Os Estados Unidos acreditam que o avião ucraniano que caiu na quarta-feira (8) em Teerã pode ter sido abatido na sequência de um erro. A informação foi divulgada por duas fontes norte-americanas. O Irã já rejeitou a teoria, argumentando que “não poderia estar mais incorreta”.
De acordo com a agência Reuters, uma fonte norte-americana revelou que os satélites norte-americanos detectaram o lançamento de dois mísseis iranianos pouco antes da queda do avião que vitimou 176 pessoas. Washington acredita que a aeronave pode ter sido abatida na sequência de um erro.
“Alguém poderá ter cometido um erro”, disse Donald Trump, acrescentando que sempre suspeitou que a queda do avião não estava relacionada com erros mecânicos.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse também ter provas de que foi um míssil iraniano que atingiu o avião.
“Temos informações de várias fontes, incluindo dos nossos aliados e de nossas próprias fontes. As provas apontam para [a possibilidade de que] que o avião tenha sido abatido por um míssil terra-ar iraniano”, anunciou Trudeau, ressalvando que “pode não ter sido intencional”.
O acidente aconteceu horas depois do lançamento de mísseis iranianos contra duas bases da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, em Ain Assad e Erbil, no Iraque.
TEERÃ REJEITA ACUSAÇÕES
As autoridades iranianas já rejeitaram a tese de que o desastre do Boeing 737 da Ukraine International Airline esteja relacionado com um eventual ataque com mísseis, afirmando que essa teoria “não faz sentido”.
“Vários voos domésticos e internacionais voam ao mesmo tempo no espaço aéreo iraniano à mesma altitude de 8.000 pés, e essa história de ataque com mísseis (…) não podia estar mais incorreta”, disse o Ministério dos Transportes iraniano, num comunicado.
“Se um foguete ou um míssil atinge um avião, ele entra em queda livre”, explicou o presidente da Organização de Aviação Civil iraniana (CAO) e vice-ministro dos Transportes, Ali Abedzadeh, à CNN, acrescentando ao seu argumento que o avião continuou no ar por mais cinco minutos.
“Como é que um avião pode ser atingido por um rocket ou míssil e o piloto depois tentar voltar para o aeroporto?”, questiona Abedzadeh. “Esses rumores não fazem qualquer sentido”.
CAIXAS-PRETAS
A propósito das caixas-pretas do avião, encontradas no mesmo dia do desastre, Ali Abedzadeh declarou que “o Irã e a Ucrânia têm os meios para descarregar as informações” que os aparelhos contêm. No entanto, explica que as caixas-pretas estão “danificadas”.
“A caixa-preta do Boeing 737 está danificada”, disse Abedzadeh, afirmando ainda que os investigadores ucranianos enviados para o Irã “começarão a descodificar os dados a partir de amanhã”.
“Mas, caso sejam necessárias medidas mais especializadas para extrair e analisar as informações, podemos fazê-lo na França ou em outros países”, afirmou o representante iraniano, num momento em que foram divulgadas informações que dão conta de que Teerã recusa o acesso às caixas-pretas do avião ao fabricante norte-americano Boeing.
“Nessa altura, qualquer que seja o resultado, será publicado e divulgado ao mundo”, esclareceu Abedzadeh à CNN.
Sem desmentir explicitamente tais informações, o comunicado do ministério rejeitou “os rumores sobre a resistência do Irã em dar as caixas-pretas (…) aos Estados Unidos”.
UCRÂNIA INVESTIGA CAUSAS
As autoridades ucranianas – que enviaram para Teerã uma equipe de 45 investigadores para participar no inquérito em curso –disseram nesta quinta-feira que investigam potenciais cenários que esclareçam a queda do avião.
Até ao momento, existem sete possíveis causas para o acidente, incluindo um eventual ataque com mísseis e terrorismo. Por enquanto, “nenhuma é prioritária”, revelou o secretário do Conselho Ucraniano de Segurança e de Defesa Nacional, Sergei Danylov, à agência France Presse.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, prometeu à Ucrânia uma investigação objetiva das causas do desastre.
De acordo com um relatório inicial da CAO, a queda do avião esteve relacionada com um “problema” técnico não especificado.
O Boeing 737 caiu pouco depois de descolar do aeroporto internacional Imam Khomeini, em Teerã. O avião tinha como destino a capital ucraniana Kiev.
O acidente ocorreu algumas horas depois do lançamento de 22 mísseis iranianos contra duas bases da coligação internacional anti-jihadista liderada pelos Estados Unidos, em Ain Assad e Erbil, no Iraque, numa operação de retaliação pela morte do general iraniano Qassem Soleimani num ataque em Bagdad ordenado por Washington na sexta-feira passada.
Os 167 passageiros e nove membros da tripulação que seguiam a bordo da aereonave não sobreviveram ao acidente.
Agência Brasil