O governo está avaliando a possibilidade de retorno do horário de verão, medida extinta em 2019. A discussão ganhou força devido à crise hídrica no país e à busca por estratégias que possam ajudar a economizar energia. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a mudança poderia auxiliar o sistema elétrico em um “momento crítico”, marcado pela seca, calor intenso e aumento do consumo, especialmente nos horários de pico, que ocorrem à tarde.
No entanto, estudos anteriores demonstraram que o horário de verão pode não gerar a economia esperada, já que novos hábitos de consumo acabaram aumentando o uso de energia. Apesar das análises técnicas, a decisão final será política, em conjunto com o Palácio do Planalto, e visa avaliar os possíveis benefícios para o setor energético.
Além de ajudar a reduzir o consumo em horários de pico, o horário de verão também contribuiria para melhorar o desempenho do sistema elétrico, que perde a geração de energia intermitente (eólica e solar) no início da noite, quando a demanda ainda é alta. Isso obriga o uso de termelétricas e hidrelétricas para suprir a demanda.
Em meio a essas discussões, o vice-presidente Geraldo Alckmin descartou a possibilidade de racionamento de energia no país, mas destacou que a volta do horário de verão está sendo analisada como uma alternativa viável para enfrentar a seca prolongada.
Do ponto de vista econômico, o retorno do horário de verão é visto com bons olhos por setores como o de bares e restaurantes. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) destacou que o adiantamento dos relógios em uma hora pode aumentar o faturamento entre 10% e 15%, especialmente no período entre 18h e 21h. A medida também criaria uma espécie de “terceiro turno” para o setor, estimulando o consumo e a frequência nos estabelecimentos.
Apesar dos benefícios para o comércio, o horário de verão foi abolido em 2019, com o argumento de que já não trazia vantagens significativas para o setor elétrico. Na época, também foi levantada a questão dos impactos na saúde, com estudos apontando que parte da população tem dificuldades de adaptação, afetando o sono e podendo causar complicações cardíacas.
Mesmo com a resistência inicial, o cenário atual de crise hídrica e energética faz com que o governo reavalie a viabilidade da medida, em busca de soluções que possam minimizar os impactos da seca no país.