“Não tiraram só a vida de Kawany, acabaram com a nossa também ” – declaração da mãe Léia Grejanin ao falar sobre a dor que vive há 2 meses
Neste sábado, 3 de outubro, completa dois meses do desparecimento do casal Kawany/Rubens, de Goioerê, que foram executados e seus corpos desaparecidos. Um ato criminoso e diabólico que ganhou grande repercussão.
Os os possíveis autores falam do crime em conversas recuperadas no celular de Suziane. No entanto, a lei do silêncio entre os nove suspeitos que estão presos, impera e a família aguarda por resposta para tentar continuar a vida. Cinco dos presos estão envolvidos diretamente com o crime.
A Tribuna conversou no final da tarde de quinta-feira, 1º, com a mãe de Kawany, a Léia Grejanin, que relatou como tem sido sua vida e da família desde que Kawany desapareceu com seu esposo Rubens. Uma entrevista que encerrou com essa declaração: “Para quem acha que já viu tudo, ainda vai se surpreender”.
E neste sábado, 3, quando completará 60 dias do desaparecimento do casal, Léia Grejanin estará fazendo aniversário. Como ela afirmou, não tem nada para comemorar. “Estou vivendo a maior tristeza do mundo, encontrar minha filha seria um alento”.
DOR, FALTA DE ESPERANÇA E DESESPERO
Uma conversa difícil onde a dor, falta de esperança, desespero e indignação são muito fortes. “Quando tudo isso acabar, eu e meus filhos teremos que passar por um tratamento psicológico. O inferno que se transformou nossas vidas está afetando os meus filhos e precisaremos de ajuda para conseguir viver com tantos traumas” – disse Léia Grejanin, cujo último desejo é sepultar a filha.
“Só vou descansar quando encontrar minha filha. Vou fazer um túmulo lindo, todo rosa. Ela sempre dizia que amava nossa casa cor-de-rosa porque parecia a casa da Barbie” – fala a mãe, dizendo que sepultará a filha em sua cidade natal, Terra Rica. “Lá está toda minha família, que nos ama tanto e tem sido minha fortaleza” – revela.
Sempre com o neto Kawan por perto, Léia se emociona ao falar do desaparecimento e as consequências na vida da família. “A Kawany está agora em um lugar muito bom. Queriam acabar com a vida dela, mas também destruíram a nossa vida, que virou um inferno” – relata.
CORAÇÃO DE MÃE SABIA DESDE O INÍCIO
Léia Grejanin afirmou a Tribuna que no momento que viu a notícia de uma criança abandonada e reconheceu que era seu neto, sabia que algo de muito ruim teria ocorrido.
“Era por volta das 21 horas, quando vi a notícia e já começaram a me ligar. Comecei a gritar desesperadamente – meu Deus mataram minha filha -, corri para pegar o Kawan. Ela (Kawany) falava direto que estava tendo problemas com a Suziane e que estava até pensando em se mudar. Eu tinha certeza que o desaparecimento deles estava relacionada a essa situação” – relatou a mãe falando do amor, que tanto Kawany como Rubens, tinham pelo filho e que jamais abandonariam ele.
DOIS MESES DE BUSCAS
Ao pegar o neto que havia sido deixado na calçada, o deixou em sua casa com a família, para iniciar alí uma busca sem fim. “Eu e Nei (marido) ficamos praticamente 24 horas sem cessar, passando por diversos locais, tentando encontrar minha filha no dia do desaparecimento“.
Ela conta que dias após dias saiam em buscas de pistas, muitas por lugares onde Kawany poderia ter ido, e outras seguindo informações.
“Imploramos por pistas que nos ajudem a encontrar a Kawany e o Rubens. Tenho medo das pessoas esquecerem do caso e não nos ajudar mais. Preciso de ajuda, qualquer informação” – fala a mãe aos prantos.
Um dia antes da entrevista, na quarta-feira, 30, Léia relatou que tinha ido a um local onde uma pessoa ligou dizendo que tinha um cheiro muito forte. “Minha vida se resume a encontrar minha filha”.
SOBRE O TRABALHO DA POLÍCIA
Ao falar sobre o desaparecimento que completa dois meses neste sábado, 3, Léia diz que sabe que a Polícia tem tentado resolver o caso, Mas admite que “esperava já ter encontrado Kawany e Rubens”.
TRAIÇÃO
“Todo mundo fala que a morte de Kawany foi pelo tráfico de drogas. Mentira. A inveja matou minha filha” – afirma Léia, dizendo que sempre alertava Kawany sobre os amigos. “Filha, olha com quem você anda. Sempre falei isso”, conta Léia.
Pensativa e perdida em seus pensamentos, Léia traz da memória lembranças sobre um dos envolvidos no desaparecimento da filha. “Ele era próximo da nossa família. Frequentava nosso comércio e sua filha quando criança brincava com a Kawany. Não dá para confiar em ninguém”- pondera.
Pelo fato da filha e Rubens ter tido problemas com a Polícia, muitos são os comentários que o casal teria “colhido o que plantou”. Para Léia, apesar dos problemas que tiveram, eles estavam em uma nova fase da vida. Ela conta que depois do nascimento do filho eles queriam mudar.
“Eles mereciam ter tido a chance de terem uma nova vida e de criarem o filho que tanto amavam“. “Minha dor e vazio é o mesmo de qualquer mãe que perde um filho. À noite fecho os olhos e me sinto em um lago escuro, tentando sair de lá, mas não encontro saída” – desabafa.
TESTE DE GRAVIDEZ
Sobre a notícia de que Kawany estaria grávida, Léia confirma. Ela conta que encontrou o teste de gravidez. “Uma crueldade o que fizeram com minha filha. Ela carregava um filho no ventre. Mataram os dois”- conta desolada, afirmando que Kawany deveria estar grávida de dois meses
IRIA SE FORMAR
Léia conta que depois do nascimento do filho, a vida de Kawany mudou. “Ela amava este filho acima de tudo”. Léia diz que Kawany já tinha comprado até a roupa de Natal para o filho e que tinha muito planos.
Durante a entrevista, Léia lembra da faculdade da filha e conta que ela estava cursando o último ano de educação física e iria se formar. “Quantas coisas minha filha perdeu o direito de viver”.
NOVA VIDA A PARTIR DO NASCIMENTO DO FILHO
Léia Grejanin conta que o casal vinha buscando mudar de vida. “Quando voltamos do hospital, depois que Kawan nasceu, Rubens falou pra mim que iria mudar de vida e estava tentado. Rubens chegou a dizer que queria voltar para a Igreja” –comenta Léia.
“Acredito que estavam tentando mudar pois não tinham mais dinheiro, e só a Kawany estava mantendo todas as despesas. Encontrei contas atrasadas para pagar, o que significa que eles não tinham mais dinheiro sobrando”.
Léia conta que pediu muito à Deus para que mudassem de vida. “E agora que estavam buscando uma nova vida, tudo isso aconteceu”.
LEMBRANÇAS PARA O NETO
Sobre o neto que está sob seus cuidados, Léia diz que seu coração não aceita que ele cresça sem conhecer os pais. “Estou guardando todas as lembranças da Kawany, que ficará encaixotada e quando Kawan estiver grande e tiver entendimento das coisas, vou passar para ele. Kawan saberá que sua mãe o amava muito”.
DEPRESSÃO
Sobre sua vida, Léia diz que vive em momentos depressivos, de muito choro, e que não vai parar de lutar até encontrar a filha. Atualmente, a casa vive rodeada de pessoas da família que não a deixam sozinha.
Ela sabe que nunca mais será a mesma coisa. E lamenta que os filhos estejam sofrendo. “Quando tudo isso terminar, teremos que passar por um tratamento psicológico pois estamos todos emocionalmente abalados” – conclui.