A ex-candidata a deputada estadual pelo PSL Cleuzenir Barbosa afirmou que o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, sabia do esquema de lavagem de dinheiro do partido em Minas Gerais. Ele era, à época, presidente da sigla.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, a professora aposentada de 47 anos afirmou que as mulheres do partido teriam a função de “lavar o dinheiro para eles”. Ela também fez as denúncias ao Ministério Público e à polícia, que investigam o caso. Segundo Cleuzenir, Roberto Soares e Haissander de Paula, ambos assessores de Álvaro Antônio, fizeram pressão para que ela devolvesse R$ 50 mil dos R$60 mil que recebeu do fundo eleitoral.
Na época, o ministro de Jair Bolsonaro (PSL) era deputado federal e concorria à eleição. Ele foi o deputado mais votado no estado. Cleuzenir declarou que tentou, sem sucesso, falar diretamente com Álvaro Antônio, e relatou o caso a, pelo menos, quatro assessores do então deputado, mas nada foi feito.
O PSL tem sido apontado pelo uso de dinheiro público em candidaturas de laranjas, nas quais mulheres concorreram a cargos públicos, mas tiveram uma quantidade irrisória de votos. Em alguns casos, não há indícios de que algumas dessas candidatas tenha sequer feito campanha. A sigla usava essas mulheres como meio de preencher as cotas femininas de 30% das candidaturas.
Em decorrência da crise criada a partir dessas denúncias, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, teve a demissão formalizada nessa segunda-feira (18/2) e publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (19/2). Bebianno era o presidente nacional do PSL e foi indicado como o responsável pela liberação das verbas destinadas às candidaturas laranja. No caso de Minas Gerais, a verba foi formalmente liberada pelo ex-ministro.
Responsável pela montagem das chapas, Álvaro Antônio era também o comandante do PSL em Minas. Parte do dinheiro público foi direcionado a quatro candidatas do partido no estado, mas a verba parou nas contas de empresas de assessores, parentes ou sócios de ex-assessores do ministro.
Cleuzenir, que hoje vive em Portugal, afirma ter deixado o país por medo de retaliação de pessoas ligadas ao atual ministro do Turismo. Ela também diz que não aceitou participar do esquema.