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Notícias / Geral Família de Curitiba com filho autista se isola para evitar crises de automutilação por causa de fogos de artifício. Veja as fotos

sexta-feira, 30 dezembro de 2022.

Foto: Arquivo Pessoal

Essa época do ano, com as celebrações pela chegada do Ano Novo, costuma ser de festa e alegria para quase todas as pessoas, mas para outras significa um enorme transtorno. Isso porque tem gente muito especial que sofre com os fogos de artifício que pipocam no céu na virada do ano. Esse desconforto foi ainda maior agora em 2022, com a disputa da Copa do Mundo do Catar ocorrendo pouco antes das tradicionais festividades de dezembro.

Para a família do garoto Kauan Cordeiro, acometido pelo transtorno do espectro autista (TEA), as comemorações com barulhos e estouros são motivos de muita preocupação e cuidados. Bastante sensível ao barulho das explosões dos fogos, o menino de 13 anos sofre crises nervosas que culminam em atos de autoagressão quando é exposto a esse tipo de ruído.

Foi o que ocorreu, por exemplo, logo no começo da Copa do Mundo, na vitória por 2×0 sobre a Sérvia, no dia 24 de novembro. A crise nervosa que durou cerca de 20 minutos deixou algumas marcas e machucados no jovem Kauan, e motivou um desabafo emocionante de seu pai, Gilson Cordeiro, nas redes sociais.

“Esse post é o pior que eu poderia fazer. Dói muito essa imagem, esse é meu filho Kauan tendo uma crise ao ouvir fogos de artifício… quem me conhece sabe que ele é uma criança especial, Kauan tem paralisia e autismo, é uma criança muito doce e não tem quem não se encante com ele, um menino muito carinhoso, inteligente, o amor da minha vida.

 

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Essas imagens mostram o transtorno que os fogos de artifício causam em um autista – mostram ele tendo a crise devido ao barulho e o resultado da autoagressão.

Minha esposa teve que ficar cerca de 20 minutos tendo que contê-lo para não ser pior”, diz parte da publicação. Veja abaixo como ele ficou:

Gilson, que é coordenador promocional da Rádio 98FM, e a esposa Gianna Cristina da Luz, que é confeiteira, sofrem com as crises de Kauan causadas pelos fogos desde que o garoto tinha cerca de sete anos – foi a primeira vez que ele expressou o desconforto causado pelas explosões. Desde então, procuram alternativas para proteger o filho nesses dias festivos, principalmente nessa época de ano.

“Quando sai um gol, o Kauan sabe que é um momento que vai ter fogos. Então ele fica muito tenso, enrijece os músculos, estica a perna, fecha as mãos. É impressionante como ele muda a feição, ele está alegre, sorrindo pra você e de repente ele fecha o rosto. No primeiro jogo eu não estava em casa e ele se machucou na hora dos fogos. Ele bate muito forte no rosto e as marcas que ficam são bem feias. Depois do que passamos no jogo com a Sérvia, nos jogos seguintes tivemos que planejar com cuidado e escolher locais em que sabíamos que não teriam tantos fogos”, conta o pai, que após a eliminação da seleção no Mundial, saiu a procura de um local tranquilo para comemorar a chegada de 2023.

“Agora no fim do ano a gente nem pode se programar para passar a virada com a família, por mais que a gente queira, para não expor o Kauan ao barulho do foguetório”.

Foto: Arquivo Pessoal

“Em um dia de Natal em que a gente estava na casa da minha mãe, um tio soltou fogos bem em cima da casa e o Kauan ficou muito assustado e incomodado tanto com o barulho quanto com o brilho dos fogos. Desde então quando chega essa época do ano a gente fica desesperado, pensando no que fazer para fugir dos fogos. No ano retrasado a gente passou a virada do ano andando de carro, com o som ligado bem alto, pro Kauan não ouvir o barulho dos fogos. Teve uns anos em que demos remédios para ele dormir, mas isso não é o que queremos pra ele. Ano passado nós fomos para Bombinhas, em Santa Catarina, na virada e foi mais tranquilo. E esse ano nós vamos para um lugar afastado, no meio do mato, para que ele não sofra”, conta a mãe.

Mas e a lei?

Ela questiona a falta de cumprimento da lei municipal que proíbe a utilização de fogos de artifício que produzam explosões, que foi criada especialmente para proteger crianças como o Kauan e também os animais de estimação, que também sofrem com os barulhos.

“Depois que criaram a lei que proíbe os fogos barulhentos, teve um ano que eu liguei para a polícia porque o barulho dos fogos, bem antes da virada do ano, estava muito alto. O policial que me atendeu falou que eles sabiam que existia a lei, mas que não tinham muito o que fazer.

Foto: Reprodução/Tribuna do Paraná

Acho que seria muito mais fácil fiscalizar quem vende os fogos, não as pessoas que soltam, porque nesse caso é quase impossível encontrar todo mundo.
A gente não quer mudar o mundo, mas queríamos pelo menos conscientizar algumas pessoas que têm bom coração”, afirma Gianna.

O pai de Kauan também aponta que essa questão afeta muitas outras pessoas e animais.

“A gente sabe que, além de crianças como o Kauan, tem muitas pessoas que também sofrem com o barulho dos fogos. Sem falar dos animais também. Um amigo meu perdeu um cachorro que morreu enforcado pela coleira que se prendeu no portão quando ele tentou pular para fugir do barulho.

Eu tenho uma sobrinha que também tem autismo, mais leve que o do Kauan, que também sofre com os fogos. Mas ela usa um abafador no ouvido e a gente consegue controlar. O Kauan não consegue usar o abafador porque, como ele usa óculos também, ele acaba se machucando com a armação”, explica.
Lei proíbe soltura, mas não impede comercialização de fogos com efeitos de tiro.

Por que os foguetes barulhentos continuam?

Foto: Reprodução/Tribuna do Paraná

Em vigor desde dezembro de 2020, a Lei Municipal Nº 15.585 proíbe a utilização de quaisquer tipos de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos de alto impacto ou com efeitos de tiro e é válida para recintos fechados e ambientes abertos, em áreas públicas e locais privados. Também autoriza a utilização de “fogos de artifício com efeitos de cores, os ditos luminosos, que produzem efeitos visuais sem tiro”.

E aí, prefeitura?

A diretora de Pesquisa e Monitoramento da Secretaria do Meio Ambiente (SMMA), Erica Mielke, lembra que não há proibição da venda do material, mas que o consumidor precisa saber que não vai poder utilizar os fogos com barulho nos limites da capital. No momento da compra, os comerciantes são orientados a fazer um cadastro que comprove a compra e o local de soltura.

“Por isso, pedimos o apoio dos comerciantes para informar seus clientes e ter o material referente à legislação visível no estabelecimento”, explicou a diretora.
As multas para o cidadão que fizer a soltura ou manuseio dos fogos proibidos variam de R$ 400 a R$ 100 mil, conforme a gravidade da infração. Já o comércio que não cumprir as normas de orientação e cadastro pode ter o alvará cassado.
Ainda de acordo com a SMMA, a demanda é, principalmente, da proteção animal, mas também beneficia crianças, especialmente aquelas com Transtorno do Espectro Autista, e idosos, que também sofrem com o barulho dos fogos.

Fonte: Tribuna do Paraná

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