O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), com o apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, desencadeou na manhã desta terça-feira a Operação Os Intocáveis, em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, e outras localidades da cidade, que prendeu ao menos cinco suspeitos de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Os presos são integrantes da milícia mais antiga e perigosa do estado.
Para a ação, que mobilizou cerca de 140 policiais, a Justiça expediu 13 mandados de prisão preventiva contra a organização criminosa. Os principais alvos da operação foram o major da Polícia Militar Ronald Paulo Alves Pereira, o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano Magalhães da Nóbrega, chefe da milícia de Rio das Pedras; e o subtenente reformado da PM Maurício Silvada Costa, o Maurição.
A operação é resultado de seis meses de investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e pela 23ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal.
MAJOR SERÁ JULGADO POR CHACINA
O major da Polícia Militar Ronald Paulo Alves Pereira, de 43 anos, preso na operação Os Intocáveis por suspeita de participação nas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, vai a júri em 10 abril deste ano. Ele é réu no processo que julga o caso que ficou conhecido como Chacina da Via Show.
Em 6 de dezembro de 2003, quatro jovens foram brutalmente assassinados na saída de uma festa. Renan Medina Paulino, de 13 anos, Rafael Medina Paulino, de 18, Bruno Muniz Paulino, de 20, e Geraldo Sant’Anna, de 21, teriam se envolvido numa confusão na casa noturna e acabaram sendo sequestrados por PMs que faziam a segurança do local.
Os jovens foram torturados e executados com pelo menos três tiros de fuzil na cabeça. Os corpos foram localizados num poço cheio de água e lama no meio de um matagal de uma antiga fazenda no distrito de Imbariê, em Duque de Caxias, também na Baixada.
Quatro policiais já foram condenados pelas mortes. Ronald também foi denunciado pelos homicídios, mas o processo contra ele foi suspenso pelo Tribunal de Justiça do Rio. Em agosto do ano passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) mandou que o processo fosse reaberto e, com isso, o PM acabará sentando no banco dos réus.