Desde o dia 27 de outubro de 2018, um sábado, a Colônia Mergulhão, na zona rural de São José dos Pinhais, virou um ponto de encontro para curiosos. Foi nessa área em meio a uma plantação de pinus, que o jogador Daniel Corrêa Freitas, com passagens por clubes como Botafogo, Coritiba e São Paulo, foi morto e teve seu corpo abandonado, com o pescoço parcialmente degolado e o pênis cortado, um crime com requintes de violência extrema que repercutiu em todo o país. Todos os envolvidos foram presos.
Sete meses depois do crime, o local onde o corpo do atleta foi deixado virou ponto de peregrinação. Desde o último Dia de Finados há uma cruz ali, ao lado de flores e uma foto do jogador com a filha e a mãe – o retrato, que estava intacto até a última semana, foi depredado recentemente. Numa árvore, lê-se uma mensagem de fé: “A carreira do Daniel foi interrompida aqui na Terra, mas temos certeza que o anjo Gabriel já contratou ele lá no céu”.
Num pesque-pague próximo de onde o atleta deu seus últimos suspiros, dois funcionários contam que nos últimos tempos, principalmente nos finais de semana, o movimento de curiosos pela região tem sido grande.
“Toda semana vem gente. Pelo menos 100 pessoas (já foram visitar o local)”, conta ele, corroborando com o relato de um motorista do Uber, o qual contou à reportagem já ter levado pelo menos duas pessoas de fora de Curitiba para visitar o novo “ponto de peregrinação” da RMC.
“Sábado passado, por exemplo, veio até pessoal de fora e estudante de universidade fazer pesquisa”, segue o funcionário do pesque-pague, que pediu para não ser identificado. “Logo após o crime, vinha mais gente. Mas ainda aparece direto alguns aí perguntando onde foi encontrado o corpo do jogador.”
Os motivos podem ser variados, mas é principalmente a curiosidade que leva as pessoas a percorreram a distância para conhecer o local da morte do jogador. O fato é que o crime ganhou repercussão nacional, e assim, ganhou notoriedade e o interesse de pessoas desconhecidas.
Crime foi um dos que alcançou maior repercussão em 2018
Tamanha curiosidade não chega a ser surpresa. No Bem Paraná, uma das reportagens sobre o episódio (“Suspeito diz que Edison Brittes teria decidido matar jogador Daniel após mensagem no celular”) acabou alcançando o posto de matéria mais lida do ano passado. Já o portal G1 considerou o episódio como “um dos 15 crimes que abalaram o Brasil em 2018”.
Para além disso, há ainda o fato de a vítima ser um jogador de futebol, alvo de crueldade ímpar (foi quase degolado e teve o membro sexual mutilado) e a participação de mais pessoas no crime – o homicídio ocorreu na continuação do aniversário de Allana Brittes, que comemorava 18 anos.
O pai de Allana, Edison Brittes Jr., é o assassino confesso. Além dele, outros três rapazes são acusados de participação no crime, seja do espancamento de Daniel ou de ajudar na ocultação do cadáver.
Seis dos sete réus estão presos desde novembro, incluindo a esposa e a filha de Edison Brittes. Uma outra mulher acusada de falso testemunho e denunciação caluniosa, é a única que responde ao processo em liberdade.
A defesa da família Brittes insiste que o crime aconteceu porque Daniel tentou estuprar Cristina Brittes, a mulher de Edison, na mesma noite do crime. Fonte: Bem Paraná