Publicidade
Publicidade

Notícias / Polícia Justiça decreta falência de uma das empresas do ‘Sheik dos Bitcoins’

quarta-feira, 26 outubro de 2022.

A Justiça decretou falência de uma das empresas de Francisley Valdevino da Silva, conhecido como “Sheik dos Bitcoins”, investigado por suspeita de fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas.

A decisão é da juíza Luciane Pereira Ramos, da 2ª Vara de Falências e de Recuperação Judicial de Curitiba.

CLIQUE AQUI E RECEBA AS NOTÍCIAS

No documento, a magistrada citou que a falência da empresa Rental Coin “tem efeito saneador ao retirar do mercado empresa através da qual teriam sido cometidas irregularidades que lesionaram número expressivo de credores”.

A juíza destacou ainda que uma das finalidades da falência é “retirar do mercado empresários sem condições de solver pontualmente suas obrigações para com os credores e colaboradores, estancando ainda a possibilidade de cometimento de irregularidades em prejuízo da sociedade”.

Francisley é suspeito de cometer crimes, desde 2016, ao comandar um esquema de pirâmide financeira disfarçado de aluguel de criptomoedas. Conforme a PF, cerca de 15 mil pessoas possuem dinheiro investido em empresas dele.

Uma operação deflagrada pela Polícia Federal no início de outubro, cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao suspeito, onde foram apreendidos barras de ouro, dinheiro em espécie, joias, carros, relógios de luxo e outros itens.

Entre as possíveis vítimas do Sheik está Sasha Meneghel, que, segundo a PF, teve um prejuízo de cerca de R$ 1,2 milhão. A polícia destacou que na lista de vítimas também estão jogadores de futebol, que não tiveram os nomes revelados.

Em nota enviada pela defesa, Francisley atribuiu os problemas na empresa a “falhas em gestões passadas, as quais colocaram as empresas em delicada situação financeira, exigindo a adoção de medidas atípicas e urgentes”.

“Referidas medidas foram adotadas tanto no bojo de procedimentos judiciais, quanto em negociações extrajudiciais, visando sempre amparar, na medida de suas possibilidades, aqueles que foram desde sempre a base de total organização empresarial”, diz trecho da nota.

Falência da Rental Coin

Na decisão que decretou a falência da empresa Rental Coin, a magistrada nomeou um administrador judicial, que será responsável por buscar os bens que conseguir identificar e elaborar uma lista de credores.

Na sequência, os bens serão vendidos, e o resultado partilhado entre os credores. A empresa terá que entregar todos os livros contábeis.

A juíza estabeleceu prazo de 60 dias para que o administrador judicial avalie todos os bens e credores da Rental Coin, e para que faça a lista e um plano sobre como rentabilizar os bens. Depois disso, há o prazo de 180 dias para a venda dos bens listados.

A decisão cabe recurso.

Em nota o advogado de Francisley afirmou que o pedido de Recuperação Judicial ainda está em curso e que o plano de pagamento solicitado pela juíza será apresentado no prazo pertinente. Além disso, a defesa disse que todas as medidas judiciais estão sendo tomadas.

Investigação

A Polícia Federal informou que, aos clientes, as empresas de Francisley diziam ter vasta experiência no mercado de tecnologia e criptoativos e possuir uma grande equipe que faria operações de investimento com as criptomoedas para gerar lucros.

A investigação mostrou, entretanto, que nunca existiu atividade comercial pelo grupo, e que o dinheiro arrecadado era gasto por Francisley.

Segundo o delegado Filipe Hille Pace, Francisley responde às investigações em liberdade, com medidas cautelares alternativas à prisão, como proibições sobre não poder deixar o município ou o país, e ter que entregar o passaporte para a Justiça Federal.

Ele também não pode mais exercer nenhuma atividade ligada às empresas, ou conversar com investigados, testemunhas ou vítimas.

Quem é o Sheik

Segundo a polícia, Francisley se apresenta como Francis Silva e é natural de São Paulo, mas se estabeleceu em Curitiba. Na capital paranaense ele desenvolveu uma empresa do ramo da tecnologia.

De acordo com a PF, o suspeito possui mais de cem empresas abertas no Brasil vinculadas a ele. A investigação indica que ele usava o dinheiro arrecadado nas fraudes para a compra de imóveis de alto valor, carros de luxo, embarcações, roupas de grife, joias, viagens, aviões e para fazer doações a igrejas.

‘Modus operandi’

A PF disse que o suspeito fazia grandes doações para igrejas, fator que, segundo a PF, alavancou a atuação do golpe.

“Ele se inseriu em um meio religioso e conseguiu que grandes representantes desse meio investissem e virassem sócios minoritários daquela plataforma. Dessa forma, ele arrecadava clientes desse meio religioso”, explicou Filipe Hille Pace, delegado da Polícia Federal.

Ainda conforme o delegado, o esquema começou a ruir no fim de 2021, quando Francisley não conseguiu mais pagar o que devia aos clientes.

Francisley Valdevino da Silva é suspeito de fraude bilionária — Foto: Reprodução/Jornal Hoje

O delegado da PF disse que a investigação contra o suspeito começou em março deste ano, depois de um pedido de cooperação policial internacional feito pela Interpol.

O pedido informava sobre uma investigação que identificou uma organização criminosa, liderada por Francisley, em Curitiba. A investigação apontou que a quadrilha aplicava golpes em pelo menos onze países.

A investigação apontou que alguns membros da família de Francisley também se envolveram nas fraudes. De acordo com a PF, os familiares eram funcionários das empresas, e se apropriavam dos valores investidos pelas vítimas.

Fonte: G1.