“Não adianta bater, eu não deixo você entrar. As Casas Pernambucanas é que vão aquecer o meu lar. Vou comprar flanelas, lãs e cobertores eu vou comprar… nas Casas Pernambucanas e nem vou sentir o inverno passar.” O memorável jingle, criado por Heitor Carillo em 1962 para as casas Pernambucanas, foi um dos destaques da prova de Física do Enem 2019, aplicada no último domingo, 10, em todo o Brasil.
De acordo com a questão (131 da prova rosa, 94 da azul, 100 da cinza e 124 da amarela), “apesar de memorável, o jingle, que extrapolou as fronteiras do rádio e chegou à televisão ilustrado por um desenho animado”, continha incorreções a respeito de conceitos físicos relativos à calorimetria. De acordo com o assessor pedagógico do Sistema Positivo de Ensino na área de Física, Danilo Capelari, para solucionar essas incorreções, deve-se associar à porta e aos cobertores, respectivamente, as funções de minimizar a perda de calor pela casa e pelos corpos (resposta letra C).
Segundo as leis da Física, o calor sempre passa do corpo mais quente para o mais frio. “Do ponto de vista da termodinâmica, com a abertura da porta, o frio não entra em casa, mas é o calor que sai”, explica. Assim, está errado dizer que alguém não vai deixar o frio entrar. Quanto ao cobertor, segue o mesmo conceito. “Ele funciona como um isolante térmico, evitando com que haja a troca de calor entre nós e o meio. Para que o cobertor fosse capaz de nos aquecer, ele deveria ser uma fonte de energia térmica em potencial, mas não é”, explica Capelari.
Dessa forma, para que o jingle fosse cientificamente corrigido, o professor sugere a seguinte letra: “Não adianta bater, eu não deixo o calor sair. As Casas Pernambucanas não vão deixar o meu lar esfriar. Vou comprar flanelas, lãs e cobertores eu vou comprar… nas Casas Pernambucanas e nem vou sentir o inverno passar”. Acontece que o personagem Friozinho é tão conhecido popularmente que gera uma memória afetiva do consumidor até hoje. O sucesso é tão grande que o filme costuma retornar às telinhas a cada inverno.
Segundo Christiane, “com a visibilidade e o assunto em pauta, a marca pode se aproveitar dessa atenção que foi criada para a incoerência entre o que o jingle diz e a realidade da Física, e criar um novo personagem, como o Calorzinho, por exemplo, que não sairia de casa”. Fica a dica.
Veja o filme de 1962: https://www.youtube.com/watch?v=fh4lAQyl_Mw
Veja o filme de 2018: http://twixar.me/tgnT
Veja o filme de 2019: https://youtu.be/TRfadOcttWY