Com a pandemia do Coronavírus, o trabalho do fisioterapeuta é essencial para a reabilitação de pacientes que sofrem com fraqueza muscular e falta de ar. Conheça como é o trabalho desses profissionais pela ótica do responsável técnico da UTI adulta de um hospital da cidade, Thiago Russi
Os efeitos do Coronavírus no organismo humano afetam a qualidade de vida de muitas pessoas, que mesmo após a recuperação do período de infecção, sofrem com fadiga, dificuldade de respirar e perda da força muscular. As sequelas pós Covid-19 exigem um cuidado especial para que a rotina do dia a dia seja retomada com segurança. Nesse contexto, o fisioterapeuta tem um papel essencial para a reabilitação dos pacientes, tanto nos hospitais, quanto nas clínicas depois da alta hospitalar.
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O fisioterapeuta de Umuarama, Thiago Mantovani Russi, que é especialista em terapia intensiva e clínica hospitalar, é um dos que atua diretamente com os pacientes no período de internamento. O profissional é o responsável técnico pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulta do hospital Norospar e lida cotidianamente com as lutas enfrentadas pelos pacientes com sintomas graves da doença, juntamente com uma equipe multidisciplinar.
“Como os pacientes que ficam internados na UTI costumam ficar a longo prazo, perdem muito condicionamento físico. E é preciso um trabalho complexo para a melhora desse quadro de força muscular, de limpeza do pulmão e da melhora de troca gasosa para que eles possam ir para casa”, afirma Thiago.
Trabalho nos hospitais. De acordo com o fisioterapeuta, o serviço dos fisioterapeutas na ala da Covid-19 visa favorecer a recuperação físico-funcional dos pacientes. Nesse caso, os trabalhos principais consistem na regulação do ventilador mecânico (equipamento de ventilação artificial que empurra o ar para dentro dos pulmões, mesmo que a pessoa não inspire) e exercícios para melhorar a respiração e a força muscular (para os pacientes que não estão entubados).
“A condução da ventilação mecânica exige principalmente o recrutamento alveolar e colocar o paciente na posição prona (de barriga para baixo) para abrir o pulmão. Também se trabalha a parte respiratória, como a higienização, que retira o catarro do pulmão, melhorando a ventilação pulmonar. Se a pessoa não estiver entubada, trabalha-se com outros aparelhos, como a técnica de expansão pulmonar, aspiração para retirar a secreção da via aérea e atividades para o fortalecimento da musculatura”, explica o responsável técnico pela UTI da Norospar.
Para Thiago, a rotina no hospital é interpelada pelo medo diário aliado a uma grande força de vontade de fazer o melhor por cada paciente. “Nós, profissionais da saúde, sentimos um medo constante em ver o aumento dos casos graves. Há uma tensão em saber da possibilidade de levar a doença para as pessoas com quem convivo. Então por saber que eu estou em contato com os pacientes, evito encontrar minha família e amigos e, assim, meu lazer fica limitado. Há também a tensão por ser uma doença nova. No meu caso, por exemplo, eu não posso errar a pressão a ser exercida no ventilador mecânico. Agora que já faz um ano da pandemia, estamos lidando bem e aprendendo dia a dia com cada caso, mas, no começo foi difícil”, conta o fisioterapeuta.
Após a alta, a fisioterapia continua? Segundo Thiago, após a alta hospitalar, ainda há situações comuns em que é recomendada a continuação das fisioterapias. Quando há essa necessidade, o paciente é avaliado e recebe um encaminhamento para o tratamento, que pode ser feito tanto via SUS, quanto por atendimento particular. Os casos que mais precisam da continuidade das sessões de fisioterapia são os que envolvem fraqueza muscular e dispneia (falta de ar).
“Tudo depende de caso para caso. Pode acontecer de os pacientes com efeitos mais graves da Covid, como as lesões extensas pulmonares, irem embora do hospital ainda com falta de ar e com suplementação de oxigênio. Esses quadros mais graves geralmente são os que precisam da fisioterapia, mas tudo depende de uma avaliação individual”, sustenta o profissional.
Em casos de continuidade das fisioterapias, os exercícios trabalhados são os leves e moderados, para não fadigar muito o paciente. Conforme Thiago, além das técnicas específicas para a respiração, em alguns casos são utilizados aparelhos para condicionamento físico, como esteiras e bicicletas ergométricas. Há também as atividades que visam à liberação das vias respiratórias, com o objetivo de desobstruir a passagem de ar, trazendo alívio ao paciente.
A orientação do fisioterapeuta para as pessoas recém-recuperadas da Covid-19 é a prática de exercícios de baixa e moderada intensidade, como a caminhada. No entanto, há o reforço da necessidade de uma avaliação com um profissional para identificar a capacidade funcional de cada situação individual. “O acompanhamento de um profissional qualificado é primordial para priorizar a segurança do paciente ao realizar os exercícios de maneira correta”, finaliza Thiago.
Fonte: O Bendito.