uso nocivo do álcool na sociedade com dados e informações de qualidade, endossadas cientificamente. “A meu ver, o envolvimento conjunto do poder público, iniciativa privada e organizações da sociedade civil traz maior efetividade na prevenção de prejuízos e no tratamento dos danos causados pelo uso nocivo de álcool.”

Fonte: IstoÉ

Publicidade
domsegterquaquisexsáb
     12
24252627282930
       
2930     
       
28293031   
       
282930    
       
     12
31      
    123
2526272829  
       
28293031   
       
     12
31      
   1234
2627282930  
       
293031    
       
     12
       
      1
3031     
      1
30      
   1234
262728    
       
  12345
2728     
       
28      
       
      1
       
     12
2425262728  
       
      1
3031     
     12
24252627282930
       
  12345
2728293031  
       
2930     
       
    123
25262728293031
       
    123
18192021222324
25262728   
       
 123456
78910111213
21222324252627
28293031   
       
     12
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31      
   1234
567891011
12131415161718
19202122232425
2627282930  
       
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
293031    
       
     12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
       
  12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031  
       
      1
9101112131415
23242526272829
3031     
    123
252627282930 
       
 123456
14151617181920
21222324252627
28293031   
       
      1
9101112131415
16171819202122
23242526272829
30      
   1234
567891011
       
   1234
12131415161718
19202122232425
262728    
       
293031    
       
    123
11121314151617
       
  12345
13141516171819
27282930   
       
      1
23242526272829
3031     
    123
18192021222324
252627282930 
       
28293031   
       
   1234
567891011
       
     12
3456789
17181920212223