A Justiça de Guarapuava, no Centro-Sul do Paraná, marcou o julgamento de Luís Felipe Manvailer, que é acusado pela morte da advogada Tatiane Spitzner, para os dias 3 e 4 de dezembro. O crime ocorreu em julho de 2018 e ganhou intensa repercussão após a divulgação de imagens do prédio em que o casal morava. Por conta dessa repercussão, a defesa de Manvailer entrou com um pedido para que o júri não ocorra em Guarapuava.
De acordo com a acusação do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Manvailer promoveu uma série de agressões contra a vítima após uma discussão quando retornavam de uma casa noturna, tendo, ao final das discussões, lançado-a da sacada do apartamento onde residiam, no 4º andar. Consta da denúncia que, durante as agressões, o acusado “produziu lesões compatíveis com esganadura (…) praticando tal delito mediante asfixia”. Ele responde por feminicídio, qualificado por morte mediante asfixia e meio cruel, além de fraude processual.
Em julho deste ano, a juíza Paola Gonçalves Mancini de Lima, da 2ª Vara Criminal de Guarapuava, autorizou que a data para o julgamento pelo Tribunal do Júri fosse marcado. Anteriormente, a juíza havia absolvido Manvailer da acusação de crime de cárcere privado, pois segundo ela não existem provas suficientes para que ele responda por este crime. Em janeiro deste ano, o colegiado da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) decidiu de forma unânime afastar duas qualificadoras da acusação contra Manvailer. São elas, o motivo fútil e o recurso que dificultou a defesa da vítima.
MUDANÇA DE LOCAL. Por conta da repercussão do caso, a defesa de Manvailer pede que o júri não ocorra em Guarapuava. “Nós temos um clima ali, fustigado pelos familiares e principalmente por amigos e políticos locais, que fazem com que Guarapuava seja uma localidade absolutamente parcial, já dando como certo que Luís Felipe Manvailer assassinou Tatiane Spitzner, o que não é verdade. Nós não temos tranquilidade, sequer segurança para que o júri ocorra em Guarapuava. Para isso a lei autoriza que se faça o desaforamento e foi isso que a gente fez, para que o júri ocorra sem parcialidade”, disse o advogado Claudio Dalledone.
Segundo o defensor, a própria Prefeitura de Guarapuava teria feito um vídeo alegando que Manvailer é culpado pela morte, o que indicaria a parcialidade na cidade.
A defesa pede que a mudança ocorra para Foz do Iguaçu, já que entende que a capital Curitiba também não possui um clima propício para a ocorrência do júri.
Para o assistente de acusação Gustavo Scandelari, a solicitação não se justifica, uma vez que a causa ganhou ampla repercussão nacional e até internacional. No Facebook, por exemplo, a página Todos por Tatiane Spitzner, criada pela família, reúne mais de 44 mil pessoas, de diferentes regiões do país. “A própria defesa se contradiz quando afirma, no pedido, que também Curitiba seria uma cidade inadequada para a realização do Júri, por conta de manifestações que houve na capital. A defesa parece acreditar que pode ela mesma escolher o local do julgamento” – afirmou.
DEPOIMENTO DE RATINHO JUNIOR. Na semana passada, a defesa de Manvailer fez ainda um pedido para que o governador Ratinho Junior seja ouvido. Segundo Dalledone, o pedido tem como base a sanção do Dia de Combate ao Feminicídio, que levou o nome de Tatiane Spitzner, mesmo que o caso ainda não tenha sido julgado. (Fonte: bandab.com.br)