Uma jovem que estava em estado grave e corria risco de morte por covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, recebeu um transplante duplo de pulmões, no que é considerado o primeiro caso do tipo nos Estados Unidos durante a pandemia.
O transplante foi realizado na semana passada e anunciado nesta quinta-feira (11/6) pelo hospital Northwestern Memorial, parte da rede Northwestern Medicine, em Chicago.
O hospital não divulgou a identidade da paciente, descrita como “uma mulher de origem hispânica na casa dos 20 anos de idade” que teve os pulmões destruídos pela covid-19.
“Um transplante de pulmões era sua única chance de sobrevivência”, disse em entrevista coletiva o médico Ankit Bharat, chefe de cirurgia torácica e diretor cirúrgico do programa de transplantes de pulmões da Northwestern Medicine
Segundo Bharat, apesar das dificuldades técnicas do procedimento nesses pacientes, a cirurgia pode representar uma chance de sobrevivência para outros doentes com covid-19 em estado grave, que tenham danos pulmonares severos.
JOVEM SAUDÁVEL
Os médicos dizem que a paciente era uma jovem saudável quanto contraiu a covid-19. Mas, cerca de duas semanas após os sintomas iniciais, sua situação se deteriorou e ela teve de ser internada.
A jovem passou seis semanas na UTI especializada em covid-19 no hospital, ligada a um respirador e a uma máquina de oxigenação por membrana extracorpórea, chamada de ECMO, que atua como coração e pulmões artificiais, oxigenando e circulando o sangue, em casos em que os órgãos do paciente não são capazes de desempenhar essas funções.
“Durante muitos dias, ela era a pessoa mais doente na UTI e, possivelmente, no hospital inteiro”, ressalta a médica Beth Malsin, que integrou a equipe.
“Como uma mulher saudável na casa dos 20 anos chega a esse ponto? Ainda há tanto a aprender sobre a covid-19. Por que alguns casos são piores do que outros?”, questiona o diretor médico do programa, Rade Tomic, ao ressaltar que é o que os pesquisadores do hospital estão tentando descobrir.
Quando os testes comprovaram que seu organismo finalmente estava livre de coronavírus, os pulmões já apresentavam danos irreversíveis, e os médicos decidiram pelo transplante.
Seu quadro era tão grave que já havia sinais iniciais de comprometimento de outros órgãos, como coração e fígado.
A cirurgia foi realizada na última sexta-feira (05/06), dois dias depois de seu nome ter sido incluído na lista para transplantes.
Bharat afirma que, apesar de transplantes do tipo geralmente levarem cerca de sete horas, essa cirurgia teve duração de dez horas, devido à complexidade e ao estado dos pulmões da paciente, que apresentavam buracos “como um queijo suíço” e estavam colados aos tecidos e órgãos próximos.
Fonte: Época