Acompanhada do vice-governador Darci Piana e do secretário Norberto Ortigara, ministra esteve no Oeste, região mais afetada pela quebra de safra nas lavouras de soja, milho e feijão. Em todo o Estado, as perdas parciais chegam a 9,8 milhões de toneladas
Um relatório atualizado do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, estima prejuízo prévio de R$ 25,6 bilhões na safra de grãos do Paraná em 2021/22, em razão da estiagem que atinge o Estado de forma severa desde 2019. O novo levantamento foi entregue nesta quinta-feira (13) à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, que visitou o Oeste paranaense para acompanhar a situação dos produtores afetados pela crise hídrica.
Acompanhada do vice-governador Darci Piana e do secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, ela esteve na Fazenda Concórdia, em Lindoeste, e na sequência se reuniu com agricultores no Sindicato Rural de Cascavel. A propriedade tem mil hectares plantados de grãos e deve perder toda a primeira safra do milho e 70% da soja.
Durante a semana, a ministra também esteve em Santo Ângelo (RS) e Chapecó (SC), e deve ir ainda ao Mato Grosso do Sul. Os quatro estados são os que mais sofrem com a estiagem. “Viemos para conversar com os estados, com os produtores rurais, para ter uma avaliação mais precisa, para saber as ações que podemos tomar no governo federal para dar resposta a essas perdas”, afirmou Tereza Cristina.
“Temos as mais variadas situações, com problemas de abastecimento humano em alguns locais e de irrigação em outros nessa faixa que vai do Rio Grande do Sul ao Mato Grosso do Sul”, disse. “Ainda não temos uma estimativa fechada das perdas nesses estados e como ela vai se refletir na safra do País. O Paraná é o mais impactado, porque a estiagem chega a regiões que nunca sofreram com isso antes. O Estado tinha perdas mais pontuais e o que vemos agora é uma situação mais generalizada”.
Com o diagnóstico mais preciso dos estados, o Ministério da Agricultura vai avaliar as medidas que devem ser tomadas junto aos produtores rurais. A primeira delas seria agilizar a liberação das áreas para o plantio da safrinha, que poderia mitigar as perdas dessa primeira etapa.
Outras iniciativas seriam a liberação de crédito para custear as novas lavouras e dar mais celeridade para o pagamento do seguro rural. “Estão comigo não só o time do Ministério da Agricultura, como também a Conab, a Embrapa, o Banco Central e o Banco do Brasil. Trouxemos os técnicos para fazer essa avaliação, chegar em Brasília e encaminhar as ações que podem ser tomadas. Não há um modelo pronto do que o governo federal possa fazer, mas temos que dar agilidade para as medidas que já são previstas para a área”, afirmou a ministra.
O vice-governador ressaltou que é necessário agilidade para não deixar os agricultores na mão. O Estado já decretou situação de emergência hídrica, o que permite que os agricultores negociem com os fornecedores, seguradoras e instituições financeiras. No final do ano passado, o Estado também entregou caminhões-pipa aos municípios para ajudar no fornecimento de água e irrigação das lavouras, além de contar com programas para a proteção de nascentes e microbacias.
“A perda na agricultura reflete em outros setores, no comércio, na indústria, no transporte. Por isso é fundamental que o governo federal tome conhecimento daquilo que está acontecendo no Estado, para poder tomar medidas de forma rápida e de forma conjunta”, disse Piana. “O plantio da próxima safra está aí e é preciso regularizar a questão do seguro e dos financiamentos para dar continuidade à atividade agrícola”.
QUEBRA DE SAFRA. A região Oeste é a mais atingida pela quebra de safra no Paraná, com redução prevista de 71% na colheita de soja, de 65% na de milho e de 60% na primeira safra de feijão, podendo somar R$ 8,1 bilhões de prejuízo. A queda, porém, abrange todas as regiões (veja AQUI ), com perda média estimada de 39% na lavoura de soja, 36% no milho e 30% no feijão.
A cultura de soja, que tem a maior área plantada do Estado, é a que deve amargar os maiores prejuízos. Com produção inicial prevista em cerca de 21 milhões de toneladas, os números parciais do Deral mostram que a colheita não deve passar de 12,8 milhões de toneladas. São quase 8,2 milhões de toneladas a menos, fazendo com que os produtores deixem de receber R$ 23 bilhões.
Na produção de milho, das 4,3 milhões de toneladas inicialmente previstas, aproximadamente 2,7 milhões de toneladas devem ser colhidas – redução de 1,5 milhão de toneladas e prejuízo de R$ 2,2 bilhões. Já a lavoura de feijão, cuja estimativa inicial era de 275,8 mil toneladas, deve ter redução de 83,9 mil toneladas e passar para 191,9 mil de toneladas, perdendo R$ 361,8 milhões.
Este novo relatório do Deral é ainda mais pessimista que o divulgado na semana passada, que previa prejuízo de R$ 24 bilhões na safra estadual. Se a tendência prosseguir, as perdas podem ser ainda maiores, avalia Ortigara.
“Plantas que ainda poderiam crescer, florescer, segurar carga e não abortar flor dependem muito da chuva, o que ainda não está acontecendo, somente de forma muito esparsa”, disse o secretário. “O quadro continua piorando em várias frentes, mesmo porque as plantas têm um ciclo natural e sem água a situação pode piorar. O quadro de hoje é grave, podendo evoluir para uma situação de piora”.
Fonte: Agência de Notícias do Estado