O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) destacou nesta quinta-feira, 16, a importância documental do livro Histórias Não Contadas, que faz um resgate do papel da Polícia Militar no desenvolvimento do sistema de segurança do Paraná e das relações de seus comandantes com o mundo político.
“É a história sendo contada por coronéis que estiveram no comando-geral. Eles viveram a realidade da Polícia Militar e relatam fatos de bastidor que certamente contribuíram para determinar os rumos do Paraná”, afirma Romanelli. “O livro é um legado. Uma peça histórica que faltava ao nosso Estado”, avalia o deputado.
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A obra escrita pelo capitão Rafael Gomes Sentone tem como base os depoimentos de seis ex-comandantes-gerais da corporação. Segundo o autor, a edição que está pronta para ser lançada faz parte de uma trilogia que pretende registrar fatos narrados pelos oficiais que estiveram à frente da PM nas últimas décadas.
Trilogia – Sentone explica que assessorou o comando-geral durante três anos, acompanhando de perto o trabalho interno de dois coronéis. O capitão afirma que percebeu que muitas das complexas atividades da gestão da corporação não eram de conhecimento nem da tropa e muito menos da sociedade.
“Eu fiquei imaginando o que outros comandantes fizeram e que ninguém mais sabe. Então resolvi conversar com eles para resgatar essa história”, explica o capitão. “Muitos desses comandantes vivenciaram coisas que somente eles e os governadores da época sabiam. E cada vez que perdemos um comandante, uma parte da história vai embora”.
A primeira parte da trilogia tem como personagens os coronéis Antônio Michalizen, Dirceu Ribas Correia, Raul Victor Lopes, Sérgio Manoel Mastek Ramos, Dirceu Rubens Hatschbach e Miguel Arcanjo Capriotti. “O autor me reservou uma breve e honrosa citação, ao resgatar a minha participação na escolha do coronel Capriotti para o comando-geral, onde ficou de 1991 até 1994. É um orgulho estar nessa obra”, afirmou Romanelli, lembrando que o oficial foi o único bombeiro militar a comandar a polícia.
Capítulos – O livro tem 248 páginas e está dividido em capítulos. Seis tratam dos depoimentos dos entrevistados e o sétimo faz uma análise sociológica das relações entre as autoridades de cada época. “O propósito é deixar registrado tudo que a Polícia Militar fez em conjunto com os poderes e o mundo político para estruturar o que a gente tem hoje”, afirma o autor.
O capitão relata que a PM praticamente não fez registro de acontecimentos históricos recentemente. “Temos registros da Guerra do Contestado, Cerco da Lapa, e até da Guerra do Paraguai. De 1940 até os dias de hoje não há quase nenhum registro”, relata ele. “Há muita documentação, mas não temos uma obra com essa metodologia de história oral”.
O livro retrata situações como a do último policial militar que assumiu o comando até a intervenção das Forças Armadas. É o coronel Michalizen. Ele é o mais antigo dos oficiais entrevistados para o livro e conta que foi soldado, cabo e sargento antes de chegar ao maior posto da corporação. Ele ficou no cargo até 1970, quando foi substituído por um coronel do Exército.
Oficiais da PM só retomaram o comando da instituição a partir da década de 1980, quando o então coronel do Exército Dirceu Ribas Correia foi substituído pelo coronel Raul Victor Lopes. Ele foi o primeiro oficial formado na Academia Militar do Guatupê a assumir a função de comandante-geral da corporação.
Outra passagem do livro trata da gestão do coronel Hatschbach. Em uma curta passagem pelo comando, de 54 dias, o oficial deixou como legado a criação de todas as sessões administrativas da PM. Já o coronel Mastek comprou os primeiros rádios para as viaturas, os primeiros computadores e criou o centro de operações (Copom)