Problema recorrente nos últimos três anos, o enfezamento do milho transmitido pela cigarrinha (Dalbulus maidis) esteve entre os assuntos debatidos na primeira live do ano da Agricultura Digital da Copacol. Considerada uma nova vilã que afeta consideravelmente a produtividade da safra, a cigarrinha se alimenta de plantas doentes contendo o complexo de enfezamentos e transmite estes para plantas sadias, deixando as folhas com tonalidades roxas e ou aspecto pálido, reduzindo os entrenós, causando multiespigamento, danos no sistema radicular, entupimento dos vasos de floema e posterior queda da planta. “A cigarrinha é um inseto sugador da cultura do milho, vetor de molicutes – enfezamentos (espiroplasma e fitoplasma) e do vírus do raiado fino – que são transmitidos para plantas sadias”, explica Gabriele Hoelscher, engenheira agrônoma, mestre em produção vegetal e pesquisadora do CPA (Centro de Pesquisa Agrícola).
A cigarrinha possui um comportamento migratório. Ela permanece viva se refugiando em diferentes fases do cultivo do milho, além do milho tiguera. “Existe uma permanência do milho o ano todo. Por isso, é preciso controlar essa tiguera para evitar a multiplicação da cigarrinha, bem como dos molicutes. Em relação a brachiaria a cigarrinha não consegue se reproduzir nessa condição, visto que a cigarrinha, bem como os molicutes são específicos da cultura do milho”, diz a pesquisadora.
Entre as recomendações para as próximas safras está a escolha de materiais genéticos mais resistentes – estudos no CPA indicam que produtos devem ser usados em nossa região, chegando a controle de 80% da cigarrinha. O monitoramento e controle na fase inicial da safra é essencial para ter um bom resultado, com aplicações diferenciadas ao longo do cultivo do milho, conforme a indicação do engenheiro agrônomo. Entre as estratégias destaca-se controle de tiguera, escolha de híbridos tolerantes, monitoramento da cigarrinha e controle químico.
O engenheiro agrônomo Ariel Muhl, mestre em fitopatologia, pesquisador do CPA, apresentou uma série de estudos feitos pela Cooperativa com produtos indicados para o controle de doenças no cultivo do milho. O aumento do cultivo da cultura na região tornou as doenças mais comuns, exigindo do produtor maior manejo e utilização de defensivos. “No estado observamos nas duas últimas décadas um aumento considerável da semeadura do milho safrinha. Em 2002 era um milhão de hectares, que passou para dois milhões de hectares em 2021. Na nossa região de atuação, eram 20 mil hectares e passamos para 160 mil hectares na área da Copacol, sete vezes mais”, ressalta o engenheiro.
Mesmo com o surgimento de pragas e doenças, a cultura teve ganho de produtividade: o índice produtivo passou de 80 sacas por hectare para 242. Na área da Copacol a produção é superior a 300 sacas. “Com maior área de produção e maior produtividade a cultura fica mais suscetível a doenças, com hospedeiro o ano todo, clima favorável e patógeno. Os híbridos enfrentam casos comuns de mancha branca, turcicum, ferrugem e cercospora. Por isso, as pesquisas contínuas podem indicar o que é mais eficaz no controle dessas doenças”, afirma Ariel.