Um disparo acidental matou uma menina de sete anos de idade na tarde de sábado (23), em uma propriedade rural no bairro Olaria. A criança chegou a ser socorrida por vizinhos e familiares até o Hospital Municipal, mas infelizmente não resistiu aos ferimentos e foi a óbito. O sepultamento ocorreu no domingo, no Cemitério local.
O INCIDENTE. Segundo o delegado da Polícia Civil de Cruzeiro do Oeste, Izaias Cordeiro de Lima, responsável pela investigação, o disparo acidental foi feito pelo irmão da vítima, um menino de nove anos. O garoto teria pego a arma encima do guarda-roupas do avô e quando seguia para o lado de fora da casa houve o disparo que atingiu a irmã.
DISPARO. “Uma tia relatou que a criança já veio com a arma apontada para mostrar para outras crianças que estavam no local quando houve o disparo. As crianças correram, inclusive a vítima correu, mas infelizmente foi ferida. Sabemos que crianças não têm noção do perigo e nem da forma correta de manusear armas”, disse o delegado. As outras duas crianças, primas dos envolvidos, têm entre 5 e 9 anos, e não tiveram ferimentos.
SOCORRO “Nós fomos acionados pelo Pronto Atendimento com a informação de que uma criança havia sido baleada. Os médicos ainda tentaram reanimar a menina, mas infelizmente ela acabou morrendo. Após fomos até a casa onde tudo ocorreu e apreendemos a arma usada”, explicou o subtenente da Polícia Militar Márcio Cesar Mazetto, comandante do Destacamento da PM em Mariluz.
ARMA No sítio da família foi apreendida uma espingarda tipo cartucheira, de fabricação artesanal. “O avô foi preso em flagrante por omissão de cautela na guarda de arma de fogo e também por posse irregular de arma de fogo”, explicou o subtenente Mazetto. O homem de 55 anos aguardava audiência de custódia recolhido na cadeia de Cruzeiro do Oeste até o fim da tarde desta segunda-feira (25).
CARTUCHEIRA Após o acidente foi constatado que a criança teve ferimentos em ao menos cinco pontos distintos do corpo. Chegou a informação falsa de que seriam cinco disparos, mas segundo os policiais que atenderam a ocorrência, a arma efetua apenas um disparo por vez e depois deve ser recarregada.
Cada cartucho contêm entre cinco e seis esferas de chumbo e quando a arma é deflagrada esses chumbinhos se espalham e atingem diversos pontos do alvo. “É uma arma usada para abate de animais grandes. Foi apenas um disparo que provocou diversos ferimentos justamente por isso”, explicou o delegado.
ANALOGIA A polícia está tratando o caso como uma situação análoga a homicídio culposo, quando não há a intenção de cometer delito. “Instauramos um procedimento para constatar que não houve nenhuma participação de adultos. Que a criança não foi usada como instrumento para um crime”, explicou o delegado.
PSICOLÓGICO O menino deve ser ouvido nos próximos dias por uma psicóloga. Por ter apenas nove anos, a criança não têm qualquer responsabilidade sobre o ocorrido. Pela legislação brasileira, crianças respondem por situações análogas a crimes a partir dos 12 anos. “O que essa criança precisa agora é de acompanhamento psicológico”, armou Izaias Cordeiro. O menino está em casa, com os avós maternos.
ÓRFÃOS O casal de irmãos morava com os avós maternos na cidade de Mariluz durante a semana e aos fins de semana passava na casa dos avós paternos, em uma propriedade rural onde ocorreu o acidente. A guarda era compartilhada.
Os pais morreram em um grave acidente de carro ocorrido em janeiro de 2019. A mãe estava grávida na época, e apesar dos socorristas terem realizado o parto dentro da ambulância ainda no local, o bebê infelizmente também não sobreviveu.
Na colisão frontal ocorrida próximo a ponte do rio Goioerê, morreram quatro pessoas. O acidente foi a poucos metros da casa da família, na rodovia que liga Umuarama a Mariluz. (Umuarama Ilustrado)