Um curso gratuito, reconhecido por sua excelência e com alta demanda no mercado de trabalho. Esses são alguns atributos da graduação em Engenharia Têxtil, que, pela primeira vez, terá turmas no câmpus sede da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
A graduação oferta vagas por meio do Vestibular de Verão e do Processo de Avaliação Seriada (PAS) 2024, que têm inscrições abertas até a próxima terça-feira (5). Ao todo, 21 ingressantes poderão compor a primeira turma de Engenharia Têxtil em Maringá.
Outras 21 vagas abastecem o curso sediado há mais de 30 anos no Câmpus Regional de Goioerê (CRG). Desde 1991, a UEM se destaca como a única universidade estadual a desenvolver a graduação no Brasil. Em todo o país, apenas quatro Instituições de Ensino Superior (IES) ofertam o curso.
Conforme a gestão da UEM, a abertura de vagas em Maringá busca suprir a crescente demanda do polo têxtil da região por mão de obra qualificada. Dentre todos os cursos de Engenharia atualmente desenvolvidos no câmpus sede da UEM, a nova graduação será a única com aulas no período noturno. A medida visa atender a profissionais que já atuam no mercado de trabalho e buscam capacitação.
O curso desenvolvido em Maringá estará vinculado ao Departamento de Engenharia Têxtil (DET), sediado em Goioerê, que fornecerá parte do corpo docente para as aulas no câmpus sede. A graduação é afeta ao Centro de Tecnologia (CTC) da instituição.
A grade curricular e o projeto pedagógico das novas turmas também serão os mesmos utilizados no CRG. Com duração mínima de cinco anos, o curso abrange conteúdos programáticos comuns a todas as demais engenharias, bem como processos industriais específicos do produto têxtil, desde a obtenção de matéria-prima até a finalização e o acabamento de tecidos e peças.
“Mercado muito amplo”
A abertura de mais oportunidades de capacitação na área era uma demanda antiga de empresários do setor têxtil de Maringá, que carece de profissionais qualificados.
“O aluno formado em Engenharia Têxtil pela UEM sai do curso praticamente empregado no mercado de trabalho”, apontou o coordenador do curso e professor do DET, Gilson Croscato. “No quinto ano, os estudantes fazem estágio supervisionado e, dependendo de seu desempenho, acabam sendo contratados. Temos inúmeros casos de alunos que, antes mesmo de concluir a graduação, já estavam efetivados nas empresas”, revelou.
De acordo com o Sindicato da Indústria do Vestuário de Maringá (Sindvest), Maringá e região concentram ao menos 360 empresas do ramo. A nível estadual, o setor têxtil e do vestuário se destaca como o segundo maior empregador do Paraná – são mais de 4,2 mil empresas do segmento no estado, 8,2% do total do país.
Ainda conforme o Sindvest, os recém-formados ingressam no mercado de trabalho com salários na faixa de R$ 3,8 mil mensais. No entanto, os ganhos podem superar R$ 10 mil para profissionais com mais tempo de atuação e cargos de maior responsabilidade.
E a demanda por novas contratações é grande. “Maringá é um polo têxtil regional, e os engenheiros têxteis têm excelentes oportunidades no mercado. O setor têxtil é um dos segmentos que mais empregam na economia, mas existem poucos profissionais formados na área”, explicou Croscato.
Empresário do ramo há 41 anos, Edson Recco afirma que o setor produtivo recebeu a notícia com entusiasmo. “Temos a necessidade desses bons profissionais, que terão a possibilidade de se engajar no mercado de trabalho e em todo o ramo que envolve o vestuário”, destacou. “É uma inovação maravilhosa e, com o curso sendo noturno, traz oportunidade para que pessoas já inseridas no mercado de trabalho estejam se graduando em um contraturno. Quero parabenizar a UEM por essa ideia”, frisou.
Além dos setores de fiação e vestuário, onde a empregabilidade dos engenheiros é mais óbvia, o ramo têxtil abrange diferentes segmentos da economia. Montadoras de automóveis, por exemplo, demandam engenheiros têxteis para a confecção de bancos, cintos de segurança e airbags.
Também há profissionais empregados nos setores de construção civil – com a produção de tecidos técnicos usados em grandes obras, por exemplo – e na confecção de materiais cirúrgicos para procedimentos médicos e odontológicos. “O engenheiro têxtil tem um mercado muito amplo, que vai além da indústria tradicional de vestuário, cama, mesa e banho. Nossos egressos são exemplo disso”, comentou Croscato.
Além da UEM, apenas a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) ofertam a graduação no Brasil.
“A Engenharia Têxtil mudou minha vida”
Quem conta a história de sucesso do curso de Engenharia Têxtil na UEM são os próprios egressos. Ao longo dos últimos 33 anos, a graduação sediada em Goioerê já formou quase 500 engenheiros têxteis, que abastecem o mercado de trabalho do Brasil e também do exterior.
É o caso de Ana Luísa Alves Musialak, de 28 anos. Graduada pela UEM em 2019, a profissional fez mestrado em Tecnologia e Gestão Têxtil na Universidade do Estado da Carolina do Norte, onde vive até hoje. “Saí da faculdade trabalhando em uma multinacional, depois em outra multinacional, e depois me inscrevi no mestrado. Desde que cheguei nos EUA, também tive ofertas de emprego, devido à falta de profissionais têxteis”, relatou.
Hoje, a engenheira têxtil atua como representante de serviços técnicos em uma grande empresa do setor nos Estados Unidos. “Com experiências de trabalho e pesquisa durante a faculdade, fluência em outros idiomas e comportamento, um profissional têxtil pode chegar aonde ele quiser. Inclusive, conheço vários engenheiros têxteis que são CEOs de grandes empresas”, afirmou.
Conforme a profissional, as atividades teóricas e práticas ao longo do curso a prepararam para os desafios que encontra hoje no mercado. “A formação da UEM foi excelente. As visitas técnicas eram frequentes e foram um grande diferencial para minha formação. Quando entro em diferentes tipos de fábricas, não é a primeira vez, porque já tive o contato durante a graduação”, exemplificou.
Ana Caroline de Aquino Fabrício dos Santos, de 28 anos, concorda. A profissional também se graduou em 2019 e, hoje, atua como coordenadora de operações comerciais de fios têxteis em uma cooperativa agroindustrial de Maringá.
Segundo a egressa, alguns diferenciais do curso na UEM são a qualidade do corpo docente, a excelência dos laboratórios e a oportunidade de realizar atividades extracurriculares. “Tive uma boa formação profissional, visto que todos os professores do curso são formados na área e possuem vivência na prática, o que faz muita diferença. É legal chegar no mercado de trabalho e ver outras pessoas que fizeram o curso de Engenharia Têxtil também atuando em altos cargos, em grandes empresas”, celebrou.
As inspirações de Ana Caroline na escolha pelo curso foram a mãe, também engenheira têxtil, e a tia, engenheira química. Natural de Goioerê, a jovem ingressou na graduação em 2014 e se apaixonou pelo ramo. “Hoje, não me vejo em outra área que não seja a têxtil, porque amo o que faço”, contou. “Temos muitas oportunidades de atuação em diversos segmentos, como malharias, tecelagens, fiações, confecções, pesquisa e docência, entre outras. E vemos a escassez de profissionais têxteis para trabalhar em todos esses segmentos”, ressaltou.
Se as vagas de emprego são abundantes, empreendedorismo e inovação também caminham juntos com as oportunidades no setor têxtil. Formado pela UEM, Heraldo Bispo Vieira, de 47 anos, exemplifica isso. Com duas décadas de experiência no mercado de trabalho, ele aceitou, recentemente, o desafio de empreender.
“Após 20 anos trabalhando dentro da indústria, agora estou atuando na área de representação comercial. É mais um grande exemplo de que a Engenharia Têxtil permite muitos caminhos”, relatou o profissional de 47 anos. “Hoje, também tenho uma marca masculina, focada em camisetas minimalistas. Sem dúvida, a formação acadêmica e a experiência profissional me levaram a estar, hoje, como empresário e representante”, acrescentou.
Vieira acredita que o preenchimento das vagas abertas no setor têxtil passa também pela conscientização dos gestores. “Aqueles que acreditaram nestes profissionais já entenderam e aprovaram que a Engenharia Têxtil é fundamental”, opinou o egresso, entusiasta do ramo. “Sempre estou participando, conversando com ingressantes do curso, aconselhando, passando experiência. A Engenharia Têxtil mudou minha vida, graças a Deus“.
Vestibular de Verão e PAS 2024
Além das vagas para as turmas de Engenharia Têxtil em Maringá e Goioerê, o Vestibular de Verão e o PAS 2024 ofertam oportunidades para mais de 70 cursos de graduação da UEM. Outras novidades dos processos seletivos são as vagas para Serviço Social, no câmpus de Maringá, e para Arquitetura e Urbanismo, Engenharia de Computação e Tecnologia em Gastronomia, sediados no Câmpus Regional de Umuarama (CAU), que receberão estudantes pela primeira vez.
Além disso, cursos já ofertados pela instituição serão desenvolvidos em novos turnos. É o caso da graduação em Música, no câmpus Maringá, que terá aulas em período matutino. Já os cursos de Engenharia Ambiental e Engenharia de Alimentos, ambas do CAU, em Umuarama, passarão a ser ofertados no período noturno.
Abertas até a próxima terça-feira (5), as inscrições devem ser feitas pela internet. Para se inscrever, basta acessar o site vestibular.uem.br ou o App Vestibular UEM, selecionar o concurso desejado e prosseguir com o preenchimento do formulário de inscrição. O pagamento da taxa de inscrição pode ser efetuado até 7 de novembro.
As provas do PAS serão aplicadas em 1º de dezembro. Já o Vestibular de Verão tem provas marcadas para 12 de janeiro de 2025. Ambos os concursos preveem o ingresso dos aprovados em março do ano que vem, quando o calendário acadêmico da UEM voltará a coincidir com o calendário civil.
Mais informações sobre ambos os concursos podem ser encontradas nos sites do Vestibular de Verão e do PAS, bem como no App Vestibular UEM. Em caso de dúvidas, é possível consultar a Secretaria Virtual da Comissão do Vestibular Unificado (CVU).