A história que a aposentada Divina Lima de Azevedo, de 75 anos, está vivendo nesta pandemia parece cena de filme de terror. Em menos de um mês, Divina perdeu o marido e dois filhos para a covid-19.
Todos ficaram internados em UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) de hospitais de Maringá e não resistiram ao agravamento da doença. Divina também ficou 10 dias internada e quando saiu do hospital recebeu as notícias.
“Foi uma cacetada daquelas. Eu não acreditava que era verdade. Eu achava que era um sonho ruim mas descobri que era realidade. Eu saí do hospital e meu marido morreu. Foi muito doloroso. Era um grande homem. Depois meus filhos foi tudo morrendo e eu fiquei sozinha aqui em casa. Não é fácil não viu. Eles eram tudo pra mim”, disse a aposentada.
O esposo da aposentada, Luiz Gomes de Azevedo, 77 anos, era funcionário público aposentado e morreu no dia 29 de julho de 2020. O filho Paulo César de Azevedo, 54 anos, trabalhava como mecânico e morreu no dia 10 de agosto de 2020. Já o outro filho era Luiz Carlos de Azevedo, 47 anos, que era técnico de enfermagem e atuava na linha de frente da pandemia em Maringá. Luiz morreu no dia 31 de agosto de 2020.
Divina é mãe de sete filhos, mas três morreram. Além dos dois que faleceram por complicações da Covid-19, a aposentada perdeu a única filha mulher há 20 anos por problemas de saúde. Essa filha que morreu deixou um filho que hoje tem 20 anos. É ele que mora com a aposentada após a tragédia na família.
“O Mateus é uma benção na minha vida. Um querido. Faz tudo por mim. Graças a Deus que tenho ele viu meu filho. E olha que ele quase morreu quando era novinho. O Mateus teve meningite e ficou muitos dias internado no Pequeno Príncipe em Curitiba. Mas ele viveu pra ficar comigo. Era plano de Deus”, contou emocionada.
Os outros quatro filhos da aposentada moram em outras cidades do Paraná e Santa Catarina. Um deles, que morava em Curitiba, voltou para Maringá com a esposa e três filhos para ficar mais perto da mãe nesse momento tão difícil para a família Azevedo. “É outra benção na minha vida. Ele veio porque a coisa aqui tava muito feia. Mas eu gostei muito que ele veio pra perto de mim. Nunca fico sozinha. A casa sempre está cheia de netos e filhos. Eles são tudo pra mim. Gosto de todos os meus filhos. Deus mandou vários filhos porque sabia o que eu ia passar”, disse.
A aposentada, mesmo passando por esse momento tão difícil, tem muita força de lutar e viver. Ela disse que sente muito a morte do marido e dos dois filhos nessa pandemia, mas que entende que são planos de Deus.
“Foi a vontade de Deus, fazer o quê? A gente tem que ser forte e continuar lutando porque a vida não pode parar. Tenho muita fé e sei que as forças vão surgindo. Eles morreram, mas meus outros filhos e netos ficaram e precisam de mim também. Então a gente se une e ficamos fortes”, disse.
Divina teme que outros familiares se contaminem e que o pior possa acontecer. Ela disse que reza todos os dias e pede proteção para todos e o fim da pandemia. “A gente tem que se cuidar. Nós cuidamos muito, mas a Covid chegou aqui. Eu rezo bastante pra todos pra Deus proteger a gente desse mal. É muito cruel a doença”, contou a aposentada. (GMC Online)