Cruzeiro do Oeste (Noroeste) pretende em médio prazo se tornar um destino turístico regional. O município paranaense quer explorar o nicho do turismo científico e criar demanda para a abertura de hotéis e restaurantes na cidade.
No começo da década de 1970, o agricultor Alexandre Gustavo Dobruski e o filho, João Gustavo Dobruski, esbarraram com fósseis de dinossauros. Mas só em 2011 o achado paleontológico foi confirmado. Em 2015, a descoberta de um fragmento de uma mandíbula revelou uma nova espécie de lagarto fóssil. “O que temos já é revolucionário na paleontologia e os especialistas dizem que estamos só no começo. Isso nos leva a pensar em atrair cientistas, e o público em geral, para conhecer o que o passado nos guardou por tanto tempo”, afirmou a prefeita Helena Bertoco (PDT).
Bertoco está em contato com os governos estadual e federal para buscar recurso para construção do museu. Também estão nos planos um pórtico e instalação de réplicas de animais pré-históricos na entrada da cidade.
Segundo ela, a conclusão das obras de ampliação e modernização do aeroporto de Umuarama e a perspectiva de ter voos diretos com Curitiba, abrem a possibilidade de fomento do turismo regional. “Podemos desenvolver a hotelaria, as lanchonetes e restaurantes. É um projeto de médio prazo, que vai representar trabalho para a população local”, ressaltou.
A base econômica de Cruzeiro do Oeste são as pequenas e médias propriedades rurais e, de acordo com Bertoco, o município é pobre em arrecadação. Hoje, a única atração turística é uma igreja católica tombada pela Patrimônio Histórico, no bairro Cafeeiro.
DESCOBERTAS. Sem entrar em detalhes, a prefeita contou que em breve serão divulgadas novas descobertas do sítio paleontológico, resultado de pesquisas da UEM (Universidade Estadual de Maringá). “As descobertas dos últimos meses poderão revolucionar o segmento. Aguardamos apenas a publicação dessas descobertas em revistas científicas internacionais para, depois, revelá-las, o que deve acontecer nas próximas semanas”, adiantou.
Em 2015, um fragmento de mandíbula de 1,8 centímetro revelou uma nova espécie de lagarto fóssil, batizada de Gueragama sulamericana. A descoberta foi publicada na revista científica “Nature Communications” pelos pesquisadores do Cenpaleo (Centro de Paleontologia), da Universidade do Contestado, de Santa Catarina, em parceria com o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade de Alberta, no Canadá.
Segundo os pesquisadores, foi o primeiro registro fóssil desse grupo de réptil na América do Sul. O Gueragama pertence aos lagartos iguanídeos acrodontes, que existem apenas nos continentes do Velho Mundo. O fragmento encontrado em Cruzeiro do Oeste tem aproximadamente de 80 milhões de anos, no período Cretáceo. No local também foi encontrado, no ano anterior, o fóssil de um pterossauro da espécie Caiujara dobruskii.